Após apoiar PL do aborto, Juliano Cazarré revela que filho mais velho é adotado

Juliano Cazarré voltou às redes sociais dois dias após se posicionar a favor do PL (Projeto de Lei) 1.904/2024 e falou pela primeira vez sobre a adoção do filho mais velho, Vicente. O ator havia dito que é contra o aborto, que há sempre a opção oferecer o bebê não desejado para ser adotado, e recebeu uma chuva de críticas. Por isso, decidiu usar a história do nascimento do primeiro filho para fortalecer seus argumentos nesta segunda-feira (17).

O ator iniciou o post dizendo que procura evitar polêmicas, já que fica abalado com os xingamentos sempre que coloca na mesa suas opiniões --geralmente conservadoras.

"Eu demorei vários dias a me posicionar sobre a questão de ser contra o aborto em todos os casos, de achar que o aborto não é a solução ele sempre é só mais um trauma além de ser a morte de uma criança, e às vezes acaba sendo mais tragicamente ainda sendo a morte da criança e da mãe", reforçou.

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"Eu não queria falar sobre isso, eu não gosto de me meter em polêmica, eu fico mal, eu passo os dias entristecido, eu não gosto de ser atacado nas redes sociais. Mas, de vez em quando, quando o assunto é importante o suficiente, eu sinto que tenho que dar a minha opinião", continuou.

Cazarré explicou que muitas das críticas que recebeu diziam que ele nunca adotou uma criança e que, por isso, não poderia sugerir que um bebê não desejado fosse encaminhado para outra família. "Tecnicamente, a adoção nem seria para uma pessoa como eu e a Leticia, né? Porque a gente fica juntos, e, graças a Deus, as crianças nascem, né? Temos seis filhos, e a fila de adoção é gigantesca no Brasil, e a gente entrar na fila de adoção seria tirar o lugar de uma família que não pode ter filhos e quer um filho", argumentou.

Em seguida, o ator contou que seu filho mais velho tem outro pai biológico. "Eu vou contar uma história aqui que há 14 anos eu calo sobre essa história, mas como a Leticia já contou essa história uma vez, eu vou contar aqui hoje. Pela primeira vez eu vou contar essa história publicamente", anunciou.

"Meu filho mais velho, Vicente, é adotado. Eu adotei o Vicente. Porque quando eu encontrei a Leticia, que a gente se reencontrou para ficar juntos, pra namorar, pra se amar, [...] a Leticia estava grávida. Uma gravidez fruto de uma relação abusiva que ela vivia, o cara não queria ser pai, uma das sugestões do cara foi 'você não vai ter esse filho', e a Leticia falou 'não preciso de você pra nada, vou ter esse filho sozinha' e voltou pra casa dos pais", revelou.

Cazarré e Leticia ficaram juntos quando ela estava grávida de cinco meses. "Depois que o Vicente nasceu, eu entrei com todos os processos legais que tem que entrar pra adotar o Vicente. E o Vicente hoje, com muito orgulho, tem meu nome e o nome do meu pai e da minha mãe no lugar de vô e vó. E o Vicente conhece essa história, porque eu conto essa história pra ele desde que ele nasceu. Nunca nem um fato foi omitido do Vicente", declarou.

O ator afirmou ainda que o filho poderá procurar o pai biológico se desejar, e emendou que a história só reforça seu posicionamento contra o aborto. "Um dia, se ele quiser, ele vai poder conhecer esse pai, vai poder conviver com ele. Mas o Vicente só vai ter essa oportunidade porque ele nasceu, porque a Leticia teve a força e a honra de falar: 'Eu vou ser mãe desse menino sozinha'", disse.

"Mas olha só como é o destino. Antes que a criança nascesse, eu apareci na vida dela e esse menino não passou um único dia da vida dele sem pai. Eu estava na maternidade no dia que o Vicente nasceu. Então, por mais desesperadora que seja a situação, a gente não sabe do futuro, a gente não sabe que graças o futuro e o destino pode nos trazer", ponderou.

Indireta de Ana Maria Braga

Mais cedo, Ana Maria Braga abordou o assunto no início do Mais Você. Além de criticar o projeto em si, a apresentadora mandou uma indireta para quem o defende, a exemplo do ator Juliano Cazarré. A veterana citou uma frase dita pelo artista no sábado (15), na qual ele dizia que as mulheres que não quisessem criar um filho decorrente de um estupro poderiam colocá-los para a adoção.

"É fácil falar, né? Pra entregar o filho pra adoção, como eu escutei ontem. 'Entrega o filho pra adoção'. Agora, eu queria saber se fosse filha de algum de vocês aí, que estão votando nesse projeto. Se fosse alguém da sua família. Sua prima, sua irmã. Se sua mulher fosse estuprada, e aí? Como é que ia fazer? Isso acontece todo dia, vai ver", revoltou-se a apresentadora.

Ela citou os números altos não só de estupro, mas de violência geral contra a mulher no Brasil. "A gente faz campanha todo dia contra esse abuso, esse poderio dos homens em cima das mulheres. Então, pense, tá? E a dor que tudo isso causa?", continuou ela.

A fala vai de encontro ao que foi dito por Juliano Cazarré em sua defesa do PL. Ele havia declarado que "todo aborto é um assassinato de um inocente" e que até em casos de estupro, o aborto "não apaga o crime". Em seguida, o artista disse que a mulher que não quiser "criar o filho pode entregar para a adoção". "A fila de pessoas querendo adotar um bebê é bem maior do que a oferta de crianças para serem adotadas", declarou.