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DESABAFO

'A forma mais odiosa de censura é o politicamente correto', diz Boni no Roda Viva

REPRODUÇÃO/TV CULTURA

Boni em entrevista para o Roda Viva, na TV Cultura, em 14 de setembro de 2020

Boni em entrevista para o Roda Viva, na TV Cultura, nesta segunda-feira (14); diretor opinou sobre TV

ELBA KRISS

elba@noticiasdatv.com

Publicado em 15/9/2020 - 0h28

José Bonifácio de Oliveira Sobrinho, o Boni, desabafou sobre o que considera a pior coisa para se lidar nos tempos atuais da televisão. Para o empresário, um dos criadores do "padrão Globo de qualidade", a nova geração que faz TV lida com um diferente modelo de reprovação. "A forma mais odiosa de censura que eu conheço é o politicamente correto", declarou.

Em entrevista para o Roda Viva, da TV Cultura, nesta segunda-feira (14), o empresário conversou com Zeca Camargo, diretor de produção da Band, a autora Maria Adelaide Amaral, e com os jornalistas Joyce Pascowitch, Tonico Ferreira (ex-Globo) e Roberto Muylaert, ex-presidente da TV Cultura.

Em determinado momento, o atual diretor da TV Vanguarda, afiliada da Rede Globo, no Vale do Paraíba, em São Paulo, foi questionado sobre os escândalos recentes da televisão, como o caso de José Mayer e Marcius Melhem, acusados de assédio sexual e moral na Globo.

"Eu tenho pavor do julgamento precipitado. Hoje, com a pressão das redes sociais, com essa questão do absoluto e preocupação com o politicamente correto, hoje se pune, se faz e se usam essas questões todas para atingir alguém", analisou.

"Eu sou contra qualquer coisa que não dependa de grande investigação, de provas e de gravidade, e, mais ainda, as que eventualmente não possam ser corrigidas. Porque se pudesse ser corrigido, eu fico com a correção", considerou.

Questionado diretamente se desligaria Mayer e Melhem de seu quadro de funcionários como fez a Globo, Boni opinou sobre as baixas recentes. "De longe, eu não mandaria embora porque são pessoas extraordinárias. Agora, trabalhando lá dentro, eu teria detalhes, teria dados e fatos que pudessem comprovar. Se tivesse comprovação, é evidente que eu demitiria", admitiu.

Ainda sobre o tema, Vera Magalhães, apresentadora do Roda Viva, questionou se Boni estava ciente sobre os chamados "testes do sofá" dentro da Globo e o que ele já havia visto dentro desse aspecto em sua passagem pela empresa.

"A gente tem que pensar que há muito folclore. Eu não acredito que no meu tempo tivesse algum outro critério para escolher um artista que não fosse talento, competência e capacidade. Se, eventualmente, os bozós da época fizessem alguma coisa, a gente mandaria imediatamente embora", disse.

"Eu nunca tive, durante todo o período de 31 anos que passei na TV Globo, nunca ninguém entrou na minha sala dizendo 'fui assediada' no sentido de permutar a admissão, trabalho ou escalação por qualquer outra coisa, seja sexo ou amizade. Nunca entrou uma só pessoa na minha sala para fazer esse tipo de queixa", frisou.

Diante do tema, Maria Adelaide Amaral disse que é normal paixões surgirem no ambiente profissional. "Se apaixonar é normal. O que não é normal é exigir que a pessoa se apaixone por você em troca de alguma coisa", respondeu Boni.

Nesse momento, a escritora pediu a palavra para um desabafo sobre uma das questões que envolveram os escândalos recentes na televisão. "Sinto uma onda de moralismo, uma generalização, para mim absurda, que veio dos anos 1970. Fico muito chocada com esse moralismo recente", iniciou.

"O mundo está mais careta e mais chato em todos os sentidos. Essa coisa de todo mundo interferir na vida de todo mundo, dizer com quem você tem que andar, como tem que se comportar. Muito chato. Me desculpa", declarou ela.

Diante do desabafo da colega, Boni respondeu: "A forma mais odiosa de censura que eu conheço é o politicamente correto". 

Veja trechos do Roda Viva com Boni:


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