CASO NA JUSTIÇA
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Danilo Gentili (à esq.) e Thais Carla em fotos publicadas no Instagram; processo na Justiça
Danilo Gentili foi obrigado pela Justiça da Bahia a deletar posts gordofóbicos publicados por ele nas redes sociais sobre a influenciadora Thais Carla. Segundo documentos obtidos pelo Notícias da TV, a blogueira plus size conseguiu uma liminar expedida pela 2ª Vara do Sistema dos Juizados Especiais de Causas Comuns de Salvador contra o apresentador do SBT.
Alvo de piadas do humorista desde 2019, Thais está processando Gentili por danos morais e exige ainda uma indenização de R$ 30 mil.
Na primeira decisão sobre o caso, proferida em 9 de março, o juiz João Batista Perez Garcia Moreno Neto determinou o prazo de cinco dias para que o titular do The Noite apagasse todos os conteúdos relacionados à autora da ação de suas páginas no Twitter e Instagram, sob pena de multa diária de R$ 150 em caso de descumprimento.
Segundo os advogados da influenciadora, Gentili faz comentários ofensivos sobre Thais Carla desde 2019. Em um deles, o comunicador ironiza a "boa forma" atribuída à modelo plus size escrita em uma reportagem sobre ela.
Em outro tuíte, o artista também debochou de uma notícia do R7 falando que a bailaria havia reclamado do tamanho do assento de um avião: "Eu nunca vi essas pessoas reclamarem que a cadeira do McDonald's é pequena".
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Publicação de Danilo Gentili sobre Thais Carla
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Publicação de Gentili sobre Thais
No processo, a defesa de Thais explicou como as postagens problemáticas afetavam o trabalho da empresária. "[Thais] Alega que foi vítima de preconceito pelo demandado [Gentili], o qual apresenta manifestada fobia e aversão às pessoas às quais não considera semelhante", argumenta.
Alega que o demandado é comediante e jornalista, conhecido por fazer piadas de tom jocoso e escrachado, inclusive em grandes mídias televisivas, valendo-se de comédia degradante e
pejorativa contra populações minoritárias, socialmente vulneráveis, como pessoas gordas, pessoas com
deficiência, negros, mulheres e LGBTQIA+, para promover seu 'trabalho' de stand-up comedy.
"Sustenta que o réu se apropriou do(s) vídeo(s) que a autora publica nas suas
mídias sociais e passou a divulgá-los em suas [próprias] redes sociais, incluindo em suas divulgações piadas de tom jocoso e degradantes. Alega, ainda, que o demandado é famoso no país inteiro, por valer-se de comédia preconceituosa e pejorativa contra populações minoritárias, socialmente vulneráveis", diz o processo.
"Requer que o réu seja compelido a excluir os vídeos e comentários que se encontrem vinculados à autora em suas plataformas digitais", pede o advogado de Thais.
Com as evidências, o juiz entendeu que houve violação da parte de Gentili e concedeu a liminar que obriga o apresentador a deletar as ofensas:
"No caso dos autos, a permanência das publicações denegrindo [sic] a imagem da autora poderá lhe causar danos irreparáveis. Neste sentido, os elementos constantes nos autos são suficientes para o deferimento do pedido em caráter de urgência, posto que evidenciam a conduta preconceituosa do demandante e a exposição e ridicularização da autora, sem o seu consentimento".
Ao Notícias da TV, o advogado Ives Bittencourt Menezes, representante de Thais Carla ao lado de Janaína Brito de Abreu, ressaltou que Danilo Gentili ofende a cliente há alguns anos.
Navegando pelo perfil no Twitter do Danilo a gente encontrou quatro violações em épocas diferentes. Ele começou a violar a Thais desde 2019 e vem perpetuando isso até 2022 com postagens esporádicas, todas em tom jocoso, vexatório, gordofóbico, utilizando a imagem --que é o objeto de trabalho de Thais, mãe de duas meninas e que vive da internet-- justamente para utilizar do humor disfarçado [de preconceito] para praticar gordofobia e ódio.
"É importante que ele apague as violações e que, de alguma forma, aprenda que não pode ficar reverberando atitudes preconceituosas, insultos gratuitos, abusivos e cruéis. Observe que corriqueiramente ele ataca as mulheres, os negros, as pessoas com deficiência e os gordos. Esse humor ácido e violento, se apropria de pessoas socialmente marginalizadas, com intuito de aumentar audiência e angariar lucro", completou Bittencourt.
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Procurado pela reportagem por e-mail e pelas redes sociais, Danilo Gentili não retornou às tentativas de contato. Caso o apresentador se manifeste, este texto será atualizado. Até o momento, as publicações seguem no ar nas páginas do comediante.
A briga na Justiça com Thais Carla coincide com a polêmica envolvendo o filme Como se Tornar o Pior Aluno da Escola (2017), produzido e estrelado por Danilo Gentili. Na obra, Fábio Porchat interpreta um pedófilo, e uma cena do personagem pedindo para ser masturbado por um adolescente viralizou nas redes sociais.
Apesar disso, o representante legal da blogueira avisa que o processo havia sido aberto antes das acusações de pedofilia contra Gentili, que começou a ser alvo de críticas no último sábado, 12 de março.
"É um processo que acabou coincidindo com essa fase desse outro escândalo dele do filme na Netflix que está bastante em evidência. Mas nós atuamos na esfera da gordofobia há muitos anos, e Thais é nossa cliente desde 2017", pontuou o sócio do escritório Abreu e Bittencourt.
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