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31 anos depois, 'nome morto' de Buba vira questão delicada para Renascer

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Buba (Gabriela Medeiros) no remake de Renascer; traumas do passado abordados na novela

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DANIEL FARAD

vilela@noticiasdatv.com

Publicado em 29/2/2024 - 21h00

Bruno Luperi não escolheu um dos caminhos mais fáceis ao transformar Buba (Gabriela Medeiros) em uma mulher transexual no remake de Renascer. Entretanto, o autor mostrou que está realmente disposto a mexer na obra do avô, Benedito Ruy Barbosa, ao inserir uma nova questão na história da jovem --a violência simbólica por trás do "nome morto".

A expressão "nome morto" designa a forma pela qual uma pessoa transexual, intersexo ou não-binária era chamada originalmente. Ele pode ou não corresponder ao nome registrado na certidão de nascimento, mas também pode ser um apelido que sempre carregou ou passa a ter conotação negativa.

O assunto foi abordado no capítulo de terça-feira (28) da novela das nove da Globo, quando José Venâncio (Rodrigo Simas) colocou Buba contra a parede para que lhe contasse "o seu nome verdadeiro".

A personagem de Gabriela Medeiros deixou bem claro para o público como a exigência do filho de José Venâncio (Marcos Palmeira) a violentava. Um dos principais trunfos de Luperi foi evitar o didatismo para se aproximar até mesmo dos telespectadores mais conservadores de uma maneira mais empática --explorando justamente as emoções da psicóloga.

A cena não entrou no tema por questões técnicas ou legais, indicando que a transfobia pode ser equiparada ao crime de racismo, por exemplo. Ela apelou diretamente para a humanidade do espectador, trazendo à tona todo o sofrimento de Buba porque seus pais não aceitaram sua transição de gênero.

O contexto foi completamente diferente da primeira versão, em que se empregou o tom cômico, com direito à Buba --então interpretada por Maria Luisa Mendonça-- caindo na gargalhada ao revelar o nome de batismo, Alcides, para o amante --vivido por Taumaturgo Ferreira.

Crueldade demais?

Uma cena em particular da primeira versão também vai demandar uma atenção extra da direção e dos roteiristas do remake de Renascer. Eliana, então vivida por Patricia Pillar, passava a se referir a Buba pelo nome morto como uma forma de afrontá-la.

A personagem de Sophie Charlotte obviamente pode repetir a dinâmica, sob o risco de uma parte dos telespectadores reclamar de uma violência de gênero ser utilizada como recurso dramatúrgico. A atitude, porém, deixaria claro o desequilíbrio da dondoca.

Com muito mais peso e mais agressividade do que 1993, chamar Buba pelo nome morto também pode causar forte rejeição a Eliana, atrapalhando uma possível aceitação da personagem no futuro --seja em seu envolvimento com Damião (Xamã) ou com Eriberto (Pedro Neschling).

Renascer foi escrita e criada pelo autor Benedito Ruy Barbosa. Bruno Luperi é neto do novelista e responsável pela adaptação da saga rural que estreou no horário nobre em janeiro. O remake ficará no ar até setembro.


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