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Luka Ribeiro

Ator diz que pessoas têm vergonha de chamá-lo de negro: 'Como se fosse ofensa'

Blad Meneghel/RecordTV

O ator Luka Ribeiro caracterizado como Shabaka, seu personagem na novela Jesus, da Record - Blad Meneghel/RecordTV

O ator Luka Ribeiro caracterizado como Shabaka, seu personagem na novela Jesus, da Record

FERNANDA LOPES

Publicado em 10/8/2018 - 5h42

Luka Ribeiro é um dos poucos negros do elenco de Jesus, novela da Record, mas lamenta que muita gente ainda tenha receio de considerá-lo negro, porque ele tem a pele mais clara e cabelo menos crespos. Aos 47 anos, o ex-A Fazenda vive um treinador de gladiadores na trama bíblica e se orgulha da (ainda pouca) representatividade que consegue ter.

"No Brasil existe preconceito, nos chamar de negros é como se fosse uma ofensa. Então muita gente fala que sou moreno, não sou negro, porque meu cabelo não é tão crespo, traços são mais finos. 'Você é no máximo mulato', dizem. Mas acho que não, a gente precisa assumir as nossas raízes, da onde a gente vem. Obviamente tem as pessoas com peles mais escuras e mais claras, mas não deixam de ser negras", opina.

"Pra mim é motivo de orgulho poder representar a nossa raça com personagens relevantes. A gente não é só servo, empregado. As emissoras precisam entender que o público quer ligar a TV e se identificar com aquilo que está assistindo. A gente ainda não tem o espaço merecido, mas acho que já foi muito pior. Há 20 anos, só tinha [negros como] empregadas, presidiários, bandidos. Agora a gente começa a ver um caminho, uma luz no fim do túnel", afirma o ator.

Na novela bíblica, Ribeiro vive Shabaka, um homem de origem núbia que é treinador de gladiadores e tem uma filha adotada, Susana (Barbara Reis). Caracterizado como um "ogro egípcio", o personagem é um marco na trajetória Ribeiro. Ele diz que é a primeira vez que interpreta um homem maduro, condizente com sua idade.

"Sempre estive com personagens mais jovens, garotões, sem camisa. Mas o tempo passa pra todos nós. Eu sentia muita falta de poder fazer par romântico com mulheres mais velhas, fazer chefe de família, estar inserido na trama adulta. Acho que Jesus quebrou essa barreira. Apareço com barba e cabelos grisalhos, pai uma filha adulta. O público que me acompanhou no passado e me viu na revista Capricho também envelheceu. Espero que esse público me acompanhe agora", brinca.

Para interpretar o papel, Ribeiro tem feito aulas de equitação, luta e espadas. Essas habilidades serão exploradas ao longo da trama, e o ator também revela que seu personagem terá um "encontro transformador" com Jesus. Ribeiro acredita que, por essas razões, esse é o trabalho mais importante de sua carreira.

"A preparação do personagem [com as aulas] foi extensa e desgastante, me tira muito da zona de conforto. É um desafio muito grande, as dificuldades são muitas, mas eu espero realmente conseguir dar conta e que o trabalho no ar seja convincente", torce.

reprodução/record

Luka Ribeiro ficou em terceiro lugar na oitava temporada de A Fazenda, exibida em 2015

Com 22 anos de carreira na TV e participações em novelas como Salsa e Merengue (1996), Meu Bem Querer (1998) e Sol Nascente (2016), Ribeiro teve outro grande momento fora de sua zona de conforto em 2015. Ele foi um dos participantes de A Fazenda 8 e chegou até a final, mas não gosta de ser chamado de ex-fazendeiro.

"Entrei como ator e saí como ator, diferentemente de algumas pessoas que eram desconhecidas, entraram no programa, saíram e continuaram desconhecidas. Essas pessoas de fato são ex-Fazenda, não eram nada nem para trás, nem foram para frente", alfineta.

Ribeiro ficou em terceiro lugar, com apenas 0,5% dos votos do público para ganhar o programa. Ele admite que seu perfil contido e de jogador causou rejeição, mas não se arrepende de ter o reality em seu currículo.

"Mantive uma conduta considerada como de jogador, estrategista, calculista, e isso não me incomoda. Antes de entrar, cheguei a declarar que tinha preconceito com as pessoas que faziam reality shows, e hoje eu reconheço o valor dessas pessoas, entendo o que se passa lá dentro. É privação, pressão emocional, física, mental. Mas não é ruim, me conheci muito mais espiritualmente em A Fazenda. Não imaginava chegar tão longe", conta.

Após o reality, Ribeiro emagreceu 12 quilos e mantém dieta e estilo de vida agitado. Ele também é cantor e tem uma banda, Luka e os Caras. Pretende conciliar o trabalho na Record com os shows do grupo.

"A gente faz shows levando os principais hits do rock anos 80 em bares, casas noturnas, eventos corporativos, festas universitárias, casamentos. Quero continuar com as apresentações, estar no palco, sentir calor humano do público", diz.

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