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HORÁRIO NOBRE

Desesperada, Globo faz 'cursinho' para autor de novela e convoca até demitidos

DIVULGAÇÃO/TV GLOBO

Gloria Perez está falando com alguém, ela usa blusa preta; atrás há uma estante de livros

Gloria Perez é autora de novelas da Globo: ela foi responsável por mentoria de alguns roteiristas

CARLA BITTENCOURT, colunista

carla@noticiasdatv.com

Publicado em 12/8/2023 - 7h00

A Globo estuda reeditar "para ontem" a Casa dos Roteiristas, criada em 2017 e encerrada dois anos depois. A oficina serviu para fomentar o desenvolvimento de projetos de séries, com curadoria de ideias que mereciam espaço na TV --Ilha de Ferro (2018-2019), Assédio (2018) e Além da Ilusão (2022) nasceram ali. Agora, a pressão é para encontrar autores com cacife para assinar as novelas das nove.

Em 2019, Gloria Perez ministrou um curso dentro da Casa dos Roteiristas com o intuito de lançar novos escritores na faixa mais nobre. Mas, de lá para cá, somente Lícia Manzo e Manuela Dias se aventuraram no horário --com Um Lugar ao Sol (2022) e Amor de Mãe (2019), respectivamente.

Rosane Svartman participou das aulas de Gloria Perez, mas deixou claro que não quer escrever novela no horário. Angela Chaves também esteve no projeto, mas foi demitida pela Globo no ano passado.

Desde 2020, o diretor José Luiz Villamarim é quem escolhe as novelas e as séries a que o público vai assistir na Globo. Acima dele está Amauri Soares, que em maio deste ano substituiu Ricardo Waddington no comando do Entretenimento da Globo. O ex de Patrícia Poeta fica responsável por coordenar a produção de novelas, séries e outros projetos ficcionais. Soares também toma as principais decisões sobre a programação da rede.

Assim que assumiu o cargo, o novo chefão da emissora fez uma reunião com autores e roteiristas da casa e pediu foco na criação de sinopses com apelo popular. O departamento comercial da Globo sugeriu que Amauri procurasse Silvio de Abreu e Aguinaldo Silva, que saíram da firma em 2020. Abreu ocupava o cargo de Waddington, mas pediu para sair por não concordar com os novos rumos da empresa. Já Silva foi dispensado um ano depois do fim da fracassada O Sétimo Guardião (2018).

O grande problema é o tipo de contrato que pode ser oferecido aos dois figurões: no lugar dos acordos de exclusividade, como os autores tiveram por mais de 40 anos, eles fechariam por obra. Assim, os novelistas têm que trabalhar em suas sinopses "de graça", antes de as apresentarem à Globo. Somente depois de aprovadas, elas entrariam na fila de produção e, aí sim, os escritores seriam contratados. Com 80 anos e de talento reconhecido, ambos já não precisam mais se sujeitar a esse tipo de jornada de trabalho.

Enquanto isso, a fila do horário nobre segue indefinida. Certo mesmo --apesar de a Globo não confirmar oficialmente-- é o remake de Renascer (1993), que vai ao ar depois de Terra e Paixão. Após a nova edição da novela rural, que será escrita por Bruno Luperi, o futuro é incerto. Ricardo Linhares e Maria Helena Nascimento tiveram uma sinopse aprovada, mas a direção pediu algumas adaptações para redução de custo. João Emanuel Carneiro também apresentou um projeto, mas o sinal verde ainda não foi dado.


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