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AMAURI SOARES

Chefão da Globo nega veto a beijo gay e explica retomada do humor após Melhem

Camila Cara/EF Studio

Amauri Soares segura um microfone e fala em evento

Amauri Soares é diretor dos Estúdios Globo, da TV Globo e Afiliadas desde 1º de junho

REDAÇÃO

redacao@noticiasdatv.com

Publicado em 30/6/2023 - 8h09
Atualizado em 30/6/2023 - 8h31

No comando dos Estúdios Globo, da TV Globo e das Afiliadas desde a saída de Ricardo Waddington em 1º de junho, Amauri Soares tem como missão reforçar a estratégia multiplataforma da empresa e incentivar o desenvolvimento de ideias. Uma das decisões foi retomar o núcleo de humor --afetado desde a demissão de Marcius Melhem após acusação de assédio sexual-- e criar a Direção de Gênero Auditório. Ele também já teve de lidar com questões delicadas, como a censura a beijos lésbicos em Vai na Fé.

Já no início de sua gestão, Soares foi alvo de críticas pelos vetos às cenas de beijos de Clara (Regiane Alves) e Helena (Priscila Sztejnman). "Eu acho que aconteceu dos muros da TV para fora. Eu estou aqui faz um mês, não baixei nenhuma medida de caráter editorial, artístico, de proibição de assunto. Nunca baixei e jamais baixarei, não é assim que a gente trabalha", defendeu-se em entrevista a Guilherme Ravache no Valor Econômico.

"Abordar temas sensíveis e complexos da sociedade exige preparo e, sobretudo, diversidade de visões. Veja o exemplo do Big Brother. Nas últimas temporadas, os temas sensíveis da sociedade estiveram muito presentes. Racismo, preconceito de gênero, relacionamentos abusivos, preconceito religioso. E todos os temas foram tratados de forma transparente, didática até", exemplificou.

"O preparo para lidar com estes temas vem de investimento em diversidade, no diálogo, em uma escuta aberta e sensível, em capacitação. Isso é andar com a sociedade e refletir na tela as principais questões sociais do nosso tempo continuam sendo objetivos da dramaturgia da Globo. Não há nenhum tema que não possa ser abordado, e alguns temas devem ser tratados a fim de que possamos vencer preconceitos. Abordar os temas de forma adequada faz parte da nossa missão como comunicadores", declarou ele.

Novos núcleos

Amauri Soares explicou por que decidiu retomar a produção de humorísticos: "Criamos o núcleo de humor. A Globo, historicamente, teve produção de humor. A gente é capaz de contar a história da Globo aqui nesses anos todos falando dos produtos de humor ano a ano, por 60 anos. A história da televisão é marcada por isso. Nós não tínhamos uma direção de gênero de humor. A gente tinha um núcleo de humor dentro do gênero de dramaturgia. Era o Silvio de Abreu o diretor de gênero, e o Marcius Melhem estava lá".

O diretor admitiu que a saída conturbada de Melhem afetou o núcleo. "Houve todo esse episódio envolvendo o gênero de humor, e eu não posso negar a você que esse episódio gerou uma interrupção, um gap no nosso pipeline [fluxo] de sugestões e desenvolvimento de projetos. E perdemos um tempo precioso no andamento desses projetos", afirmou.

"Como eu acho que o humor é superimportante para o nosso mix, para a grade da TV Globo, para o Globoplay, e é um gênero muito importante para compor nossas entregas, eu convidei a Patricia Pedro. A gente criou o gênero humor para que ela seja esta pessoa que vai restabelecer o pipeline e ter projetos e propostas de projetos de humor em todas as frentes, todos os fóruns, para todas as plataformas", comentou ele.

Além disso, foi criada a Direção de Gênero Auditório, sob a direção de Mônica Almeida, para organizar as produções de Domingão com Huck, Caldeirão com Mion e Altas Horas.

"Aqui nos estúdios a gente vivia uma fragmentação. Havia um programa de auditório respondendo ao gênero realities, outro ao variedades... Na minha visão, essa fragmentação gerava falta de representação do gênero nos nossos processos internos", explicou.

"Quando a gente sentava para pensar em novos projetos, quando recebia novas encomendas dos nossos clientes internos, a gente tinha dificuldade de trazer projetos de auditório porque não havia uma estrutura, não havia uma esteira, um processo para gerar essas ideias ,como sempre houve para dramaturgia, para variedades, para realities", complementou Soares.

O diretor ressaltou que É de Casa, Encontro e Mais Você ficaram de fora do novo hub por trabalharem mais com atualidades: "Os nossos matinais são programas de atualidade. O que define o território deles é o conteúdo, é a pauta. Então, por exemplo, se houve um acidente com o submarino, esses programas repercutem essa notícia. Se tem uma crise na Rússia, eles explicam a questão para o público. O Domingão do Huck não tem nenhuma obrigação de dialogar com a atualidade. A entrega dele é diversão, entretenimento, alívio, leveza, família reunida. O recorte é pelo conteúdo".

Demissões e corte de custos

Soares explicou que a empresa precisou adquirir novos conhecimentos e tecnologias para se adequar à realidade media tech. "Isso exigiu investimento em novas disciplinas e em novos perfis de pessoas. A empresa tem um comprometimento com meta, com resultado, meta de custo, meta de margem. Isso exigiu escolhas. E, como recomenda qualquer gestão de bom senso, você deve focar nas suas prioridades", afirmou.

"O que você viu nesses últimos movimentos da empresa foram movimentos dela se adaptando para endereçar suas prioridades dentro da sua disciplina de custos. É essa empresa se preparando para o futuro", completou.

Por isso, a Globo tem dispensado seu elenco fixo e optado por fazer contratos por obra --com a intenção de enxugar a folha de pagamento e evitar que funcionários recebam salários sem estar trabalhando. "Foi uma transformação para que houvesse uma adaptação às demandas do mercado e à própria comunidade artística", explicou ele.

O talento contratado era exclusivo da Globo. Fazia uma novela, fazia uma série, passava um tempo esperando para fazer outra coisa. Por isso, sempre houve uma reivindicação dos talentos para que tivessem mais liberdade para fazer outras coisas em outros lugares. E do nosso lado, entendemos que este modelo de exclusividade, um estoque de talentos exclusivos, é um modelo muito custoso e pouco produtivo.

"E já evoluímos muito, essas mudanças começaram há uns cinco anos e fomos bem-sucedidos. Vamos manter um grupo pequeno de talentos de longo prazo, que tem compromisso, identificação, compromissos já assumidos de gravação", decretou.

"E [vai existir] um grupo maior no mercado que a gente vai contratar, vai fazer uma obra, quando terminar, poderá fazer outras coisas fora da Globo e depois fazer uma outra produção conosco. Assim a gente passa a operar num modelo parecido com o modelo americano e, na verdade, como o mercado internacional todo opera, no qual o talento circula mais e vai fazendo projetos em diferentes plataformas", explicou o executivo.

Amauri Soares citou o exemplo de Lázaro Ramos, que assinou com a Globo para interpretar Mário Fofoca no remake de Elas por Elas mesmo tendo um acordo com o Prime Video.

"Em mercados maduros, avançados de audiovisual, sempre foi assim. Mercado americano, europeu, canadense, o talento faz contrato por obra. Mas a gente ainda vai ter uma convivência com um grupo com contrato de prazo longo e outro, bem maior, por obra", arrematou ele.

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