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POLÍTICA

Genro de Silvio Santos costura pacificação de Bolsonaro e Globo

Marcelo Camargo/Agência Brasil

O ministro das Comunicações, Fábio Faria, em entrevista ao programa de rádio A Voz do Brasil

Fábio Faria em entrevista ao programa A Voz do Brasil; ministro pode ser "ponte" entre Globo e Bolsonaro

DANIEL CASTRO

dcastro@noticiasdatv.com

Publicado em 3/8/2020 - 7h15

Ministro das Comunicações há menos de dois meses, Fábio Faria (PSD-RN), 42 anos, está articulando uma aproximação entre o presidente Jair Bolsonaro e a família Marinho, dona da TV Globo. Faria se encontrou reservadamente há dez dias com João Roberto Marinho, vice-presidente do Grupo Globo. Segundo fontes em Brasília, a conversa foi além das pautas do setor de radiodifusão e teve um tom de aproximação e pacificação.

Na semana passada, a nomeação de Maximiliano Martinhão para a secretaria de Radiodifusão foi vista como atendimento a uma demanda da Globo. Martinhão é funcionário público de carreira da Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) e foi secretário de Telecomunicações no governo Dilma Rousseff (PT).

Executivos da Globo negam que a nomeação tenha sido discutida no encontro entre João Roberto Marinho e Fábio Faria, mas a aprovam. Martinhão é um "técnico" que conhece as dores do setor. Sua indicação foi bancada pelo ex-ministro Gilberto Kassab, também do PSD.

O setor de radiodifusão espera de Martinhão e Fábio Faria mudanças na legislação que promovam isonomia na disputa de mercado, sobretudo com as empresas de internet, como Netflix, Amazon e Spotify, que levam vantagem fiscal (pagam menos impostos).

Mas a principal bandeira dos donos de veículos de comunicação tradicionais no país agora é a abertura do setor ao capital estrangeiro, como o Notícias da TV antecipou há duas semanas. Hoje, o investimento estrangeiro é limitado a 30% do capital das empresas de radiodifusão, jornais e revistas.

Bolsonaro, Fábio Faria e Silvio Santos em visita do presidente ao apresentador (Reprodução/Facebook)

A Globo defende a iniciativa do deputado Eli Corrêa Filho de apresentar ao Congresso um proposta de emenda à Constituição permitindo até 100% de capital estrangeiro na TV. SBT, Band e RedeTV! também querem a mudança na legislação.

Outros assuntos "sensíveis" à Globo, e que dependem de bom relacionamento com o governo, são o leilão das frequências de 5G (porque têm consequências sobre as antenas parabólicas) e a medida provisória 984, que deu aos clubes de futebol mandantes o direito sobre as transmissões de seus jogos, o que gerou uma crise entre a emissora e o Flamengo. A MP, sem aprovação no Congresso, tende a caducar. Também está no radar da emissora a renovação de suas concessões, em 2022, ameaçada por Bolsonaro.

Casado com a apresentadora Patrícia Abravanel, filha de Silvio Santos, Fábio Faria é bem visto por todas as emissoras de TV até agora. Ele tem demonstrado intenção de levar adiante as reivindicações do setor, o que agrada à Globo. E está reestruturando o ministério das Comunicações com nomes considerados técnicos, o que também satisfaz à Globo. Desde a posse, seu discurso é o de pacificação entre o governo e os meios de comunicação.

Segundo fonte no governo Bolsonaro, Faria "nada de braçada" na articulação política. É amigo de Rodrigo Maia, presidente da Câmara, e tende a ganhar espaço no governo se conseguir melhorar o relacionamento com as emissoras de TV. Ele conheceu o presidente em suas visitas ao SBT e Silvio Santos.

Apesar da proximidade com o SBT, Faria é visto pela Globo como um político, e não como especialista em comunicações, que pode fazer essa "ponte" entre a emissora e o governo.


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