FAKE NEWS?
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Jair Bolsonaro em entrevista ao Jornal Nacional; presidente prometeu que irá respeitar eleições
DANIEL FARAD
Publicado em 22/8/2022 - 21h03
Atualizado em 22/8/2022 - 22h34
William Bonner colocou Jair Bolsonaro contra a parede sobre um possível golpe de estado caso perca as eleições gerais em outubro. O jornalista também rebateu as acusações do presidente de que estaria espalhando "fake news" ao dizer que ele teria xingando ministros do STF (Supremo Tribunal Federal) --e ainda o fez assumir publicamente que respeitará a decisão das urnas.
Os atritos entre o chefe do Executivo e o Judiciário foram abordados já no início da sabatina nesta segunda (22). "O senhor tem xingado ministros do Supremo Tribunal Federal, feito ataques sem prova nenhuma ao sistema eleitoral brasileiro e chegou, inclusive, a ameaçar não ter eleição no Brasil, como se soubesse ao senhor decidir uma coisa dessas", iniciou o âncora.
"O senhor pretendeu, por acaso, criar um ambiente que permitisse um golpe?", questionou Bonner, que foi acusado de mentir por Bolsonaro. Segundo o político, ele jamais se referiu de forma desrespeitosa aos ministros do STF --ainda que tenha sido lembrado em seguida que tenha se referido a Alexandre de Moraes como "canalha".
"Você não está falando a verdade quando fala 'xingar ministros'. Isso não existe. É uma fake news da sua parte. Outra coisa, o que eu quero é transparência nas eleições. Vocês, com toda certeza, não leram o inquérito de 2018 da Polícia Federal que, inclusive, está inconcluso", disse o ex-deputado.
Ele afirmou que o objetivo seria apenas assegurar mais segurança ao processo eleitoral. "'Se você pode botar uma tranca a mais na sua casa, para evitar que ela seja assaltada, você vai fazer ou não?'. Esse é objetivo disso que eu tenho falado sobre o TSE [Tribunal Superior Eleitoral]", acrescentou.
Bolsonaro também afirmou --sem apresentar qualquer prova-- que o PSDB (Partido Social-Democrata Brasileiro) teria questionado a lisura das eleições e contratado uma auditoria.
"A senhora Rosa Weber determinou que fosse aberto inquérito, a PF começou uma apuração que informou para o TSE. Em uma das páginas está assinado pelo chefe do TI do TSE que hackers ficaram por oito meses dentro do TSE", disse ele, que não mostrou o documento ou indicou uma fonte confiável.
Bonner salientou que foi "curioso" Bolsonaro se referir ao episódio, uma vez que ele foi acusado de ter divulgado informações sigilosas de investigações inconclusivas:
Mas, sobre a transparência que o senhor afirma defender das urnas, órgãos fiscalizadores, como TCU [Tribunal de Contas da União], AGU [Advocacia Geral da União], associações de juízes, de juristas e delegados da Polícia Federal, todos, já atestaram a segurança das urnas eletrônicas. Eu vou além: a transparência e a segurança das urnas eletrônicas tem sido motivo de orgulho da maioria da população brasileira.
O apresentador também rebateu a acusação de que teria incorrido em informações falsas. "Agora, o senhor começou a sua resposta afirmando que eu tinha cometido fake news, mas, em nome da verdade, o senhor xingou o ministro do Supremo de canalha", lembrou.
"Ele vivia fazendo contra mim", reclamou Bolsonaro. "O senhor disse que eu cometi fake news, só para esclarecer: a pergunta que eu fiz foi: 'Qual era o seu propósito de xingar um ministro de canalha e ameaçar que as eleições não fossem realizadas se isso não te compete fazer?", arrematou Bonner.
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