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MEMÓRIA DA TV

Em 1993, Globo via Xuxa como uma concorrente dentro da própria emissora

Divulgação/Memória Globo

Xuxa Meneghel no Xou da Xuxa, extinto em 1992 por se tornar grande demais para a Globo - Divulgação/Memória Globo

Xuxa Meneghel no Xou da Xuxa, extinto em 1992 por se tornar grande demais para a Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 17/2/2019 - 6h58

Em 31 de dezembro de 1992, foi exibida a última edição do Xou da Xuxa na Rede Globo. A partir daí, começou uma onda de especulações para decidir quem ficaria com o lugar da loira. Apesar de o canal ter declarado que o formato não rendia mais, a imprensa constatou que a apresentadora tinha se tornado maior do que a própria emissora.

O Jornal do Brasil de 10 de janeiro de 1993 já perguntava: quem ocupará o tão ambicioso trono nas manhãs diante da TV? Para tentar frear os boatos, o todo-poderoso global, José Bonifácio Oliveira Sobrinho, o Boni, enviou um fax à imprensa em que avisava que o lugar ficaria vago. "A Globo considera que a fórmula do programa de auditório para crianças está esgotada", afirmou ele no comunicado.

Entre os aspirantes à vaga estavam Sérgio Mallandro, que apresentava o Show do Mallandro (1990-1993) na casa e logo voltaria ao SBT, e Angélica, que comandava o infantil Clube da Criança (1983-1998) e o musical juvenil Milk Shake (1988-1992) na Manchete (1983-1999). A apresentadora, aliás, negociava com a Globo, mas queria ter um programa infantil, enquanto o canal gostaria que ela comandasse somente uma atração musical para adolescentes.

Dois anos antes, Xuxa havia anunciado que deixaria o Brasil, por estar cansada. Ao mesmo Jornal do Brasil, em 13 de setembro de 1991, Boni declarou: "Faz algum tempo que sinto que a Xuxa está cansada. Ano passado, ela pensou em manter o programa com outras pessoas em seu lugar. Agora surgiu essa novidade nos jornais. Até agora, não conversarmos a respeito. Não podemos convencer ninguém a fazer o que não quer. Se a Xuxa quiser fazer o programa uma vez por semana e essa possibilidade for boa para ambas as partes, tudo bem".

Em 1993, a verdade, segundo o JB, era que Xuxa "havia se transformado num verdadeiro monstro dentro da Globo, pelo menos do ponto de vista da produção".

Continuava a reportagem: "Sua corte era uma Globo dentro da Globo. Era uma central de programas, com ramificações internacionais, que girava apenas em torno da imagem e do carisma da rainha dos baixinhos. Cresceu tanto e tão rapidamente, que se tornou uma concorrente dentro da própria Globo, invertendo uma regra do mercado que há anos rege esse império televisivo".

A apresentadora já comandava atrações internacionais, como o El Show de Xuxa, na Telefe, da Argentina, o Xuxa Park, na Tele 5, da Espanha, e se preparava para comandar um programa nos Estados Unidos.

"Xuxa inverteu a escrita: foi a Globo quem ficou pequena para ela", destacou a publicação. "Por isso, não interessa à Globo investir na imagem de uma sucessora para Xuxa. Se desse errado, seria um fiasco publicitário lamentável, que apenas reforçaria a dependência da emissora da imagem de Xuxa. Se desse certo, seria igualmente terrível, pois reproduziria com outra apresentadora a tal indústria dentro da indústria", completou.

Foi aí que Boni bateu o martelo: a faixa passaria a ser ocupada por uma atração com bonecos. Nasceu o formato da TV Colosso, que ficou no ar até 1997.

A missão de dirigir o programa foi dada ao filho de Boni, J.B. de Oliveira, o Boninho. Ele declarou ao jornal O Globo de 24 de março de 1993 que seria muito difícil substituir Xuxa. "Ela é única. O que existe aí são clones mal realizados", disse.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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