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Em crise, Faustão dá prejuízo milionário para a Band e fica com metade do salário

REPRODUÇÃO/BAND

Faustão, apresentador da Band

Faustão não conseguiu o desempenho financeiro esperado e seus ganhos ficaram abaixo da expectativa

GUILHERME RAVACHE E GABRIEL VAQUER

ravache@proton.me

Publicado em 27/1/2023 - 12h00

Se Faustão na Band terminasse o ano de 2022 sem perder dinheiro, seria uma tremenda vitória para a emissora do Morumbi. Ao menos essa era a avaliação interna. Mas as metas de audiência e faturamento não foram atingidas, e a atração deixou um prejuízo milionário. Além disso, Fausto Silva teve uma redução de 50% em seus vencimentos mensais, conforme apurou o Notícias da TV.

Ninguém sabe exatamente qual o tamanho do prejuízo, mas ele existe e os valores são altos. Os mais pessimistas dentro da Band estimam que o valor possa chegar a R$ 60 milhões. Há quem diga que seja em torno de R$ 10 milhões ou R$ 15 milhões.

Como parte da infraestrutura e investimentos realizados no programa de Faustão permanece na casa, estimar o tamanho do buraco é também uma questão contábil. Entra na conta de Faustão como prejuízo o dinheiro que a Band deixou de receber com a venda do horário nobre para a programação religiosa.

Faustão também sentiu no bolso o resultado abaixo da expectativa. Quando foi para a Band, o apresentador havia negociado um grande pacote de remuneração. Não há um salário fixo propriamente, mas sim uma série de metas e objetivos a serem atingidos, principalmente comerciais, que aumentam os vencimentos mensais do artista.

Se tudo corresse bem e Fausto Silva tivesse alcançado mais de 6 pontos de audiência e batido as metas de publicidade, poderia receber mais de R$ 8 milhões por mês --a expectativa mais palpável, no entanto, era de R$ 5 milhões. Mas nos últimos meses, os valores não chegaram nem a R$ 2,5 milhões.

Os R$ 2,5 milhões, 31% dos R$ 8 milhões da expectativa máxima, estão em linha com a audiência. O programa do Faustão tem cerca de 3 pontos de ibope, 41% dos 6 pontos da meta.

Erros e cortes de custos

Internamente, a avaliação é de que foram cometidos erros dos dois lados. Todos diziam que entendiam que a Band não era a Globo, mas a produção do Faustão pediu coisas caras demais para a estrutura da Band. Por sua vez, a própria Band se empolgou com as possibilidades e gastou mais do que deveria.

Havia mais bailarinas e custos de produção do que o necessário e investimentos desproporcionais em equipamentos e cenários.

À medida que a audiência não veio e o faturamento de publicidade não subiu como o esperado, sucessivos cortes e ajustes foram realizados. Mesmo abaixo da expectativa, Faustão representa mais de 50% do faturamento da Band.

O fato é que 2022 foi um ano ruim para todos os grupos de TV. O cenário econômico foi péssimo, e as eleições deixaram tudo ainda pior. A inflação também prejudicou. Os custos de produção de conteúdo dispararam na pandemia, e os salários também subiram.

A Band tem atrasado o pagamento de alguns fornecedores, inclusive de valores baixos, de menos de R$ 5 mil, o que tem irritado os parceiros. A emissora disse aos fornecedores que irá regularizar os compromissos em breve e que o problema foi por causa de fluxo de caixa.

Uma preocupação dentro da emissora é a renovação do contrato com o Bradesco, maior patrocinador do Faustão na Band e que desembolsou R$ 89 milhões no ano passado para estar em quadros praticamente todos os dias da atração. 

Até o momento, o banco não renovou o acordo. A expectativa na Band é que isso aconteça em fevereiro, quando ficarem mais claras as mudanças no programa. Outras empresas menores que investiram também afirmaram ao setor comercial que querem continuar no programa. 

Mesmo no prejuízo, Band está feliz

Mas se engana quem imagina que a Band está insatisfeita com Faustão. No alto escalão da empresa a avaliação é de que erros foram cometidos na chegada do apresentador, mas que os problemas foram corrigidos e que 2023 será o ano da virada.

Ou seja, 2022 foi visto como um ano de investimento, ajustes, e os resultado de Faustão e das demais mudanças devem dar frutos de 2023 em diante. O fato de o país estar instável por causa do ano de eleição também pesou. 

Além disso, o principal objetivo da contratação de Faustão, de tirar a igreja do horário nobre e trazer um novo público, foi alcançado. A programação religiosa retornou, mas agora está na faixa das 6h, o que não compromete a grade de programação e ainda gera boa receita financeira.

Se os investimentos em dramaturgia funcionarem, construir uma grade de programação mais robusta na faixa da noite pode render bons dividendos.

Faustão também colocou a Band em um novo patamar no mapa da mídia e das agências. Seu peso é inegável. Prova disso é ter conseguido levar mais de 450 convidados à emissora do Morumbi sem pagar cachê algum.

Finalmente, após insistir em caminhos que não funcionaram, Faustão também estaria mais flexível e disposto a aceitar mudanças. Está cada vez mais claro para todos que a TV vive novos tempos e há muito menos dinheiro no mercado.

O apresentador esteve na Record, e a conversa não evoluiu. Rodrigo Faro renovou seu contrato ganhando menos da metade do que recebia. Todos os grandes apresentadores estão aceitando ganhar menos. O valor de Faustão é inegável, mas se a conta em 2023 vai fechar, é a grande questão a ser respondida.

Nesta semana, a equipe do apresentador começou a se reunir para definir as atrações que vão ser feitas para 2023. A ordem é tentar fazer o máximo com a menor verba possível. Bailarinas demitidas podem até voltar ao programa, por exemplo, mas em formato de pagamento de cachê em vez de contrato fixo. 

Outra ordem é reduzir custos para levar a plateia que acompanha as gravações. Assim como já acontecia desde agosto do ano passado, os convidados populares não recebem mais almoço, e sim um lanche já nas dependências da Band. 

Procurada pelo Notícias da TV, a Band não comentou o assunto.



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