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MEMÓRIA DA TV

Em 1990, proposta milionária quase fez Faustão trocar a Globo pela Manchete

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Fausto Silva de camisa xadrez e microfone na mão em foto de 1989

Fausto Silva no Domingão do Faustão em 1989; apresentador quase deixou a Globo no ano seguinte

THELL DE CASTRO

Publicado em 13/6/2021 - 6h13

Pela primeira vez em 32 anos, Fausto Silva não estará à frente do Domingão do Faustão. Se recuperando de uma infecção urinária, o apresentador passa o bastão para Tiago Leifert, convocado às pressas pela Globo para comandar a atração. Mas a trajetória da produção, que terminará no fim do ano, poderia ter sido diferente caso o animador tivesse aceitado uma proposta milionária em 1990.

Pouco mais de um ano após estrear o Domingão na Globo, vindo da Band, Faustão recebeu um convite da Manchete (1983-1999), que vivia dias de bonança com o sucesso de Pantanal.

"Faustão está em dúvida: não sabe se continua na Globo ou se aceita o convite irrecusável da Manchete, que, além de um alto salário, oferece participação nos comerciais", informou o Jornal do Brasil de 29 de junho de 1990.

"A Globo, que tem o apresentador sob contrato até dezembro, já resolveu o dilema. Não está disposta a entrar em disputa com a Manchete. Embora satisfeita com o trabalho de Faustão, já avisou que não tem possibilidade de cobrir a proposta da concorrente", completou o texto.

Alguns dias depois, Fausto se reuniu com o então todo-poderoso da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, para falar da renovação do contrato. Ao mesmo tempo, tinha um encontro marcado com a diretoria da Manchete.

"Não tenho motivos para sair da Globo. Adoro a Globo, mas consegui me projetar fora dela. Minha máxima é: a profissão é sagrada, o local de trabalho é um acidente", declarou o apresentador à Folha de S.Paulo de 1º de julho de 1990, assegurando que não iria entrar em leilão. "Dinheiro não é importante. O fundamental é conciliar o que se vai fazer com o que se vai receber", completou.

Além da renovação com aumento salarial, a Globo propunha esticar o Domingão de 210 para 240 minutos. Faustão também ganharia uma espécie de talk show diário noturno, que ocuparia o lugar do Jornal da Globo, e um programa aos sábados à noite.

Na Manchete, de acordo com a Folha, o Domingão seria todo ao vivo, no auditório paulista do canal, das 17 às 20h; ele também faria, semanalmente, um programa noturno de entrevistas.

"Tenho uma proposta muito boa e acho que vou para lá", teria dito Faustão a Boni no início de julho de 1990, de acordo com a Folha. "Dá para esperar um mês? Acho que vou poder te oferecer coisa melhor", respondeu o executivo.

Segundo a Folha de 6 de julho daquele ano, eles combinaram aguardar o retorno de Roberto Irineu Marinho, então presidente executivo da Globo, para negociar. "Não tenho pressa de sair. Se eu aceitar com a Manchete só começo lá em janeiro de 91. Sendo assim, como recusar o pedido de Boni? A Globo chegou à conclusão de que não quer que eu saia", declarou o apresentador.

Queda de braço

No final das contas, a Globo venceu a queda de braço. Ainda em julho de 1990, Faustão renovou o contrato com a emissora por mais 30 meses, ganhando a promessa de um segundo programa, nas noites de sábado, que nunca saiu do papel.

Segundo o apresentador, a proposta da Globo não cobriu a da Manchete. "Passou raspando", enfatizou. No entanto, seu salário mais do que dobrou, e a participação no merchandising deveria ser triplicada.

"Não esperava uma reação tão forte por parte da Globo para me manter na emissora. A proposta da Manchete era boa. No fundo, pensei que a Globo não iria cobrir. Lá, todo mundo se empenhou muito e, já que não tinha um motivo para sair, fiquei", declarou.

"Acho que na Manchete daria tudo certo. Mas a verdade é que, lá, eu tinha uma estimativa. Na Globo, tenho a experiência", concluiu o animador.

Enquanto o Domingão do Faustão segue no ar até hoje, apesar de ter data para acabar, a emissora da família Bloch encerrou seus trabalhos em 1999, após inúmeras crises financeiras.


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