TROCA DE FARPAS
REPRODUÇÃO/INSTAGRAM e TV GLOBO
Mauricio Souza, Walter Casagrande e Felipe Andreoli; atleta processará Globo e profissionais da emissora
Após ser acusado de homofobia por Felipe Andreoli e Walter Casagrande, o jogador de vôlei Mauricio Souza decidiu processar os profissionais e a Globo. Neste sábado (30), Newton Dias, advogado do atleta, afirmou que a ação deverá ser protocolada na Justiça nos próximos dias e que o ex-jogador do Minas Tênis Clube encontra-se abalado com a repercussão do caso.
"No meu entendimento, o dano causado à imagem do Mauricio já é irreversível. No caso do Mauricio, o que ele fez foi uma reflexão. Não existe nenhum discurso de ódio, que inferiorize orientação sexual, nada disso. O que existiu foi uma reação de pessoas que estão imputando a ele o crime de homofobia", pontua Dias ao Notícias da TV.
Segundo o jurista, a Globo, Casagrande e Andreoli serão processados por danos morais, calúnia, difamação e injúria. Além disso, a defesa deu início a um levantamento sobre as acusações feitas por internautas contra o atleta, que também serão enviadas à Justiça, com a possibilidade do crime de stalking (perseguição) ser anexado aos processos, conforme cada caso.
"Todas as pessoas que seguiram o tom de Casagrande e Andreoli, possivelmente vão ser interpostas ações também. No crime de calúnia, injúria e difamação, inverte-se o ônus da prova. Então, eles têm que provar que ele [Souza] é homofóbico. Todos que cravaram, com essa palavra, que ele foi homofóbico, vão responder judicialmente", detalha.
Hoje, as vidas são destruídas na internet do dia para a noite. Ele [Souza] está muito triste, mas está bem confiante de que não fez nada demais. Inclusive, já temos testemunhas da comunidade LGBTQIA+ avaliando a conduta de Mauricio como pessoa. Nunca houve nenhum caso dele ser homofóbico na Seleção [Brasileira de Vôlei] ou no Minas Tênis Clube. Ele está resiliente, na fase de assimilação. Ele vai ter que reconstruir a carreira.
O Notícias da TV entrou em contato com as assessorias da Globo, de Walter Casagrande e Felipe Andreoli, mas não obteve retorno até a publicação deste texto.
A polêmica em torno de Mauricio Souza começou em 15 de outubro. Após a DC Comics anunciar que, nos quadrinhos, o novo Superman é bissexual. O atleta criticou a decisão criativa da empresa. "Ah, é só um desenho, não é nada demais. Vai nessa que vai ver onde vamos parar", disse Souza na legenda de uma publicação em seu Instagram.
Douglas Souza, também jogador de vôlei e representante da comunidade LGBTQIA+ no esporte, comentou a novidade: "Engraçado que eu não virei heterossexual vendo os super-heróis homens beijando mulheres. Se uma imagem como essa te preocupa, sinto muito, mas eu tenho uma novidade para a sua heterossexualidade frágil. Vai ter beijo, sim. Obrigado, DC, por pensar em representar todos nós e não só uma parte".
"Hoje em dia, o certo é errado e o errado é certo. Não se depender de mim. Se tem que escolher um lado, eu fico do lado que acho certo! Fico com minhas crenças, valores e ideias", disse o apoiador de Jair Bolsonaro (sem partido) em uma indireta ao colega de Seleção Brasileira de Vôlei nas Olimpíadas de Tóquio.
O caso ganhou força nas redes sociais, e os patrocinadores do Minas Tênis Clube, em que Souza jogava, pediram para que a entidade tomasse "medidas cabíveis". O atleta foi afastado e, em seguida, demitido do clube.
No Seleção SporTV de quarta-feira (27), Casagrande criticou o atleta: "É crime, é covardia e é mau-caratismo. Principalmente e especificamente o Mauricio Souza. Esse cara, Mauricio Souza, é um homofóbico, preconceituoso, possivelmente racista, covarde e mau-caráter".
No Globo Esporte de quinta-feira (28), Andreoli opinou sobre o caso. "Mauricio, homofobia não é opinião, é crime, cara, mata! Você fez essa ofensa na rede sociais onde você tem 300 mil seguidores [Instagram], depois foi pedir desculpa em uma na qual você tem 50 [Twitter]? Atitude covarde", disse o titular do esportivo.
"Outra coisa, essa questão não é política. Você não foi demitido do Minas porque é conservador, de direita ou religioso, nem por causa da lacração da internet. Você foi demitido do Minas porque foi homofóbico e, pelo jeito, não se arrependeu. Homofobia é crime e não se respeita", finalizou Andreoli.
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