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MACHISMO

Por que uma mulher casada como Angélica usar vibrador ainda é tabu?

REPRODUÇÃO/GSHOW

A apresentadora Angélica em entrevista ao Gshow, na Globo, em setembro deste ano

Angélica em entrevista ao Gshow em setembro deste ano; vida pessoal de apresentadora virou discussão

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 28/9/2020 - 6h45

Durante uma entrevista com Sabrina Sato, Angélica revelou que ama usar vibrador. A declaração gerou uma grande repercussão nas redes sociais, com direito a questionamentos se Luciano Huck, seu marido, estava "deixando a desejar" na cama. Mas, em pleno século 21, por que o uso de brinquedos sexuais por uma mulher casada como a apresentadora da Globo ainda é tabu?

A titular do programa Simples Assim, que estreia na emissora no próximo dia 10, afirmou que o papo descontraído que teve com Sabrina no dia 18 de agosto rendeu. "Fiquei impressionada com a repercussão. Falei: 'ah, vibrador é vida'. As pessoas se espantam com isso ainda. Depois tiveram memes, 'nossa, coitada, poxa, o Luciano, hein?'", disse a loira em entrevista ao jornal O Globo

"Gente, precisamos falar mais desses assuntos, para libertar as pessoas de umas amarras. Vibrador é vida", repetiu ela. 

A empresária Maisa Pacheco, dona de uma das sex shops mais populares de São Paulo, explica ao Notícias da TV que a resposta para a pergunta é simples: o machismo enraizado na sociedade, além do preconceito com os brinquedos adultos.

"O homem hétero não vê o vibrador como um aliado, ele vê como um concorrente. Então, ele acha que se a mulher usar o vibrador, na cabeça dele, ela vai preferir o vibrador. Esse preconceito dos homens que a gente tem que acabar, explicar que é um aliado", ressalta a empresária.

Confira a entrevista de Angélica:

Para ela, o tamanho do consolo pode afetar a masculinidade do homem que se sente inseguro com o próprio órgão sexual.

"Quando a mulher quer um vibrador em formato de pênis, o homem se sente ameaçado, ainda mais se ele [objeto] for maior que o do parceiro. Muitas mulheres gostariam de levar [o vibrador] para a cama, mas os meninos ainda têm essa cabeça de concorrente", explica Maisa.

Tabu da masturbação feminina

A proprietária da loja localizada na rua da Consolação, região central da capital paulista, ainda ressalta como os homens têm mais liberdade para se masturbar do que as mulheres.

Vibrador para casais com controle via celular (Divulgação/Maisa Pacheco)

"Foi introduzido isso na nossa cultura desde pequenas, que os meninos podem se tocar, e as meninas, não. Quando a mulher assume que quer se tocar e se conhecer isso assusta eles, né? Porque a partir do momento que você se conhece, sabe todo os seu pontos e saber se satisfazer é uma afronta a eles. Eles têm medo, a insegurança do homem é muito grande", esclare ela.

Sobre o fato de que Angélica é uma mulher casada que usa vibrador, Pacheco também avisa que existem vários tipos de consolo, inclusive o indicado para casais. Não existe restrição, homens heteros também podem usar e se divertir na cama ao lado da parceira.

Tipos de vibrador

O modelo para casal, por exemplo, tem duas "cabeças" vibratórias, serve para estimular o clitóris da mulher e o perínio do homem (parte entre o saco escrotal e o ânus) ao mesmo tempo. A zona masculina é pouco explorada pelos homens heterossexuais, mas é comprovada como uma área erógena. 

O vibrador é encontrado facilmente no mercado especializado, e seu valor varia entre R$ 100 e R$ 800. Alguns modelos possuem controle remoto à distância, por um aplicativo para celular.

O vibrador tipo bullet pode ser usado por todos (Divulgação/Maisa Pacheco)

Outro tipo de brinquedo interessante para casais ou solteiros é o chamado "bullet", que tem o formato do tamanho de batom e que é ótimo para estimular tanto o clitóris quanto o bico dos seios, de mulheres e de homens. 

Mais acessível, ele é encontrado na maioria das sex shops por valores menores do que R$ 50. Entretanto, os mais potentes podem ser vendidos por até R$ 400. 

"Uma coisa que eu escuto muito é: 'ah, quando eu não estiver em casa ela vai usar escondido de mim'. Poxa, deixa ela se masturbar, que bom que ela vai usar quando você não estiver em casa, porque aí ela vai se conhecer!", defende Maisa. 

Questionada sobre qual tipo de "amigo" as mulheres preferem, a empresária avisa que é o modelo Satisfyer, conhecido como "sugador". 

"A grande maioria das clientes prefere o vibrador clitoriano, porque é onde a mulher tem mais terminações nervosas. A gente tem oito mil terminações ao redor do clitóris, e os meninos não sabem explorar isso. Quando a mulher compra um bullet e começa a explorar, ela se satisfaz plenamente", diz. 

Conhecido como 'sugador de clitóris' (Divulgação/Maisa Pacheco)

"O vibrador que tá mais em alta é o Satisfyer. Ele, na verdade, não suga, ele emite ondas ao redor do clitóris para estimular essas oito mil terminações nervosas, e a mulher consegue chegar ao orgasmo em até 23 segundos. É o vibrador que vende mais, tanto na loja física quanto na virtual", contou Maisa. O preço dele varia entre R$ 300 e R$ 900.

"Quando os meninos perceberem que o vibrador é um aliado, o negócio vai ficar bom tanto pra eles quanto pra gente", avalia a comerciante.

"Falamos tanto de independência financeira da mulher, mas esquecemos da independência sexual, que é o fato de que não precisamos de um homem. Mulheres têm vergonha de se conhecer, se tocar, e acaba ficando com qualquer um. A masturbação das mulheres precisa ser discutida, que prazer não é vergonha. Os homens têm medo de mulher que sabe o que quer na cama", conclui a especialista em prazer feminino. 


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