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FUNCIONÁRIOS REVOLTADOS

RedeTV! prorroga redução salarial, e jornalistas denunciam coação

REPRODUÇÃO/REDETV!

Gabriela Di França e Mauro Tagliaferri no encerramento do RedeTV! News

Redação de Jornalismo no encerramento do RedeTV! News; profissionais irritados com cortes

VINÍCIUS ANDRADE

vinicius@noticiasdatv.com

Publicado em 16/10/2020 - 17h27

A RedeTV! enviou e-mails para os funcionários nesta sexta-feira (16) com a minuta de um "acordo" para uma nova prorrogação na redução de 25% dos salários em mais 60 dias, totalizando oito meses de corte. Incomodados com a situação, os jornalistas da emissora fizeram uma carta e denunciaram que são coagidos a concordarem com a medida, sob pena de demissão.

Em nota enviada ao Notícias da TV, a RedeTV! alega que a redução está dentro de uma possibilidade oferecida pelo Governo Federal por conta da crise causada pela pandemia. "Qualquer interpretação diferente dessa é apenas uso político pelo sindicato de uma realidade que atinge o país e o mundo", justifica a emissora.

Em uma assembleia realizada na última quarta (14), os profissionais do Jornalismo da RedeTV! decidiram que não vão assinar os novos contratos de redução de vencimentos e jornada de trabalho.

"É importante frisar e denunciar que nós temos nos sentido coagidos a assinar esses aditivos contratuais sob ameaça e aceno de que quem não o fizer será demitido. Não podemos aceitar mais esse corte nos vencimentos sob pena de passarmos quase o ano inteiro com rendimentos reduzidos e, o que é pior, corrermos o risco de terminar 2020 com o 13º bem menor", diz a carta aberta, antecipada pelo site TV História, a qual a reportagem também teve acesso.

"Se aceitarmos mais essa redução, ao final de 2020, a RedeTV! terá deixado de pagar R$ 6.860,16 para cada um dos jornalistas que ganha em média, com as duas horas extras, o piso de R$ 3.375,59 por mês, mas passa a receber R$ 2.613,35 durante oito meses de redução, com mais um décimo terceiro também menor. Esse número será maior apenas para quem ganha acima do piso", ressaltam os jornalistas.

O Sindicato dos Jornalistas do Estado de São Paulo, que já havia reclamado dessa situação em agosto, quando os funcionários tiveram que assinar um acordo prorrogando até outubro a medida, voltou a condenar a atitude da emissora.

A reclamação é de que a RedeTV! é a única grande rede de televisão que continua prorrogando nacionalmente o corte de 25% dos salários e da jornada de trabalho, como uma tentativa de "aumentar ainda mais os rendimentos".

Para o sindicato e na carta assinada pelos jornalistas, não há motivo para o corte salarial dos funcionários na RedeTV! continuar, visto que a emissora está investindo. Como exemplos, são citadas a contratação de Luís Ernesto Lacombe, a renovação de Sikêra Júnior e os acordos de patrocínios.

Na quinta (15), os apresentadores do Alerta Nacional e do Opinião no Ar viajaram com o sócio da RedeTV!, Marcelo de Carvalho, para visitar uma das lojas da Havan na companhia do empresário Luciano Hang, um dos principais patrocinadores da emissora.

Lacombe, Marcelo de Carvalho, Luciano Hang e Sikêra Jr. se encontraram ontem (15) / (Reprodução/Instagram) 

"Nós, jornalistas da RedeTV!, frequentemente lutamos para manter a nossa função social de garantir informação à população brasileira, e muitas vezes nos desdobramos, com a situação no limite do caos e da falta de infraestrutura, com falta de equipamentos, jornadas reduzidas e equipes muito menores, para informar a população durante a pandemia", explicam os profissionais.

No documento de redução assinado pelos funcionários, consta que o corte "decorre de expressa manifestação de vontade do empregado". A Medida Provisória 936 autorizou que as empresas cortassem 25% dos salários de funcionários, como forma de reduzir as perdas e as demissões durante a quarentena causada pela pandemia do novo coronavírus.

Para quem recebe até três salários mínimos, a renda foi preservada, com parte do rendimento pago pela empresa e o complemento bancado pelo governo.

"Muitos de nós profissionais, já no vermelho pelos cortes anteriores nos salários, ficaremos ainda mais endividados com as reduções agora de novembro, dezembro e, eventualmente, do décimo terceiro. Aumentará a dificuldade para comprar alimentos, roupas, medicamentos aos filhos, esposas, maridos ou mesmo pais", escreveram os jornalistas.

Leia o posicionamento completo da RedeTV! sobre as acusações: "O setor de radiodifusão e a publicidade são dos mais impactados pela pandemia. O Governo Federal estabelece a possibilidade de implementação de uma redução de 25% na jornada de trabalho, com a complementação do benefício emergencial que será calculado utilizando o valor do seguro desemprego."


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