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LUTO

Morre aos 83 anos o cineasta José Mojica Marins, o Zé do Caixão

REPRODUÇÃO/RECORD

José Mojica Marins vestido como Zé do Caixão

José Mojica Marins vestido como Zé do Caixão, seu personagem mais famoso no cinema brasileiro

REDAÇÃO

Publicado em 19/2/2020 - 17h52

Morreu na manhã desta quarta-feira (19), aos 83 anos, o cineasta José Mojica Marins, conhecido pelo personagem Zé do Caixão. Ele estava internado no hospital Sancta Maggiore, em São Paulo, onde tratava de uma broncopneumonia. As informações foram confirmadas ao Notícas da TV por Nilcemar Marins, filha de Mojica.

Crounel Marins, primogênito do cineasta, está a caminho do Brasil para se encarregar de toda a documentação e a organização do enterro do corpo do pai, que será realizado nesta sexta-feira (21). O local do sepultamento ainda não foi definido.

Por conta de problemas de saúde, Marins havia se isolado do público nos últimos anos, e fez uma rara aparição na TV em 2019, no Domingo Show, da Record. Na ocasião, sua filha Liz Marins, a Liz Vamp, relembrou os sustos que o pai lhe deu ao ter um infarto na sua frente. "Filme de terror perde", resumiu ela.

José Mojica Marins nasceu em 13 de março de 1936, em São Paulo, e seu interesse pela sétima arte surgiu cedo, após passar parte do tempo livre no cinema local que seu pai ajudava a administrar. Apaixonado, é considerado o maior diretor independente do audiovisual brasileiro.

Alvo de piadas da crítica no início de sua carreira, por conta de seus filmes de baixo orçamento, com roteiro e qualidade de atuação duvidosos, o diretor ganhou respeito após ser aclamado internacionalmente, e assumiu uma aura cult, sem nunca deixar de lado os métodos de guerrilha da produção independente.

Quando José assumiu o papel de Zé do Caixão no filme À Meia-Noite Levarei Sua Alma (1963), o personagem rapidamente se tornou sua marca registrada. Ao longo dos filmes em que apareceu, o agente funerário sádico buscava uma mulher perfeita para gerar um herdeiro sem nenhum defeito. Qualquer uma que não cumprisse os requisitos era torturada e morta --assim como quem tentasse atrapalhá-lo.

O visual do coveiro incluía uma cartola preta, terno e capa, além das unhas muito compridas, que também viraram uma característica do cineasta. A voz empostada, porém, não era de Marins, que foi dublado nos longas porque acreditava que seu timbre não era assustador o suficiente para fazer jus ao personagem.

Zé do Caixão também apresentou vários programas de TV, como Cine Trash, da Band, e O Estranho Mundo de Zé do Caixão, do Canal Brasil. Seu último longa foi Encarnação do Demônio (2008), filme de orçamento milionário que encerrou uma trilogia iniciada nos anos 1960, com os longas À Meia-Noite Levarei Sua Alma e Esta Noite Encarnarei no Teu Cadáver (1967).

Em 2015, a vida do cineasta virou série do Space, com Matheus Nachtergaele no papel principal. Cada um dos episódios narrava os bastidores de um longa marcante do diretor, com direito a histórias curiosas --dono de métodos nada tradicionais, como bater em suas atrizes, ele mesmo se denunciava à polícia para ser preso. Era uma forma de manter seu nome em evidência e ganhar publicidade gratuita.

Em outro momento, após ter censurado o longa O Ritual dos Sádicos (também conhecido como O Despertar da Besta, de 1970), ele foi à ruína financeira e teve de apelar para pagar as contas e continuar na ativa. Decidiu cortar as famosas unhas compridas no programa de Gugu Liberato (1959-2019) em troca de dinheiro.

Além dos filmes de terror, Mojica Marins também filmou faroeste e até sexo explícito. Foi responsável inclusive pela primeira cena de zoofilia do cinema brasileiro, no controverso 24 Horas de Sexo (1985).

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