NOVOS TEMPOS
Fotos: Divulgação/TV Globo
Benedito Ruy Barbosa, Walther Negrão e Aguinaldo Silva: a Globo não renova contrato se não tiver novela nova
A demissão do escritor Aguinaldo Silva, anunciada nos primeiros dias deste ano, marca uma nova realidade na Globo: a emissora, que nos últimos anos promoveu um lançamento recorde de novos autores, não irá mais manter profissionais veteranos ganhando altos salários sem produzir nada.
Depois de Silva, 76 anos, criador de grandes sucessos como Tieta (1989) e Senhora do Destino (2005), a Globo irá se despedir de outro gigante da teledramaturgia nacional: Benedito Ruy Barbosa, 88, cujo último trabalho foi a tumultuada Velho Chico, em 2016.
O contrato de Barbosa venceu no final do ano e não foi renovado, segundo fontes bem posicionadas na emissora. O próprio autor declarou à jornalista Patrícia Kogut, de O Globo, que iria se aposentar no final do ano passado, após ver projetos serem rejeitados por Silvio de Abreu, diretor de Teledramaturgia. A Globo, no entanto, diz que "as negociações [com Barbosa] ainda estão em aberto".
Autor de sagas ambientadas no universo rural brasileiro, Barbosa trabalhou durante quase 40 anos para a emissora, em três passagens, a primeira em 1976 e a última de 1993 até 2019. Nesse período, emplacou produções memoráveis, entre elas Cabocla (1979), O Rei do Gado (1996) e Terra Nostra (1999).
Destino semelhante, ou seja, a aposentadoria, devem ter Walther Negrão, 78, e Manoel Carlos, 86, inativos há vários anos. A última novela de Negrão, Sol Nascente (2016), só chegou ao final graças aos coautores Júlio Fischer e Suzana Pires. Com a saúde frágil, ele só escreveu 24 capítulos. Manoel Carlos não aparece na escala de autores da emissora desde 2014, quando acabou Em Família.
Se os dois não apresentarem novos projetos, não terão seus contratos renovados. Mesmo risco não correm Gloria Perez, 71, que prepara uma novela das 21h, e Gilberto Braga, 74, que está trabalhando em uma nova produção das 18h, Feira das Vaidades, em parceria com Denise Bandeira. Eles são os últimos veteranos do horário nobre em plena atividade.
O afastamento de profissionais que sedimentaram o gênero telenovela no país só se tornou possível graças ao trabalho de Silvio de Abreu. Antes de ocupar o cargo, ele lançou João Emanuel Carneiro, Maria Adelaide Amaral e Daniel Ortiz, entre outros. Na cúpula da emissora desde 2014, Abreu deu oportunidade a mais 17 novos autores desde então.
Entre as apostas do diretor estão os atuais autores das novelas das seis (Angela Chaves), das sete (Paulo Halm e Rosane Svartman) e das nove (Manuela Dias) --que até então só tinha escrito séries e minisséries. A lista ainda conta com Maria Helena Nascimento, Claudia Souto, Alessandro Marson, Thereza Falcão e Alessandra Poggi.
Neto de Benedito Ruy Barbosa, Bruno Luperi também faz parte do time da renovação. Ele assinou contrato com a emissora recentemente para escrever Arroz de Palma, que deverá ser exibida na faixa das 18h em 2021.
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