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MEMÓRIA DA TV

Em 2001, Casa dos Artistas enfrentou pesadelo com gestão de Marta Suplicy

FOTOS: REPRODUÇÃO/SBT

De terno e gravata, Silvio Santos em um estúdio do SBT durante apresentação da Casa dos Artistas há 19 anos

Silvio Santos em um estúdio do SBT durante apresentação do reality show a Casa dos Artistas

THELL DE CASTRO

Publicado em 1/11/2020 - 7h22

Há 19 anos, em 28 de outubro de 2001, o SBT surpreendeu as concorrentes e os telespectadores brasileiros com a estreia da Casa dos Artistas, reality show derivado do formato do Big Brother, que estrearia oficialmente no país em janeiro do ano seguinte, pela Globo. Mas, além de uma guerra na Justiça travada com o canal da família Marinho, que sofreu derrotas históricas no período, o programa quase saiu do ar por causa da Prefeitura de São Paulo.

O mais curioso era que, na época, a prefeita da capital paulista era Marta Suplicy, então no PT. E Supla, filho dela com o então senador Eduardo Suplicy, era um dos destaques da atração comandada por Silvio Santos, o que chamou ainda mais atenção da imprensa para o caso.

O problema surgiu quando a Administração Regional do Campo Limpo multou duas vezes o SBT, já que a mansão onde a Casa dos Artistas era produzida, localizada na Rua Antônio de Andrade Rabelo, 482, no Morumbi  (zona sul ca capital paulista), ficava em área estritamente residencial (Z1) e as gravações configurariam atividade comercial, o que era terminantemente proibido.

Como a emissora não deu nenhuma bola para o fato, a prefeitura queria acionar a Polícia Militar para assegurar que o reality não continuasse naquele local. Cogitou-se até mesmo cortar a luz da casa, o que foi considerado ilegal.

De acordo com a então chefe de gabinete da regional, Eliane Belfort, uma denúncia de um vizinho foi recebida em 11 de outubro daquele ano, informando que estava sendo instalado um estúdio de televisão na residência.

Supla, filho de Marta Suplicy, participou do reality

"Fizemos uma vistoria que constatou o fato, foi pedida a licença para atividade comercial e aplicamos uma multa de R$ 107,34", declarou a gestora ao jornal O Estado de S. Paulo de 7 de novembro de 2001.

Como não foi apresentada nenhuma licença, aplicou-se uma nova multa, de R$ 2.687, e foi dada uma ordem que impedia a continuação da atividade na casa. "Ninguém será despejado, o que pode acontecer é um engenheiro acompanhado da polícia apreender as câmeras para que não seja mais gravado o programa", completou Eliane.

Prefeita não se manifestou

Além da provável interferência de Marta Suplicy, a Folha de S.Paulo de 8 de novembro daquele ano apurou que existia uma pressão da prefeitura para que a regional não supervalorizasse a questão, já que a região enfrentava muitos problemas. Uma entrevista coletiva sobre o caso chegou a ser cogitada, mas foi cancelada.

"A regional, segundo a Folha apurou, tem mais de mil pedidos de fechamento administrativo não solucionados. Alguns envolvem prostituição e venda de bebidas alcoólicas e há casos de mais de um ano", informou o jornal.

Na época, a prefeita estava em viagem na Itália e, segundo sua assessoria, não se pronunciaria sobre o assunto. Mas nem foi preciso. No dia seguinte, a Prefeitura desistiu de dar andamento ao processo e o caso não deu em nada.

Vencida a crise com a prefeitura e a Globo na Justiça, a Casa dos Artistas prosseguiu até 16 de dezembro de 2001, marcando uma das maiores audiências do SBT --47 pontos de média, com picos de 55, contra apenas 18 da Globo. Bárbara Paz foi a vencedora, com Supla ficando em segundo lugar.

O programa ainda teve mais duas versões, em 2002, e uma versão diferente, chamada Casa dos Artistas 4: Protagonistas de Novela. Com a perda de audiência, o formato foi aposentado e nunca voltou ao ar no canal de Silvio Santos, persistindo até os dias atuais por meio do Big Brother Brasil.


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