CASO GÉRSON DE SOUZA
Reprodução/TV Record
O jornalista Gérson de Souza em reportagem para o Domingo Espetacular, em janeiro de 2019
No final de maio de 2019, mais de uma dezena de mulheres procurou o departamento de Recursos Humanos da Record, em São Paulo, para denunciar que era vítima ou testemunha de assédio sexual por parte do repórter Gérson de Souza, um dos principais nomes do Jornalismo da emissora. Um ano depois, o caso segue sem solução, ainda "em investigação" pela Polícia Civil, e ambos os lados se dizem vítimas.
Afastado do trabalho desde então, mas recebendo seu salário integralmente, Gérson de Souza se diz vítima de "relatos inverossímeis" que devastaram sua vida, arruinando uma carreira de mais de 40 anos e sua imagem de pai de família.
Contra ele, até agora a polícia não encontrou nenhuma prova material. Há testemunhas contra Souza, mas também há aquelas que o inocentam (todas do sexo masculino, ressaltam as vítimas).
As cinco mulheres que tiveram coragem de denunciá-lo à polícia também contabilizam prejuízos. Alvos de comentários maldosos e olhares feios de colegas, todas tiveram que deixar o Domingo Espetacular. Algumas enfrentaram crises familiares e problemas de saúde. Uma delas foi demitida em março, envolvida em denúncias de racismo na Record de Brasília, para onde tinha sido transferida.
À polícia e ao RH da Record, as profissionais contaram que Souza as importunava no ambiente de trabalho com beijos roubados, palavras obscenas e expressões do tipo "você é muito gostosa". Algumas teriam sido tocadas nos seios e na cintura. O típico comportamento de macho escroto nunca teria ido às vias de fato. Ele foi denunciado porque uma jornalista não gostou de ter sido surpreendida por trás, enquanto trabavalha em sua mesa, com um beijo na boca. "Foi nojento", contou na época.
Gérson de Souza sempre negou as acusações. Disse que era "revanchismo" de uma das vítimas. O caso foi investigado por um delegado do 23º Distrito Policial, em Perdizes, São Paulo, sob segredo de Justiça.
Em nota ao Notícias da TV (leia na íntegra no final deste texto), o advogado do jornalista disse que, "após um ano de investigação, toda a controvérsia se mostrou inverídica" e que, "ao final, a autoridade policial elaborou relatório em que destacou expressamente a ausência de elementos de qualquer crime". Ele aguarda "a manifestação do Ministério Público pelo arquivamento do inquérito policial".
De fato, a polícia não encontrou nas câmeras de segurança da Record imagens que comprometessem Souza, mas o inquérito policial ainda não foi concluído --e isso não quer dizer que ele é inocente, até porque não havia câmeras na Redação do Domingo Espetacular. Em dezembro, o Ministério Público devolveu o inquérito à polícia. A promotora Maria do Carmo Galvão de Barros Toscano pediu novas diligências, ou seja, mais investigações. Pouca coisa mudou depois disso.
A advogada das mulheres, Daniela Galvão, não quis comentar o assunto, arguindo o sigilo de Justiça. "As vítimas estão esperando o encerramento das investigações", se limitou a dizer.
Já o advogado Leonardo Magalhães Avelar, defensor de Gérson de Souza, emitiu a seguinte nota:
"No ano passado Gérson foi surpreendido por relatos inverossímeis sobre sua conduta e caráter no âmbito de seu trabalho.
À época, testemunhas esclareceram que Gérson sempre foi respeitoso e se portou de maneira adequada com suas colegas de trabalho, durante seus 40 anos de carreira.
Após um ano de investigação, toda a controvérsia se mostrou inverídica. A investigação conduzida pela delegacia demonstrou a injustiça contra um profissional ilibado e reuniu diversos colegas que comprovaram o profundo respeito de Gerson pelas mulheres e pelo ambiente de trabalho.
Ao final, a autoridade policial elaborou relatório em que destacou expressamente a ausência de elementos de qualquer crime.
Desta forma, apenas se aguarda a manifestação do Ministério Público pelo arquivamento do inquérito policial."
A Record e a Secretaria de Segurança Pública do Estado de São Paulo não se manifestaram até a publicação deste texto.
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