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MATHEUS RIBEIRO

Intrigas e humilhação: Os bastidores da demissão do primeiro apresentador gay do JN

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Matheus Ribeiro no comando do Jornal Anhanguera 2ª Edição em 7 de abril de 2020

Matheus Ribeiro pediu demissão da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás; jornalista teve salário reduzido

GABRIEL PERLINE

Publicado em 9/4/2020 - 6h07
Atualizado em 9/4/2020 - 16h00

Intrigas, humilhação, perseguição e um salário muito baixo levaram Matheus Ribeiro a pedir demissão da TV Anhanguera, afiliada da Globo em Goiás, na tarde de quarta-feira (8). O apresentador, que ganhou projeção nacional ao ser o primeiro homossexual assumido a comandar o Jornal Nacional, estava insatisfeito com as atuais condições de trabalho e com as proibições que lhe foram feitas nos últimos dias.

Ao Notícias da TV, Ribeiro confirmou seu desligamento, mas foi breve e se recusou a comentar o motivo. Mas a reportagem apurou que a gota d'água para a saída do jornalista foi o corte de salário para menos da metade do valor anterior --a redução não foi motivada pela pandemia do novo coronavírus.

Mensalmente, Matheus recebia em torno de R$ 8 mil. O valor estava em um acordo feito há quatro anos, quando ele foi colocado como apresentador do Jornal Anhanguera - 2ª Edição. A emissora não o promoveu oficialmente e o manteve sob o registro de repórter, mas aumentou seus vencimentos com um esquema de horas-extras. Matheus, no entanto, nunca foi obrigado a cumprir as horas a mais. 

Em março, caiu em sua conta bancária menos da metade do valor combinado --algo em torno de R$ 3,9 mil, um valor muito aquém dos padrões da Globo para um apresentador de telejornal.

Fontes da reportagem relataram que Matheus questionou seus superiores sobre o erro no pagamento e ouviu como resposta que aquele seria seu salário, uma vez que ele não estava trabalhando as duas horas extras diárias previstas em contrato. Ele tentou contornar a situação, mas a emissora não cedeu.

Matheus sequer compareceu à TV Anhanguera na quarta-feira. Apenas mandou um longo e-mail à diretora de redação, Brenda Freitas, --que o Notícias da TV teve acesso-- no qual solicitou a rescisão indireta de seu contrato e listou diversos pontos que o motivaram a tomar a decisão. Entre eles, o jornalista apontou a redução salarial e as advertências que recebeu por suas publicações em redes sociais.

Inveja e ciumeira

Desde que foi escalado para participar do rodízio de plantonistas do Jornal Nacional, no ano passado, Matheus Ribeiro despertou uma ciumeira em boa parte dos âncoras da TV Anhanguera. Ganhou ainda mais visibilidade ao tornar pública, às vésperas de sua estreia no maior telejornal do país, sua orientação sexual, aumentando exponencialmente sua base de seguidores nas redes sociais.

Sua estreia no JN foi motivo de festa em Goiânia. A emissora, feliz com a escalação de seu funcionário para sentar na cadeira de William Bonner, chegou a fechar uma sala de cinema em Goiânia para transmitir ao vivo o telejornal.

Desde novembro, quando esteve na bancada do JN, ele passou a ser alvo de fofocas e comentários maldosos nos corredores da TV Anhanguera. Começou a sofrer represálias. Antes, suas sugestões de pautas e de melhorias para o telejornal do qual era titular eram bem aceitas. Repentinamente, deixaram de ser consideradas.

Nesta semana, ele havia anunciado aos seguidores que faria uma live em suas redes sociais. Assim que sua chefia tomou conhecimento do fato, o proibiu, alegando que ele só poderia fazer tais transmissões pelas plataformas oficiais da emissora.

Além disso, recebeu a ordem de apagar uma publicação que havia feito com sua massagista. A emissora entendeu que ele estava fazendo publicidade, algo proibido para os jornalistas de toda a Rede Globo.

O Notícias da TV procurou Brenda Freitas, diretora de Jornalismo da TV Anhanguera, para comentar o desligamento de Matheus Ribeiro, mas os telefonemas não foram atendidos e os contatos não foram respondidos.

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