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Quebrando o Tabu

Com prostituição, aborto e racismo, nova série da TV paga quer incomodar

Divulgação/GNT

Série Quebrando o Tabu, no GNT, terá episódio que escancara o racismo no Brasil - Divulgação/GNT

Série Quebrando o Tabu, no GNT, terá episódio que escancara o racismo no Brasil

FERNANDA LOPES

Publicado em 13/8/2018 - 5h20

Quebrando o Tabu, nova série do GNT que estreia nesta segunda (13), pretende deixar o público desconfortável e com um novo entendimento do mundo ao seu redor, independentemente de suas visões e crenças. O programa derivado da página homônima do Facebook apresentará depoimentos e panoramas sobre temas muito espinhosos, como racismo, prostituição e aborto. A ideia é fazer os telespectadores saírem de suas bolhas.

"Em todos os episódios a gente falou com pessoas contra e a favor. Nossa intenção é expandir essa bolha, falar com o maior número de gente [telespectadores] possível, não só com quem se interessa por direitos humanos. São temas polêmicos, então a gente tenta chegar com respeito e trocar uma ideia, sempre levando em consideração fatos, pesquisa, ciência, e deixando moral e crenças de lado", explica Guilherme Melles, diretor-geral da série.

Com dez episódios, Quebrando o Tabu é derivada da página que tem mais de 9 milhões de seguidores no Facebook e compartilha notícias e manifestações de temas ligados a direitos humanos.

A parceria com o GNT começou há um ano, e cada um dos episódios traz, em cerca de 40 minutos, conteúdo aprofundado sobre algum assunto. Eles falam sobre aborto, racismo, privatizações, privacidade na internet e prostituição, por exemplo.

"O episódio de prostituição eu acho muito interessante, porque ele une feministas que são contra e a favor. Foi muito surpreendente, na minha cabeça era algo mais óbvio, mas tem muita complicação. E gosto muito também do episódio Racismo e Resistência. É o que dá mais tapa na cara. Foi dirigido por uma mulher negra e é porrada, tem falas muito fortes, deixa essa barbaridade bem escancarada", opina.

Os episódios têm como base depoimentos de pessoas envolvidas nesses assuntos, inclusive de personalidades da política e da cultura, como o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ministro do Supremo Tribunal Federal Luís Roberto Barroso, a atriz Bruna Linzmeyer e o cantor Gilberto Gil.

Além deles, as narrações em off também são feitas por vozes conhecidas do público: a atriz Taís Araújo, o cantor Seu Jorge e o youtuber Vitor diCastro.

divulgação/gnt

Em todos os episódios de Quebrando o Tabu há depoimentos de diferentes perspectivas

Essa é a segunda inserção do Quebrando o Tabu no audiovisual. A página passou a ser conhecida nas redes sociais em 2011, quando o documentário de mesmo nome, sobre a complexidade das drogas e da possibilidade de legalização, foi lançado e fez sucesso instantâneo. Produzido e dirigido por Fernando Grostein, irmão de Luciano Huck, foi exportado para 22 países.

De lá para cá, a marca cresceu muito e ganhou uma legião de haters no Facebook. O que o diretor não acha ruim, pelo contrário: até convidou um "inimigo" da página para dar seu depoimento na série.

"Eu acho que, se você não tem haters, não está fazendo seu trabalho direito. Para o episódio sobre controle de armas, fomos atrás de pessoas que nos odeiam, [gravamos com] um cara que xinga a gente no Twitter o dia inteiro", conta.

"Desde sempre a gente tentou não ser extremo de nenhum lado. A nossa única defesa são os direitos humanos, dessas pautas a gente não abre mão. Aí a má interpretação é que esses assuntos são muito ligados a causas de esquerda. Os extremos nos odeiam, mas acho que a gente conseguiu conquistar [ao longo dos anos] o respeito de quem não é extremista", espera.

Para o diretor, a maior preocupação desse projeto foi torná-lo agradável para o público. Chefe de conteúdo do Quebrando o Tabu, ele quer que as pessoas se informem, mas também se divirtam.

"Como você vai falar de privatização de um jeito que a pessoa não queira dar um tiro na própria cabeça enquanto estiver assistindo? A gente quer mesclar conteúdo informativo com entretenimento, tornar aquilo uma coisa interessante, agradável. Queremos fugir da palavra documentário. Essa é a marca do Quebrando o Tabu,  entretenimento primeiro, mudança social depois. Uma coisa depende da outra", conclui.

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