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ANÁLISE

Globo veta jornalistas e faz transmissão de desfiles virar um show de horrores

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Dandara Mariana entrevista Deborah Secco em um camarote na Sapucaí

Dandara Mariana entrevista Deborah Secco em um camarote na Sapucaí: jornalistas foram vetados

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 12/2/2024 - 11h42

O que se viu na transmissão dos desfiles do Grupo Especial do Carnaval do Rio de Janeiro foi uma das maiores aberrações já feitas pela Globo na folia. A emissora tirou todos os seus jornalistas da Marquês de Sapucaí e colocou influenciadores e uma atriz para dar informações ao público, que chiou bastante nas redes sociais. Faltou exatamente o que o evento pedia: informação.

O primeiro dia de desfiles do chamado "o maior espetáculo da Terra" virou uma aberração com a falta de notícias enquanto as escolas passavam pela avenida. A transmissão virou uma espécie de É De Casa carnavalesco com gente famosa, falação sobre novela e foco nas rainhas de bateria. Samba que é bom, "nunca vi, nem comi, só ouço falar", como canta Zeca Pagodinho.

Quem viu o desfile da Porto da Pedra pela Globo sem acompanhar as redes sociais não soube do carro que atropelou uma mulher na concentração, da alegoria que despencou em frente aos jurados ou do enorme buraco que se formou durante a apresentação da escola de São Gonçalo.

Alex Escobar, Karine Alves, Milton Cunha e Leonardo Bruno não falaram uma palavra sobre os acontecimentos, simplesmente porque não sabiam o que estava acontecendo. Sem nenhum repórter na avenida, o quarteto só conseguia ver o que a TV mostrava.

E, sem alguém para apontar e direcionar as câmeras para o que seria uma notícia relevante, não havia como os apresentadores e os comentaristas saberem de detalhes entre os mais de 4 mil componentes da agremiação. Mas dá-lhe rainha de bateria sambando!

Neste ano, a Globo apostou na repórter Kenya Sade, no influenciador Vítor diCastro e na atriz Dandara Mariana para a "cobertura" da transmissão do desfile, no lugar dos experientes profissionais da Globo.

Apesar de ser jornalista musical e de atuar em vários eventos da emissora, Kenya ainda não tem o estofo para ir em busca de notícias relevantes do Carnaval do Rio de Janeiro.

Ela faz bem o papel de entrevistar Paolla Oliveira ou Giovanna Cordeiro, que são atrizes da Globo. Mas não tem o olhar crítico para investir em conversas com personalidades mais importante dentro do contexto da escola ou para falar sobre um acidente ocorrido logo na concentração.

Claro que há espaço para o trabalho de Kenya, mas cada um no seu quadrado. Ela é necessária para enaltecer o gingado de Viviane Araujo, mas alguém precisava falar sobre Quinho (1957-2024), intérprete do Salgueiro que morreu em janeiro.

Vítor diCastro teve uma tarefa dificílima: substituir Mariana Gross nas arquibancadas da Sapucaí. Por mais seguidores que ele tenha nas redes sociais e por mais moral que ele tenha com a classe artística, o influenciador não tem o carisma, a experiência e a identificação do público como a jornalista da Globo, que virou uma espécie de dama da folia nas transmissões. Não à toa, o nome dela foi citadíssimo entre os telespectadores órfãos.

Dandara Mariana também foi colocada em um papel complicado: o de entrevistas famosos em um camarote. Excelente atriz e uma pessoa bem querida, ela é simpática e tentou entrar no clima do Carnaval, mas ser repórter não é apenas segurar um microfone e fazer perguntas óbvias aos entrevistados. No papo com Deborah Secco, Dandara respondeu com "total" por pelo menos três vezes, tal qual a personagem Fernanda, que Mônica Martelli vive em filmes, séries e peça da franquia Minha Vida em Marte.

Acredito que quem se senta na frente da televisão para assistir a mais de uma hora de uma escola desfilando --ouvindo o mesmo samba-enredo e vendo fantasias e alegorias que, às vezes, nem fazem tanto sentido-- gosta mesmo daquilo. E quem gosta disso quer assistir ao desfile, quer ver as pessoas importantes para a agremiação, que ouvir as histórias sobre o enredo.

Quem quer ouvir Giovanna Cordeiro falando de Fuzuê ou Lexa dizendo que ainda está nua por baixo do roupão pode mudar para a RedeTV! --que, aliás, faz o "lado B" do Carnaval como ninguém.

Já não é de hoje que o telespectador reclama da transmissão da Globo. A emissora não mostra o esquenta das escolas, foca na mulherada nua, não explica as alas e alegorias... Mas, neste ano, a emissora se superou. Não mostrou as apresentações completas das comissões de frente e dos casais de mestre-sala e porta-bandeira, que contam pontos no julgamento.

Na quarta (14), quando houver a apuração, vai ter gente achando que tal escola foi garfada porque, simplesmente, não viu nada do que aconteceu.

Enquanto isso, Mariana Gross curtia tudo em uma frisa na Sapucaí --e ainda teve tempo de desfilar na Imperatriz Leopoldinense... Deu saudade dela, de Ana Luiza Guimarães, Fernanda Grael, Renata Capucci, Diego Haydar...


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