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Memória da TV

Nos anos 1970, Globo pedia para público enviar vídeos em sistema rudimentar

Reprodução

Câmera com tecnologia Super 8, com a qual telespectadores podiam gravar vídeos para a Globo - Reprodução

Câmera com tecnologia Super 8, com a qual telespectadores podiam gravar vídeos para a Globo

THELL DE CASTRO

Publicado em 1/7/2018 - 8h44

Quem pensa que a interação entre emissoras e público começou nos últimos anos, com a proliferação dos smartphones e aplicativos de trocas de mensagens, está enganado. Em 1977, quatro décadas antes de William Bonner orientar os telespectadores a gravarem vídeos para o projeto O Brasil que Eu Quero, a Globo já pedia para as pessoas enviarem registros amadores para exibição em sua programação.

Claro que não era fácil. Não existiam filmadoras portáteis com fitas VHS. Isso só apareceria alguns anos depois, nos anos 1980.

Os registros eram feitos no rudimentar sistema Super 8, um formato cinematográfico desenvolvido nos anos 1960 e lançado pela Kodak em 1965. Trata-se de um aperfeiçoamento do sistema 8 milímetros, criado em 1932 pela mesma empresa.

Um cartucho de Super 8 permitia gravar, de acordo com o número de quadros por segundo, apenas de 2 minutos e 30 segundos a 3 minutos e 20 segundos de imagens. Além disso, precisava ser revelado, correndo o risco de se perder o que havia sido gravado caso ocorresse algum erro no procedimento. Os primeiros cartuchos não contavam com som, o que foi alterado a partir de 1973.

Reprodução

Anúncio da Globo que pedia vídeos amadores

Um anúncio publicado em jornais no dia 12 de abril de 1977 dizia: "Atenção amador de Super 8: dê um zoom neste anúncio. Seu filme pode virar notícia de televisão".

Era o concurso Notícia em Super 8, criado nos últimos meses de 1976, após a Globo ter exibido em seus telejornais três flagrantes do público: a queda de um helicóptero em Copacabana, o desabamento de um edifício no bairro Flamengo, ambos no Rio de Janeiro, e o rompimento de uma barragem em São Paulo.

"Os três foram filmados por amadores de Super 8. Esta experiência levou a Rede Globo a criar o concurso, para premiar os melhores flagrantes jornalísticos feitos por amadores", dizia o anúncio.

A emissora deixou as regras bem claras: só valeriam filmes feitos em Super 8, eles deveriam enfocar, necessariamente, flagrantes da atualidade com marcante interesse jornalístico e seriam exibidos de acordo com critérios de julgamento da Central Globo de Jornalismo, passando a fazer parte dos arquivos da emissora.

Ao final do ano, seriam distribuídos sete prêmios em dinheiro, entre os filmes levados ao ar, nos seguintes valores: o primeiro colocado levaria o Prêmio Repórter Costa Manso, no valor de 30 mil cruzeiros; o segundo ganharia 20 mil cruzeiros e os outros cinco ficariam com 10 mil cruzeiros cada.

Na mesma época, o jornalismo da Globo e das demais emissoras usavam apenas filmes de 16 milímetros em seus telejornais. Os repórteres não tinham chance de erro, já que o material custava caro, e nem poderiam fazer grandes passagens.

A situação na Globo mudou a partir de 1978, quando foi instalado o equipamento conhecido como ENG (Eletronic News Gathering), que permitia a edição eletrônica de vídeo e aumentou consideravelmente a velocidade para a divulgação das imagens.

Posteriormente, além do jornalismo, outros programas pediram ao público para enviar registros caseiros, já em VHS, como Domingão do Faustão, da Globo, e o Programa de Vídeos (1992-1993), comandado por Gugu no SBT.


THELL DE CASTROé jornalista, editor do site TV História e autor do livro Dicionário da Televisão Brasileira. Siga no Twitter: @thelldecastro

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