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Fim dos canais Esporte Interativo aumenta bagunça nas transmissões do Brasileirão

DIVULGAÇÃO/PALMEIRAS

Lucas Lima em partida do Palmeiras: maior parte dos jogos do clube correm risco de ficar fora da TV - DIVULGAÇÃO/PALMEIRAS

Lucas Lima em partida do Palmeiras: maior parte dos jogos do clube correm risco de ficar fora da TV

GABRIEL SOUZA e JOÃO DA PAZ

Publicado em 9/8/2018 - 16h07

A Turner anunciou nesta quinta-feira (9) o fim dos canais Esporte Interativo. Mesmo com investimentos milionários em direitos de eventos como a primeira divisão do Campeonato Brasileiro e a Liga dos Campeões da Uefa, os três canais da marca nunca conseguiram ser lucrativos e competitivos diante de seus principais concorrentes. Com a extinção, ficou ainda mais confusa a transmissão de jogos do Brasileirão de 2019 e 2020 na TV paga.

Palmeiras, Santos, Internacional, Bahia, Atlético-PR, Ceará e Paraná, todos na Série A do Brasileirão, assinaram contrato com a Turner, vendendo-lhe os direitos de TV por assinatura. Clássicos como Grêmio x Internacional e Corinthians x Palmeiras agora, mais do que nunca, correm o risco de ficar fora da TV paga nos próximos dois anos.

O artigo 42 da Lei Pelé determina que uma partida só pode ser transmitida se ambos os times tiverem contrato firmado com o mesmo canal. Ou seja, para a exibição de derby paulistano ou porto-alegrense, é necessária uma negociação entre a Turner e a Globo, que detém os direitos dos demais times da Série A, como Corinthians e Grêmio, para a TV por assinatura.

Com o fim dos Esporte Interativo, a Turner passará a transmitir eventos esportivos que detém nos canais TNT, de filmes, e Space, de séries e filmes de ação.

Até 2018, o fã do Campeonato Brasileiro tenha apenas três referências para ver jogos na TV: Globo (e Band até 2015), Sportv e canais Premiere (pay-per-view). A partir do ano que vem, ele terá que descobrir se a partida que quer assistir vai passar também no TNT ou no Space. Isso se houver acordo entre Globo e Turner para o compartilhamento de jogos.

DIVULGAÇÃO/ESPORTE INTERATIVO

Principal voz do Esporte Interativo, André Henning permanece nas transmissões da Turner

Sem acordo, os jogos não poderão ser exibidos nem pelo Sportv, nem pelos canais da Turner. O torcedor dos times envolvidos no conflito entre os dois grupos terá que pagar um valor extra (pay-per-view) ou se contentar em ver lances dos jogos em programas de análise esportiva, após o término das partidas.

Há risco ainda de as próximas edições do Brasileirão micarem até na TV aberta. Palmeiras, Atlético-PR e Bahia ainda negociam com a Globo.

O melhor dos cenários levará o fã de eventos esportivos, como o próprio Brasileirão e a Liga dos Campeões da UEFA, de volta para 2016. No primeiro ano em que a Turner foi detentora dos direitos da competição europeia, o maior torneio interclubes do mundo, teve que recorrer ao TNT e Space para transmitir os jogos, já que o Esporte Interativo ainda não era oferecido pela Net/Claro e Sky, que, juntas, detém 80% do mercado de assinantes de TV paga.

Plataforma digital dos canais Esporte Interativo, EI Plus não exibe mais conteúdos (foto: Reprodução)

A Turner, a partir de agora, investirá na marca Esporte Interativo como produtora de conteúdos digitais, através da plataforma de streaming sob demanda EI Plus, e das redes sociais, onde tem mais alcance que Sportv e Fox Sports. No Facebook, tem 16 milhões de curtidas, contra 9 milhões do Sportv, canal do Grupo Globo. As transmissões da Champions League no Facebook, que comprou os direitos para as próximas temporadas, deverão ser feitas pelos profissionais que faziam parte dos canais extintos na manhã desta quinta-feira.

Os canais Esporte Interativo 1 e Esporte Interativo 2 tiveram suas programações inéditas suspensas já na manhã de hoje (9). Foram substituídas por um loop de reapresentações de programas antigos, que também está sendo exibido no Esporte Interativo BR, emissora aberta em quatro estados brasileiros (São Paulo, Espírito Santo, Maranhão e Mato Grosso). Saem do ar definitivamente em 40 dias.

Estima-se que, dos 300 funcionários dos canais esportivos, restarão apenas 120.

E agora?
A extinção do Esporte Interativo como produtor de canais de conteúdo 24 horas acontece um ano e meio após Whit Richardson, presidente da Turner, classificar o fim de seus canais como "um boato estúpido".

A Turner adquiriu o Esporte Interativo em 2015 por cerca de R$ 480 milhões. Desde então, fez investimentos na parte técnica dos canais, nas transmissões, em contratações e na compra de direitos esportivos.

Antônio Barreto, gerente geral da Turner para o Brasil, minimiza o impacto do fim dos canais Esporte Interativo. Alega que os eventos do canal serão absorvidos por TNT e Space, que tem uma base maior de anunciantes _14 milhões e 12 milhões, respectivamente. Ele culpa a crise no mercado de TV paga.

"Infelizmente, o mercado brasileiro de TV por assinatura tem perdido base nos últimos três anos e os sinais de recuperação ainda são timídos. Some-se a isso o elevado custo dos direitos esportivos e a forte retração do mercado publicitário. Pretendemos fortalecer o EI Plus e o digital, que são o DNA do Esporte Interativo", disse o executivo ao portal Tela Viva.

reprodução/tnt

Shaquille O'Neal, Ernie Johnson Jr., Kenny Smith e Charles Barkely cobrem a NBA para a TNT 

Modelo americano
Nos Estados Unidos, a Turner Sports, divisão esportiva do grupo Turner, não tem um canal exclusivamente esportivo. Mas ela participa ativamente na aquisição de campeonatos, que são exibidos na TNT, TBS e TruTV, por exemplo. O telespectador norte-americano já está acostumado a ir atrás de grandes jogos e torneios nesses canais.

Desde 1989, a NBA (maior liga de basquete do mundo) é atração da TNT, nas noites de terça e quinta. No canal, vão ao ar partidas da temporada regular e decisivas, como playoffs e finais de conferência. Os narradores e comentaristas (como as lendas Charles Barkely e Shaquille O’Neal) são celebridades, com direito a aparição no principal jogo de videogame da liga.

Competição que só perde em popularidade para o Super Bowl (a final da NFL), o torneio final do basquete universitário masculino, chamado Marcha Madness, é da Turner Sports desde 2011. E as partidas de beisebol da MLB são atração da TBS há uma década. 

No ano passado, a Turner Sports chocou o mercado norte-americano de TV ao bater a Fox e a ESPN na compra pelos direitos de transmissão dos jogos da Liga dos Campeões. O acordo começa neste ano e vai até 2021. A TNT exibirá os confrontos.

Até golfe está no pacote. O torneio da PGA, um dos principais eventos do ano do esporte, será da TNT a partir do ano que vem.

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