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MEMÓRIA DA TV

Em 1988, Silvio Santos viveu seus dias de Renato Villar: 'Chorei feito criança'

REPRODUÇÃO/SBT

Silvio Santos usa terno no cenário do Show de Calouros (1977-1996) em 1988

Silvio Santos no Show de Calouros (1977-1996) em 1988; apresentador fez revelação íntima

THELL DE CASTRO

Publicado em 11/7/2021 - 6h15

Em 21 de fevereiro de 1988, o SBT exibiu um programa histórico. Era o retorno de Silvio Santos à TV após quatro semanas de tratamento médico nos Estados Unidos. Pelo que contou no Show de Calouros (1977-1996), o apresentador viveu uma situação semelhante à de Renato Villar, personagem de Tarcísio Meira em Roda de Fogo (1986).

Na novela da Globo, exibida entre 1986 e 1987 e recentemente disponibilizada no Globoplay, Villar comandava um poderoso grupo industrial, mas teve sua vida completamente alterada quando descobriu um angioma na região nobre do cérebro.

Sem possibilidade de cirurgia, o personagem soube que tinha apenas seis meses de vida. Ele, então, se isolou em sua casa de praia durante alguns dias, longe de tudo e de todos, e resolveu mudar de atitude para corrigir situações do passado.

Em janeiro de 1988, Silvio Santos sofreu um forte baque ao ver piorar um problema nas cordas vocais que já lhe afligia há algum tempo. Além de ter ficado rouco, com possibilidade de perder completamente a voz, ele descobriu um tumor no olho, que, após exames, mostrou-se benigno.

O animador foi até Boston, nos Estados Unidos, para se consultar com alguns dos melhores médicos do mundo. No hospital, acabou fazendo uma viagem introspectiva, na qual resolveu mudar muita coisa em sua vida.

"Fiquei 15 dias sem a minha mulher falando, sem as minhas filhas perturbando, estava sozinho, em Boston, pensei, fiz uma introspectiva e muita coisa aconteceu", disse Santos para Hebe Camargo (1929-2012), que tinha ido ao palco receber o Troféu Imprensa.

"Aliás, mulheres, não deixem seus maridos sozinhos, porque eles ficam loucos. E eu acho que voltei meio louco", completou. Entre suas ponderações, Silvio se emocionou ao dizer que se arrependia muito do que fez com a primeira mulher, Maria Aparecida Vieira Abravanel, que morreu vítima de câncer em 1977.

Quando eu me lembro da minha mulher que morreu e me lembro que eu dizia que era solteiro. Quando eu escondia minhas filhas para poder ser o galã ou poder ser o herói. Eu, quando falo com a minha consciência, acho que é uma das coisas imperdoáveis que fiz, diante de minha imaturidade.

"Hoje eu vejo as besteiras que eu fiz. E quando eu vejo alguém fazendo as besteiras que eu fazia, digo que aquela pessoa é infeliz", continuou ele.

Crise de choro

Mais adiante, após falar com Carlos Alberto de Nóbrega, Silvio, que tinha 57 anos na época, contou que "chorou feito criança" em Boston e resolveu fazer alguma coisa pelo povo.

"Eu chorei porque vi que o povo me dá amor, me dá carinho. O povo tem admiração por mim, se preocupa com a minha saúde. E eu perguntei a mim mesmo o que eu faço por esse povo. Nada, palhaçada aos domingos", enfatizou.

"Será que esse homem que tem uma rede de televisão não pode dar um pouco mais a esse povo do que o circo, no bom sentido?", questionou. Foi aí que ele decidiu entrar para a política, tentando, sem sucesso, ser candidato à prefeito de São Paulo e presidente da República nos anos seguintes.

Além de revelações sobre sua vida, Silvio disse ainda que pretendia se afastar da televisão em pouco tempo, passando o comando dos domingos para Gugu Liberato (1959-2019), que ele resgatou da Globo pouco tempo antes, justamente por medo de não poder mais atuar no vídeo.

Felizmente, as comparações de Silvio Santos com Renato Villar pararam por aí, já que o personagem morreu no final da novela. O dono do SBT, que pensava ter apenas mais oito anos de vida, continua trabalhando até hoje. Aos 90 anos, ele se prepara para retomar as gravações de seu programa após a parada forçada por conta da pandemia da Covid-19.


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