TIAGO ELTZ
REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Tiago Eltz no Jornal Nacional; jornalista levou advertência da Globo, que abriu investigação no Compliance
O repórter especial Tiago Eltz foi advertido pela Globo após desrespeitar uma regra em vigor desde 2017. O ex-correspondente internacional, que recentemente deixou de ser âncora na GloboNews para atuar na reportagem do Jornal Nacional, promoveu um hotel em suas redes sociais em troca de diárias, segundo denúncia do site TV Pop.
Conhecida como jabá, essa prática está expressamente proibida há quase sete anos. Os Princípios Editoriais do Grupo Globo, documento que orienta a conduta dos profissionais da emissora, diz "que é imprescíndivel que o jornalista da Globo evite a percepção de que faz publicidade, mesmo que indiretamente, ao citar ou se associar a nome de hotéis, marcas, empresas, restaurantes, produtos, companhias aéreas etc.".
De acordo com o TV Pop, a Globo abriu uma investigação no departamento de Compliance. Eltz divulgou nos Stories do Instagram uma publicidade velada do Refúgio na Serra Boutique Hotel, localizado na cidade histórica de Mucugê, no interior da Bahia. Ele já apagou o conteúdo.
Foram seis Stories diferentes sobre o estabelecimento, segundo o site. No conteúdo, ele divulgou o restaurante do hotel --comandado pela chef Ieda Matos, que trabalha em concorrentes da Globo--, e mostrou os diferenciais do estabelecimento, marcando as páginas do Refúgio na Serra e de seus proprietários.
Trata-se de uma prática usual entre influenciadores que aceitam permutas, mas não recomendável para jornalistas. Há um ano, a Globo demitiu a repórter Lívia Torres, do Rio de Janeiro, porque ela apresentou um evento da CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e apareceu à frente de banners com marcas pratrocinadoras da entidade.
Em nota ao Notícias da TV, a Globo confirmou que o caso de Tiago Eltz está em apuração no Compliance. "A Globo não comenta casos específicos, mas enfatiza que nossos jornalistas não devem ter envolvimento com marcas. Podemos adiantar que o caso já foi analisado internamente e o post foi retirado do ar", disse a emissora.
A aceitação de jabás por jornalistas da Globo é proibida desde o casamento de César Tralli, no final de 2017. Na época, o então diretor-geral de Jornalismo, Ali Kamel, deu uma bronca geral e deixou claro que profissionais da notícia não poderiam marcar grifes ou fazer check-ins depois que o atual âncora do Jornal Hoje publicou fotos em que divulgou o nome do estilista que fez seu terno e decoradores da festa.
Tralli negou ter feito permuta. "Não preciso, sei que não devo, e jamais faria qualquer tipo de postagem em rede social agradecendo seja quem fosse por conta de troca ou favorecimento", declarou ao Notícias da TV em 2017. "Eu paguei meu casamento", acrescentou.
Além de Eltz, outros jornalistas foram advertidos recentemente por conta de jabá. Mônica Waldvogel, que apresentava o Edição das 18h na GloboNews, fez propaganda de uma grife paulistana de sapatos no final de janeiro.
Silvana Ramiro, âncora de telejornais locais no Rio de Janeiro, foi repreendida por conta de palestras ministradas para funcionários de um banco. As duas levaram bronca, mas não foram demitidas.
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