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NO PROGRAMA DO RATINHO

Dona Florinda acusa filho de Chaves de excluí-la de conversa com Televisa

REPRODUÇÃO/SBT

Florinda Meza em entrevista para o Programa do Ratinho, no SBT, em 20 de agosto de 2020

Florinda Meza em entrevista para o Programa do Ratinho na quinta-feira (20), no SBT; Chaves fora da TV

ELBA KRISS

elba@noticiasdatv.com

Publicado em 21/8/2020 - 0h10

Florinda Meza, 71 anos, a viúva de Roberto Gomez Bolaños (1929-2014), acusou o filho de Chaves, Roberto Gómez Fernández, de excluí-la das conversas com a Televisa, que determinaram o fim da exibição do seriado no SBT. "Eu soube pela imprensa. Ninguém do Grupo Chespirito, nem os filhos, nem a Televisa, ninguém falou comigo", desabafou.

Em entrevista ao Programa do Ratinho nesta quinta-feira (20), a intérprete de dona Florinda alegou que foi completamente ignorada na conversa. "Para mim, não falaram nada. E eu tenho participação criativa nisso tudo. Existem contratos na Televisa, existem roteiros na Televisa, existe toda essa minha participação. Eu sou parte das partes e ninguém me convidou para participar de alguma decisão", disse.

O tapa-buraco favorito do SBT, o seriado Chaves deixou de ser exibido no SBT em 31 de julho. O programa teve de sair da programação devido a uma briga por direitos que envolve três partes: a emissora brasileira, a Televisa e o Grupo Chespirito, que detém os direitos intelectuais dos personagens criados pelo mexicano.

O resultado disso é que o humorístico não está disponível aos brasileiros na TV aberta, TV paga (Multishow) ou streaming (Prime Video). No SBT, Chaves fazia parte da emissora desde 1984, sempre com boa audiência e repercussão entre os fãs.

"Não chegaram a um acordo econômico. O curioso do assunto é que eu sou parte dessas partes e nunca me informaram ou me perguntaram absolutamente nada. Creio que seja algo que já tinham pensado ou planejado. Para isso, minha opinião não interessava a eles", lamentou Florinda.

"Não posso explicar muito da razão para isso, porque só sei o que saiu na imprensa: que não chegaram a um acordo econômico, o Grupo Chespirito e a Televisa. É lamentável que isso aconteça. Não entendo. Eu também estou muito triste porque a gente vem sofrendo uma série de perdas", considerou.

Para Florinda, as criações de Bolaños eram um alento necessário em tempos de pandemia. "O público, o mundo inteiro tem sido atingido de forma severa. Chaves era a única coisa que nos fazia lembrar de um tempo que foi melhor. [Era] Aquilo que podíamos assistir na televisão, que nos recordava que podíamos ser ou um tempo que fomos felizes", analisou.

"O que eu digo é que mesmo sendo lamentável, não podemos esquecer a mensagem que Roberto nos deixou. Eu sei que nunca vão esquecer. Sei também que agora não podem voltar atrás da decisão, mas nunca poderão fazer com que o esqueçam", observou a viúva do comediante.

A também produtora sugeriu que os fãs de Bolaños apreciem o legado artístico do artista de outras maneiras. "Enquanto puderem, reúnam-se nas casas de quem tenha os programas gravados e assistam Chaves. Poderemos recordar todas aquelas coisas boas e os valores que eram transmitidos. Porque, em meio a tanta perda, essa é mais uma muito triste", lastimou.

"Questionada se o humorístico poderia voltar a ser exibido na televisão brasileira, Florinda se mostrou positiva para o retorno da série. "Provavelmente. Penso que há uma estratégia para tudo isso. Não pode ser que, simplesmente, digam: 'Não tenho dinheiro, não vou comprar' ou 'é muito caro, e não te pago'. Não. Nenhuma das duas coisas. Tem que haver algum jeito de resolver isso, com certeza", disse.

"Suponho que, em breve, poderá haver um acordo. Não sei, estou supondo. O que eu sei é que o público está muito triste. O mundo inteiro", declarou. Aos fãs de Bolaños, ela mandou um recado para quem, assim como ela, aguarda uma reviravolta.

"Gostaria de transmitir a todos que Chaves não se foi, nem nunca irá. Sinto que Roberto morreu, sim. Eu fiquei triste, pensava: 'Chaves morreu'. Não, ele nunca morrerá. Está para sempre em nossos corações, em nossa memória, lembranças e em nossas palavras. Talvez, depois voltaremos a assistir Chaves. E isto somente seja um momento ruim, um mal-entendido e tudo passará", finalizou.

Entenda o 'fim' de Chaves

Desde o dia 31 de julho, o SBT não pode mais exibir o mexicano Chaves, curinga da emissora há 34 anos. Mas os personagens criados por Roberto Gómez Bolaños não ficarão para sempre guardados nos cofres da Televisa. A ideia é que eles façam parte de um grande universo midiático, como ocorre com os super-heróis da Marvel.

No ano passado, durante a Mipcom, maior feira de televisão do mundo, o filho de Bolaños, Roberto Gómez Fernández, anunciou seus planos para o UMC (Universo de Mídia do Chespirito), que reunirá vários projetos diferentes sobre o ator mexicano e seus personagens. De uma cinebiografia sobre a vida do comediante a animações e novas séries baseadas em suas criações, tudo estaria ligado no UMC.

Acontece que o UMC é fruto de uma parceria entre o Grupo Chespirito (empresa de Fernández que administra o espólio de Bolaños) e a THR3 Media Group, produtora de TV e cinema que tem entre seus fundadores Bruce Boren, ex-vice-presidente da Televisa. A rede de televisão mexicana, Televisa, que exibiu o programa por anos foi deixada de lado nessa união. 

De quem são os direitos?

Como Chaves e Chapolin foram gravados pela Televisa no passado, a rede manteve os direitos sobre as fitas dos episódios antigos, que ela distribuía pelos vários canais exibidores das atrações mexicanas até o fim de julho. Em troca, ela pagava um valor para o Grupo Chespirito, responsável por toda a propriedade intelectual de Bolaños (personagens criados por ele e os roteiros dos episódios, entre outras coisas).

Evidentemente, o Grupo Chespirito pode lucrar muito mais com o universo midiático que exclui a Televisa. Mas ele sabe que o principal produto de seu portfólio é aquele que está com a rede mexicana --os episódios das séries. A especulação no país latino é que Fernández pretende aproveitar os scripts de capítulos antigos, que são seus, e regravá-los com um novo elenco. Ou seja, fazer uma nova versão de Chaves.

Com o impasse formado, Fernández decidiu, então, endurecer as negociações com a rede mexicana e pediu um aumento no valor pago pelos direitos de exibição. As duas partes não conseguiram chegar a um acordo --como Florinda Meza citou.

Veja a entrevista com Florinda Meza no Programa do Ratinho:


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