MEMÓRIA DA TV
FOTOS: REPRODUÇÃO/TV GLOBO
Tarcísio Meira e Bruna Lombardi interpretaram Renato Villar e Lúcia Brandão em Roda de Fogo (1986)
Publicado em 16/5/2021 - 7h23
Sucesso exibido pela Globo entre 1986 e 1987 e recentemente disponibilizado no Globoplay, a novela Roda de Fogo ficou marcada pela mobilização popular a respeito do destino de seu protagonista, Renato Villar (Tarcísio Meira), que iria morrer desde o início da trama.
Nos primeiros capítulos do folhetim escrita por Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, o milionário Renato é mostrado como um empresário frio e inescrupuloso, capaz de fazer qualquer coisa por dinheiro e poder. Vive um casamento de fachada com Carolina (Renata Sorrah), que sonha em fazê-lo presidente da República, e não se dá bem com os filhos, Helena (Mayara Magri) e Pedro (Felipe Camargo) --esse último bastardo.
Envolvido em um grande esquema de corrupção, sua vida começa a mudar quando ele conhece a juíza Lúcia Brandão (Bruna Lombardi), símbolo de honestidade e integridade, por quem acaba se apaixonando. Ela é o braço direito do juiz Marcos Labanca (Paulo Goulart), que sofre ameaças de Renato.
Nesse meio tempo, o empresário descobre um grave angioma no cérebro, que pode estourar a qualquer momento. Após vários exames, seu médico lhe diz que a operação é praticamente impossível e lhe dá apenas de três a seis meses de vida.
A partir daí, Renato se isola e faz um balanço de sua vida, resolvendo mudar sua atitude com diversas pessoas --uma delas é reconhecer Pedro, com quem se reconcilia. Além disso, resolve se afastar dos maus elementos que o cercam, como o advogado Mário Liberato (Cecil Thiré), que acabam se voltando contra ele ao serem demitidos e desencadeiam uma série de crimes e assassinatos.
Renata Sorrah e Cecil Thiré em cena da novela
O destino do empresário no final da novela acabou dividindo opiniões. Em 17 de fevereiro de 1987, por exemplo, a Folha da Tarde informou que fez uma pesquisa popular nas ruas da capital paulista e que uma boa parcela dos telespectadores achava que Renato deveria ser punido no final da novela.
"Ele tem que morrer no final. Eu confio mais na justiça de Deus do que na dos homens. Ele só ficou bonzinho porque descobriu que estava doente e, além disso, ninguém fica honesto de uma hora para outra. Como ele quer a verdade agora se ele sempre viveu na mentira? As comadres noveleiras podem me matar, mas eu quero que o Renato morra", comentou a comerciante Ana Zoega na publicação.
"Não acho que o Renato deva morrer. Ele já sofreu bastante e, além disso, o Tarcísio faz o personagem tão charmoso que a gente perdoa tudo. Acho que a novela vai ter um final feliz. Agora, se ele não morrer e for punido pela Justiça, eu até vou achar bom porque esse é um final que ninguém viu na vida real, apesar dos tantos escândalos financeiros que acontecem", rebateu a atriz Aldine Müller.
Mais adiante, a imprensa informou que muita gente enviou cartas e ligou para a Globo pedindo para que o personagem fosse poupado.
O Jornal do Brasil de 20 de março de 1987, data do último capítulo da produção, informou que a decisão estava nas mãos do então vice-presidente de Operações da Globo, José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni.
"É o único que tem poder sobre a morte decretada, na última quinta-feira, pelos autores Lauro César Muniz e Marcílio Moraes, pelo próprio Tarcísio, pelo diretor Denis Carvalho e pelo diretor da Central Globo de Produções, Daniel Filho", explicou a reportagem.
"Lute você também contra a morte: ligue para 294-7732. E peça ao Boni para deixar Renato vivo", completou o texto. "O público já perdoou Renato e não quer matar Tarcísio Meira, mas meu voto é que morra o personagem", declarou Carvalho ao jornal O Globo da mesma data.
Apesar dos apelos, não teve jeito. Isolado com sua amada em uma ilha deserta, Renato acabou morrendo no último capítulo, após sentir o filho se mexendo na barriga de Lúcia.
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