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TV paga no Brasil é de 'baixa qualidade', diz vencedor de Emmy

Divulgação

O diretor Cao Hamburger no lançamento do filme Xingu (2012), transformado em microssérie pela Globo - Divulgação

O diretor Cao Hamburger no lançamento do filme Xingu (2012), transformado em microssérie pela Globo

DANIEL CASTRO

Publicado em 4/6/2014 - 15h20

Impulsionada por uma lei que impôs cotas de programação, a recente produção brasileira de conteúdo para a TV paga é "na média de baixa qualidade". A afirmação é do diretor de cinema e TV Cao Hamburger, criador de Castelo Rá-Tim-Bum (Cultura, 1994) e vencedor do Emmy Kids de 2013 com a série Pedro e Bianca, também exibida pela Cultura.

Hamburger participou do painel A TV que Queremos na abertura do Fórum Brasil 2014, evento voltado para programação e mercado independente, nesta quarta-feira (4) em São Paulo. Para o diretor, a Lei 12.485, de 2011, instituiu um clima de "tem que fazer, tem que fazer", por causa da obrigatoriedade de três horas e meia semanais de conteúdo nacional no horário nobre dos canais de entretenimento, e o resultado está deixando muito a desejar.

A TV por assinatura, de acordo com Hamburger, está ignorando a referência que o público tem da TV aberta. "Eu sinto que a TV aberta brasileira é muito boa e não está sendo aproveitada pelo cabo", disse, referindo-se à dramaturgia de diretores como Daniel Filho, Guel Arraes e Jorge Furtado.

Hamburger criticou especificamente a imposição de formatos estrangeiros, por parte dos canais, para as produções brasileiras. "Eu vejo docudramas apelativos, com uma música forçada", falou, dando exemplo de produto nacional de baixa qualidade.

A recente produção nacional de TV por assinatura também foi alvo de críticas de Rogério Gallo, vice-presidente de programação dos canais Turner, colega de Hamburger no painel sobre a "TV que queremos". "O que acontece é um problema de performance. Os produtos nacionais não performam na grade dos canais de TV por assinatura", afirmou.

Em outras palavras, programas feitos no Brasil só estão sendo veiculados porque cumprem cota, não dão audiência. "A questão central é de relevância. Por mais que você tenha cotas, você tem que ter relevância, senão vai apenas cumprir tabela", cutucou Gallo.

Também foram apontados como problemas da produção nacional os altos custos, a falta de qualificação técnica e a escassez de bons roteiristas e de recursos _o orçamento de uma boa série de 13 episódios no Brasil, R$ 5 milhões, é metade do valor de um episódio de seriado norte americano.

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