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CULTURA POP

De Renascer a Rensga Hits!, 2024 tem tudo para ser o ano do sertanejo na TV

REPRODUÇÃO/TV GLOBO

Humberto Carrão (à esquerda) e Alice Wegmann (à direita)

Humberto Carrão e Alice Wegmann: atores vão estrelar a novela Renascer e Rensga Hits! na Globo

IVES FERRO

ives@noticiasdatv.com

Publicado em 2/1/2024 - 6h10

Se a aposta da Globo para fisgar o público em 2023 foram as tramas rurais, em 2024 a tendência virá com mais força ainda. A emissora descobriu uma mina de ouro que pode ser facilmente explorada para agradar o público fora do eixo Rio-São Paulo: histórias familiares de disputas por terra, com paisagens naturais e música sertaneja. O efeito rural começa a atingir até o streaming com séries de sucesso como Rensga Hits!, do Globoplay, e Cangaço Novo, do Prime Video.

No dia 22, o público conhecerá na Globo a nova versão de Renascer, que virá após o fim de Terra e Paixão --trama de Walcyr Carrasco que amargou na audiência ao trazer personagens do Centro-Oeste do Brasil. A emissora reservou o horário das 18h para No Rancho Fundo, outra trama rural, mas adiou para 2025 Guerreiros do Sol, releitura da história de Lampião e Maria Bonita que irá para o Globoplay.

A ascensão não apenas do sertanejo, mas também do estilo de vida rural, não é por acaso. Bia Crespo, roteirista de Rensga Hits!, argumenta que o tema tem feito sucesso no Brasil há muitos anos. O problema é que as produções das grandes emissoras, sempre focadas no Sudeste, pecavam na abordagem por falta de diversidade nas equipes.

"O cenário rural eu acredito que seja um ótimo respiro para quem mora em grandes cidades e quer se desconectar do caos quando liga a TV", conta a roteirista, em entrevista ao Notícias da TV.

"É um gênero que veio para ficar. Por mais que muita gente torça o nariz, o sertanejo ainda é o estilo que mais gera identificação na população brasileira, especialmente na parte do país que não costuma se ver tanto na cultura popular [Centro-Oeste]. É um público que agora começa também a se ver nas telas", acrescenta.

Assim como as telenovelas, o sertanejo também se reinventou. Houve o tempo dos modões que entoavam saudades da roça, depois as notas românticas dos anos 1990, o universitário, e agora o feminejo. Não à toa, a cantora Yasmin Santos deu voz à canção Ciclo Vicioso, tema de Maria Bruaca (Isabel Teixeira) em Pantanal (2022). A personagem sofredora roubou o protagonismo da novela e gerou identificação com quem assistia à TV.

"O objetivo dessas histórias continua sendo falar com o maior público possível, então não acredito que seja um problema. Mesmo com protagonismo masculino, essas narrativas geralmente trazem personagens femininas interessantes e que instigam o carinho do público", aponta.

Boas histórias têm o poder de ultrapassar barreiras. Se os temas são universais, não faz tanta diferença a crença política ou social de quem está assistindo. Se a pessoa for tocada pela narrativa e se identificar com um personagem que pensa de forma diferente, é porque fizemos corretamente nosso trabalho.

Queda de audiência na TV aberta

O agro e sertanejo, no entanto, não conseguiram sustentar a audiência da televisão, que despencou ao longo do ano. Bia Crespo não acredita que as novelas ou produções brasileiras estão fadadas ao fracasso, mas ainda é preciso entender quais os gostos do novo público que consome esse produto.

Pantanal por exemplo, foi certeiro, mas Terra e Paixão andou na corda bamba. Ambos tratam temáticas semelhantes, com cenários rurais e muito sertanejo. A trama de Bruno Luperi era mais ousada e convidava o telespectador a refletir sobre os conflitos retratados. Já o folhetim de Walcyr Carrasco entregou um texto simples, sem rodeios, e por vezes repetitivo.

Audiência de novelas tem uma tendência a subir e baixar de acordo com a época, mas não acredito que esse formato está perto do fim, nem que um dia vá deixar de existir. 

"Faz anos que se discute a possível extinção das novelas e, ainda assim, existem fenômenos de cultura pop como o remake de Pantanal, exibido em uma época em que as pessoas tinham todos os streamings à disposição, mas escolhiam ligar na Globo diariamente", discursa Bia Crespo.

"Vai na Fé (2023), novela da própria Rosane, foi outro sucesso recente. Vivemos em uma sociedade polarizada, caótica e cheia de opções de entretenimento, então está mais difícil para os autores se conectarem com o grande público", explica a roteirista de Rensga Hits!.

Bia aponta que o fenômeno mais recente da cultura pop sertaneja é a cantora Ana Castela. Marília Mendonça (1995-2021) ainda segue muito consumida, mas a tendência é de que o público acompanhe a novidade com anseio de encontrar o que escuta nas músicas.

"Sertanejo e audiovisual têm tudo a ver porque ambos contam histórias. A música sertaneja é extremamente visual e narrativa. É quase como se o cantor estivesse contando uma anedota para o ouvinte. Como diria Naiara Azevedo, 'essa história aconteceu comigo'. Além disso, essas músicas tratam de dramas universais como saudade, família, amor e coração partido, temas que são a base das telenovelas e séries", conclui.


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