RAQUEL
Divulgação/TV Globo
Regina Duarte teve na boazinha e honesta Raquel, de Vale Tudo, um dos papéis mais marcantes de sua carreira
REDAÇÃO
Publicado em 16/5/2020 - 5h38
Muito antes de se exaltar com a equipe da CNN Brasil ao vivo, durante uma entrevista concedida no último dia 7, Regina Duarte se descontrolou ao ver injustiças e exemplos claros de desonestidade. Isso aconteceu em cenas de Vale Tudo (1988), em que ela interpretava a mocinha Raquel. Regina achava até que sua protagonista era decente demais.
Grande sucesso da década de 1980, Vale Tudo estreou há exatos 32 anos na Globo com uma trama que abordava questões e críticas sociais, como: "Vale a pena ser honesto no Brasil de hoje?".
A honestidade se destacava no papel de Raquel, que sofria com a falta de ética, de caráter e de amor de sua filha, Maria de Fátima (Gloria Pires). Enquanto Raquel tentava fazer tudo dentro dos conformes e levava uma vida humilde, mas correta, Maria de Fátima queria se dar bem sem ter esforço.
A filha pisou sem dó na mãe. Vendeu a casa em que moravam sem que Raquel soubesse, para poder se mudar para o Rio de Janeiro em busca de ascensão social. A protagonista foi humilhada e rejeitada pela filha por virar vendedora ambulante. Foi alvo de fofoca de Maria de Fátima, que falou mal da mãe para o homem que ela amava, Ivan (Antonio Fagundes), entre outras falcatruas.
O chilique mais marcante aconteceu no dia do casamento (por interesse) de Maria de Fátima com Afonso (Cássio Gabus Mendes). Raquel já havia percebido que a filha não prestava. Ela encontrou a dissimulada Maria de Fátima vestida de noiva e desabafou toda a raiva e frustração que sentia.
"Você me separou do homem que eu amo. Está casado com outra, está com raiva de mim por sua causa. Eu odeio você, tenho nojo de você", gritou ela, repetidamente. Raquel partiu para cima da filha e rasgou o vestido dela, ao mesmo tempo em que a estapeava e chorava de raiva, num dos barracos entre mulheres mais marcantes da teledramaturgia nacional.
divulgação/TV Globo
Perto de Maria de Fátima (Gloria Pires), Raquel (Regina Duarte) era praticamente uma santa
A personagem de Regina Duarte fez sucesso com o público, que acompanhava com afinco suas conquistas e as rasteiras que levava. Raquel teve dois bordões que caíram na boca do povo: "Te mete" e "sangue de Jesus tem poder".
Ainda assim, a atriz não estava totalmente satisfeita com o papel. Ela achava que Raquel era mocinha demais, boazinha demais, e deveria cometer erros também, para parecer mais verossímil ao público.
"Achavam que ela deveria errar também. A própria Regina Duarte tinha grilo com isso. Ela queria errar, estava com ciúme da Maria de Fátima. Todo mundo pedia para a Raquel ter algum deslize", disse Gilberto Braga, autor de Vale Tudo, em depoimento registrado no livro Autores, Histórias da Teledramaturgia.
"Aguinaldo [Silva], Leonor [Bassères, colaboradores] e eu nos reunimos e conversamos seriamente sobre o assunto. Nós três achávamos que a Raquel não podia ter deslizes: se ela tivesse, nós não teríamos novela. Deixamos o público reclamar até o final, porque Vale Tudo se baseava nessa oposição: mãe honesta e filha desonesta", completou Braga.
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