REALITY POLÍTICO
JEFFERSON RUDY/AGÊNCIA SENADO
O presidente Omar Aziz (à esq.) e o relator Renan Calheiros na CPI da Covid: sucesso de audiência na TV
Com depoimentos de autoridades ligadas ao governo do presidente Jair Bolsonaro e bate-boca entre senadores, a CPI da Covid virou um reality político com transmissão ao vivo da TV Senado. A emissora legislativa passou a ser mais sintonizada pelos brasileiros neste mês. Os canais de notícias que têm feito a cobertura das oitivas em tempo real também ganharam audiência --a GloboNews tirou o Viva da liderança da TV paga no mercado nacional.
De acordo com dados obtidos pelo Notícias da TV, a média-dia (das 7h à meia-noite) da TV Senado cresceu de 0,011 de ibope em abril no PNT (Painel Nacional de Televisão), que aponta a audiência das 15 principais regiões metropolitanas do país, para 0,028 em maio (até o dia 19). Ou seja, mais do que o dobro de público.
Na porcentagem de televisores sintonizados na emissora, o salto foi de 0,024% para 0,063% de um mês para o outro. É uma audiência ainda inexpressiva, considerada traço pelos critérios do Ibope, mas os números indicam o aumento de interesse na rede pública.
Nessa medição da TV aberta, cada ponto representa 268 mil domicílios ou 716 mil indivíduos, o que significa que a TV Senado tinha média de 8 mil telespectadores por dia em abril e passou a ter 20 mil em maio. Durante a CPI da Covid, esse índice aumenta.
Além da televisão, a emissora também disponibiliza a transmissão ao vivo da Comissão no YouTube, plataforma em que o alcance é ainda maior. O vídeo do primeiro dia de depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello, com quase nove horas de duração, já tem mais de 1,1 milhão de visualizações e é o mais visto do canal no mês.
Apesar do crescimento da emissora legislativa, a maior parte dos brasileiros prefere assistir à CPI da Covid nos canais de notícia, que usam o sinal ao vivo transmitido pela TV Senado. Desde 4 de maio, quando começaram os depoimentos na Comissão, a GloboNews passou a ser primeira colocada no ranking de canais mais vistos da TV paga no PNT, posição que era ocupada pelo Viva, também da Globo, até o mês passado.
Nas últimas três semanas, mais de 3,5 milhões de pessoas sintonizaram a GloboNews para acompanhar a cobertura. A oitiva do ex-ministro Luiz Henrique Mandetta, por exemplo, alcançou mais de 1,5 milhão de pessoas. No mercado nacional, a rede de notícias conta com uma audiência diária 20% maior do que a soma de todos outros concorrentes de jornalismo.
Entre o público AB1 da TV por assinatura, que representa a elite brasileira, a GloboNews foi mais consumida do que emissoras abertas, como SBT, Band e RedeTV!, nesse período. Entre os assinantes da Grande São Paulo, principal mercado do país, o canal é líder há 11 semanas consecutivas.
Disponível em TV aberta, a Record News registrou um crescimento de 28% na média-dia da Grande São Paulo, nas terças, quartas e quintas-feiras de depoimentos da CPI em maio. Na comparação com os mesmos dias das quatro semanas anteriores, o salto foi de 0,103 para 0,132 de média. O share (participação nos televisores ligados) subiu 29%: de 0,216% para 0,278%.
O BandNews TV, que disputa público com CNN Brasil e GloboNews na TV por assinatura, também registrou um aumento de ibope, com momentos de disputa acirrada pela liderança com os concorrentes diretos nas manhãs de 12 e 18 de maio.
"A CPI da pandemia surpreendeu em audiência. Os motivos podem estar no fato de o assunto ter impacto direto na vida de milhares de brasileiros e não ser técnico, como em outras tantas CPIs. Os parlamentares também identificaram o potencial da CPI e utilizam as redes sociais para postar melhores momentos e até fazer enquetes sobre o que o brasileiro quer que seja perguntado ao depoente", justifica Rosângela Lara, diretora-executiva do BandNews.
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