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IMAGENS FORTES

Alerta de gatilho: Cena de estupro em Verdades Secretas pode despertar traumas

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

A atriz Grazi Massafera caracterizada como a personagem Larissa em Verdades Secretas; ela parece acabada, descabelada e sem maquiagem

Grazi Massafera como Larissa em Verdades Secretas; personagem é estuprada na novela

KELLY MIYASHIRO

kelly@noticiasdatv.com

Publicado em 30/8/2021 - 6h20

[Atenção: este texto pode ser sensível para vítimas de estupro]

Em Verdades Secretas, a cena de estupro de Larissa (Grazi Massafera) pode despertar traumas em vítimas reais de abuso sexual. A sequência que mostra a personagem sendo violentada por vários moradores de rua tem previsão de ir ao ar entre novembro e dezembro na novela das onze da Globo.

Na trama escrita por Walcyr Carrasco, a personagem interpretada por Grazi Massafera é uma modelo que se prostitui por dinheiro, modalidade conhecida como "book rosa". A loira de olhos verdes, entretanto, começa a usar drogas e se torna uma viciada.

Cada vez mais perdida e necessitada de alimentar seus vícios, Larissa chegará a trocar sexo por entorpecentes e irá parar na Cracolândia da trama. Ela ainda cairá na conversa de outro viciado, que prometerá uma pedra de crack e a levará para um beco escuro. Lá, a ex-modelo será surpreendida por vários "zumbis" drogados e sofrerá um estupro coletivo. 

A cena, apesar de durar menos do que dois minutos, deixa a violência bem explícita, exibindo os estupradores em cima da vítima, os gritos desesperados de Larissa e a loira chorando após o ataque.

Ao Notícias da TV, a psicóloga Milene Teonilia Neves explica que assistir a cenas de violência sexual impactam as vítimas devido à sensação de reviver o ato, como se elas estivessem sendo transportadas para o dia do ataque, independentemente do gênero da vítima.

"Podem ser desencadeados vários sentimentos tanto em quem ainda não superou como naqueles que já fazem acompanhamento psicológico. A pessoa pode entrar em um colapso emocional, reviver o trauma", analisa a especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e Avaliação Psicológica.

[Na cena da novela] Não é apenas a cena brutal do estupro, mas a dinâmica toda do que é mostrado: a rua escura, os barulhos... Características que são como pistas ou gatilhos mentais que acessam a memória ativa do trauma. As sensações que a pessoa pode experimentar ao assistir tal cena são: entrar em pânico, sentir o coração acelerar, a boca ficar seca, ter mãos tremulas e suadas, além da sensação de falta de ar.

Milene também acredita que o gatilho pode provocar paralisação, retração e até descontrole como reflexos da vítima. "Outras pessoas ainda podem ter ânsia de vomito e sentir uma forte melancolia após assistirem. O trauma está registrado no corpo e na mente da pessoa, ele provoca mudanças hormonais, podendo aumentar a produção de cortisol e de adrenalina", completa.

O transtorno de estresse pós-traumático, também conhecido pela sigla TEPT, é um distúrbio gerado pelos acontecimentos traumáticos não resolvidos e que, portanto, são geradores de ansiedade. Pode apresentar sintomas como flashbacks invasivos, hipervigilância (estado de alerta) e vontade de fuga, que provocam aumento do batimento cardíaco e transpiração excessiva, agitação, tensão e também o nervosismo.

Psicóloga especializada pela USP (Universidade de São Paulo), Fabíola Luciano concorda que se expor a imagens violentas pode resgatar episódios traumáticos desnecessários.

Se para uma pessoa que sem essa vivência [da violência] a cena já é forte, pra quem viveu isso de fato é extremamente mais pesado, então pode sim ativar o sensorial e trazer de volta todas essas memórias e sensações. Tudo depende de onde essa pessoa está fisicamente, de quanto tempo passou, como ela está lidando com essa experiência na atualidade.

Vítimas de violência sexual devem procurar não só as autoridades policiais para denunciar o abuso como também buscar ajuda profissional médica com psicólogos e psiquiatras para tratar os efeitos do evento traumático. Sobre confrontar obras de ficção que abordam estupro, Milene pondera que estar confortável com isso depende do processo da vítima. 

"Cenas de estupro não devem ser assistidas se a pessoa ainda está traumatizada, mas se ela já passou por um processo de reestruturação cognitiva, pode não haver problema, vai de cada pessoa. O trauma não precisa durar a vida toda, não deve nos deixar disfuncionais, ao contrário, devemos ampliar nosso repertório emocional e de resiliência", conclui.


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