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Acusado de abusar de 60 mulheres, Bill Cosby é solto pela Suprema Corte dos EUA

REPRODUÇÃO/YOUTUBE

O ator e humorista Bill Cosby, de 83 anos

O ator e humorista Bill Cosby, de 83 anos, teve seu julgamento anulado pela Suprema Corte da Pensilvânia

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 30/6/2021 - 18h05
Atualizado em 30/6/2021 - 19h06

A Suprema Corte da Pensilvânia decidiu, na tarde desta quarta-feira (30), anular a condenação por agressão sexual do ator e humorista Bill Cosby, sentenciado a 30 anos de prisão em 2018. O processo foi anulado porque a Justiça americana exige unanimidade entre o júri para que se possa pronunciar um veredito.

Após mais de 50 horas de deliberação, entretanto, o júri não entrou em um acordo sobre nenhuma das acusações contra o ator americano. Cosby foi denunciado pelo abuso sexual de Andrea Constand em 2004. Além dela, outras 60 mulheres também afirmaram terem sofrido abusos por parte do ator entre 1960 e 2000.

Em 2018, o comediante tinha sido sentenciado a 30 anos de prisão por ter estuprado Andrea na Filadélfia. Cosby cumpriu mais de dois anos de sua sentença em uma prisão estadual perto da Filadélfia. Ele prometeu servir os 10 anos (até poder solicitar liberdade condicional ou progressão da pena) em vez de reconhecer qualquer remorso pela agressão sexual de 2004.

Além de Andrea Constand, outras cinco mulheres foram autorizadas a testemunhar no julgamento do humorista. Na época, um tribunal de primeira instância concluiu que ele demonstrou um padrão de drogar e abusar sexualmente das vítimas.

Na decisão desta quarta-feira (30), porém, parte da Suprema Corte afirmou que o ator não teve um julgamento justo, uma vez que os testemunhos das cinco acusadoras teriam "contaminado" o processo original.

"Não há provas credíveis e admissíveis suficientes sobre as quais qualquer acusação contra o senhor Cosby relacionada ao incidente de Constand poderia ser provada além de qualquer dúvida razoável", afirmou a decisão.

O júri mostrou-se preocupado com a crescente tendência de depoimentos se transformarem em ataques de personagens, já que a lei americana só permite o testemunho de pessoas em casos limitados, como por exemplo, para mostrar um padrão de crime específico que ajude a identificar o autor de um crime.

O promotor do condado de Montgomery, Kevin Steele, que acusou o humorista em 2015, indicou que solicitará a abertura de um novo processo, como autoriza a lei. 

Ele [Cosby] foi considerado culpado por um júri e agora está em liberdade por uma questão processual que é irrelevante para os fatos do crime. Minha esperança é que esta decisão não atrapalhe o relato de agressões sexuais pelas vítimas. Os promotores em meu escritório continuarão a seguir as evidências aonde e a quem quer que elas conduzam.

Ele ainda agradeceu e elogiou todas as mulheres que compartilharam seus traumas e medos durante o julgamento, e principalmente, Andrea Constand, pela "bravura em se apresentar e permanecer firme" durante o processo que ele chamou de "longa provação".

"Ainda acreditamos que ninguém está acima da lei --incluindo aqueles que são ricos, famosos e poderosos", encerrou o promotor.

Bill Cosby, que se tornou uma celebridade ao protagonizar a série The Cosby Show (1984-1992), viu sua carreira ruir à medida que mais acusações apareciam. Algumas mulheres tentavam acusar o artista há décadas.

Ele havia sido escalado para protagonizar um especial na Netflix e estava desenvolvendo uma comédia para a NBC. Após as mais de 60 acusações, porém, as marcas decidiram romper os contratos com Cosby. A gigante do streaming cancelou o projeto, e a rede encerrou o programa.

Repercussão

A notícia da anulação do julgamento e da liberação do humorista Bill Cosby gerou uma onda de indignação pública. A Time's Up, organização fundada após o renascimento do #MeToo, divulgou um comunicado na tarde desta quarta (30), emitido pela CEO e presidente, Tina Tchen.

Segundo ela, a decisão da Suprema Corte é uma "farsa e uma injustiça". Tina afirmou que tem receio de que o resultado desencoraje vítimas de agressões e abusos sexuais a partir de agora, principalmente quando o caso envolver uma figura de destaque, rica ou poderosa. 

Para as sobreviventes neste caso, cada uma de vocês se apresentou com grande coragem contra um homem poderoso que corre grande risco pessoal. Estamos segurando vocês neste momento profundamente doloroso. Continuaremos a lutar por vocês e com vocês. Sua bravura e determinação não serão em vão.

A organização Women in Film Los Angeles também condenou a soltura de Cosby e afirmou que as notícias são um "retrocesso na luta por justiça para sobreviventes de agressões sexuais".

"Quando o sistema desconsidera dezenas de acusadores em uma situação como esta --por causa de uma lacuna técnica, não por causa das provas que levaram à condenação--, cria a percepção de que 'não vale a pena' as vítimas se apresentarem", escreveu a organização. 

A Women in Film também apelou a todos que ocupam posições de poder nas industrias do cinema para "acabar com a cultura do silêncio e da aceitação que permitiu Cosby atacar tantas mulheres".

Outro lado

Enquanto muitos contestaram a decisão da Suprema Corte da Pensilvânia, Phylicia Rashad, atriz de filmes como Creed e par romântico de Bill Cosby em The Cosby Show, comemorou sua libertação e afirmou que "um erro judiciário foi corrigido".

Gretchen Carlson, a ex-âncora da Fox News que ajudou a iniciar o movimento #MeToo com seu processo de assédio sexual em 2016 contra o ex-chefe da Fox News, Roger Ailes, respondeu a atriz e disse que a soltura de Cosby "nunca será uma exoneração dos crimes brutais que cometeu".

"Phylicia! Bill Cosby ser libertado da prisão é um erro completo da Justiça e nunca será uma exoneração dos crimes brutais que cometeu contra as mulheres. O mundo agora está acordado, e as mulheres não serão mais silenciadas. Você deveria ter vergonha de si mesmo", disse ela.


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