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AMOR COMPLEXO

Pessoas com esquizofrenia como o Salvador de Império podem namorar?

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Os atores Júlia Fajardo (à esquerda) e Paulo Vilhena (à direita) caracterizados como os personagens Helena e Salvador se beijam em cena da novela Império, da Globo

Helena (Júlia Fajardo) e Salvador (Paulo Vilhena) se beijam em cena de Império

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 8/9/2021 - 6h30

Apesar de ser esquizofrênico, Salvador (Paulo Vilhena) vive uma grande história de amor com Helena (Júlia Fajardo) em Império, e os dois vão até casar no final da novela das nove. Na vida real, seria possível uma pessoa com o distúrbio psicológico se relacionar amorosamente da mesma maneira?

Duas médicas psiquiatras explicam ao Notícias da TV que sim, é possível, já que a doença não é nenhum impeditivo para a criação de laços afetivos, mas apenas uma condição que necessita de muita compreensão do parceiro e de tratamento adequado para o paciente.

"O que acontece muitas vezes é que faz parte da doença evoluir para uma coisa que a gente chama de embotamento afetivo. A pessoa esquizofrênica parece não demonstrar muito afeto, amor, carinho e não é uma pessoa muito aberta, sociável, tem dificuldade de ter iniciativa", explica a médica Danielle  Admoni, psiquiatra na Escola Paulista de Medicina da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). 

Mas isso não quer dizer que ela não tenha sentimento e o desejo de ter um relacionamento. Muitas vezes, a medicação, composta por alguns antipsicóticos, deixam a pessoa com o que a gente chama de embotada, parece que ela não demonstra sentimento, mas não quer dizer que ela tenha impedimentos para se relacionar. 

A especialista pela Associação Brasileira de Psiquiatria ainda reforça que os riscos de se namorar uma pessoa com esquizofrenia são muito baixos. "Excepcionalmente, essas pessoas podem entrar em quadros psicóticos tendo surtos relacionados à perseguição, de achar que tem alguém perseguindo ou tramando alguma coisa contra a pessoa e ficarem agressivas, mas não é a maioria", diz Danielle.

"As pessoas confundem transtornos mentais com agressividade. Na verdade, a minoria das pessoas portadoras de transtornos mentais acaba sendo violenta ou agressiva, e aí podemos falar de vários quadros psicóticos, não só a esquizofrenia", conclui a médica.

Em relação a tratamentos, Danielle recomenda terapia ocupacional, que auxilia o paciente a ter uma vida normal, e medicação. "Diminuindo os sintomas psicóticos, conseguimos fazer com que o paciente tenha uma vida bastante interessante. Existem pacientes com quadros leves, por exemplo, que fazem ou fizeram faculdade, que se relacionam... Então nem sempre o diagnóstico de esquizofrenia vem com uma qualidade de vida ruim", avisa. 

Especializada em psiquiatria infantil, Marcia Lizanka analisa que "assim como uma pessoa diabética em um relacionamento deve evitar sair da dieta e manter o uso de insulina, uma pessoa com esquizofrenia em um relacionamento deve fazer uso de suas medicações e manter as orientações médicas".

Para Marcia, o parceiro de uma pessoa com esquizofrenia deve ter em mente que existem peculiaridades e que os cuidados devem ser redobrados no caso de uma mulher grávida com esquizofrenia, já que os sintomas podem se agravar devido ao estresse causado por uma gestação. 

"Só existe risco de uma ação violenta se a pessoa não estiver se tratando, pois em meio a uma crise o paciente pode perder o controle de sua mente e, consequentemente, de suas ações. Existem vários tratamentos, mas como a escolha deles é individualizada, se faz necessária uma avaliação psiquiátrica", completa a médica psiquiatra. 

Confira esta reportagem em vídeo:


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