TV EM CRISE
Reprodução/Record
O bispo Edir Macedo, dono da Record, em entrevista ao Domingo Espetacular em julho do ano passado
Esta será uma semana difícil para quem trabalha na Record. Os principais executivos da emissora foram avisados na semana passada de que terão de fazer cortes em suas equipes, com forte impacto nos orçamentos. Todas as áreas serão afetadas, inclusive afiliadas, mas principalmente o Jornalismo, onde estão os maiores salários.
O passaralho é uma resposta ao mau momento pelo qual passa a emissora, com queda nas vendas de publicidade e aumento dos custos de produção. No ano passado, a Record registrou um prejuízo de R$ 517 milhões, um recorde histórico.
O mercado de mídia como um todo passa pela pior crise dos últimos oito anos, e as emissoras de TV têm sido as mais prejudicadas. Estão perdendo anunciantes para multinacionais que investem apenas em tecnologia e exploram a produção de conteúdo de terceiros. Nas últimas semanas, Band e Gazeta passaram por fortes ajustes internos.
A Record fez cortes pontuais ao longo do primeiro semestre, como o do apresentador Geraldo Luís, que tinha contrato até setembro. Nas últimas semanas, ocorreram várias demissões na área de Jornalismo no Rio de Janeiro. Dos novos desligamentos, somente a área de Teledramaturgia será poupada, porque já foi totalmente terceirizada e está sob o controle da Igreja Universal do Reino de Deus.
Conforme antecipou o jornalista Sandro Nascimento, do NaTelinha, a Record registrou um prejuízo de mais de meio bilhão de reais em 2022, depois de três anos de lucros consecutivos (2019, 2020 e 2021).
A maior parte do prejuízo da Record, no entanto, não foi causado por ela, mas pelo banco Digimais (ex-Renner), que passou a ser controlado pelo bispo Edir Macedo, dono da Record, em 2020.
No ano passado, o Digimais teve um prejuízo de R$ 323 milhões. Como a Record é controladora do banco, absorve esse resultado em seu balanço. Sem o desempenho negativo do Digimais e de outras empresas controladas pela Record, o prejuízo da emissora seria de "apenas" R$ 188 milhões.
O balanço da Record mostra que a emissora aumentou suas receitas com publicidade em apenas R$ 6 milhões em 2022 (de R$ 2,008 bilhões para R$ 2,014 bilhões). Mas os custos com operações, produções, vendas e administração, mais a equivalência financeira (ou seja, os prejuízos do Digimais e outras empresas controladas), subiram 39%, de R$ 1,842 bilhão para R$ 2,568 bilhões.
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