Justiça
Reprodução/RedeTV!
Netinho de Paula desfere soco na orelha de Rodrigo Scarpa, o Vesgo do Pânico, em novembro de 2005
DANIEL CASTRO
Publicado em 1/4/2019 - 6h27
Treze anos depois de levar um soco na orelha desferido por Netinho de Paula, o humorista Rodrigo Scarpa ganhou um novo processo contra o cantor. Na última quinta-feira (28), os desembargadores da 23ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo condenaram o pagodeiro e ex-apresentador de TV a indenizar o Repórter Vesgo em cerca de R$ 18 mil por tê-lo acusado de racismo em uma entrevista a Rafinha Bastos, em 2014.
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É a segunda condenação de Netinho pela agressão a Scarpa diante das câmeras do Pânico na TV, em 20 de novembro de 2005, na premiação do Troféu Raça Negra, em São Paulo. Naquele dia, o cantor celebrava o Dia da Consciência Negra e a inauguração da TV da Gente, uma aventura no campo da radiodifusão que não durou muito.
"Você está abrindo o canal agora? Pra todo mundo, pra todas as pessoas assistirem?", perguntou Vesgo. O cantor imediatamente demonstrou irritação com a abordagem de duplo sentido. Estimulado por amigos que o rodeavam (entre eles Mano Brown), reagiu. "Olha, tô falando sério com você. Não me tira, não! Não me tira, não!", falou, emendando um soco na orelha de Scarpa. Veja:
Defendido por Sylvio Guerra, o advogado das estrelas, Scarpa ganhou em 2010 uma indenização de R$ 45 mil (em valores da época) pela agressão. O caso já era uma página virada no livro do lado B da TV brasileira quando Netinho de Paula, em outubro de 2014, deu uma entrevista ao Agora É Tarde, da Band, e justificou a agressão como resposta a um suposto gesto racista.
"Tem algumas coisas que comigo não dão certo: racismo. Eu sou um defensor da questão étnica racial no Brasil. Cresci sofrendo muito em relação a isso. Não admito brincadeiras e piadas com questões racistas. E, naquele dia, era o Dia da Consciência Negra, ele foi fazer uma piada muito desagradável", afirmou. No vídeo abaixo, a declaração começa no 13° minuto:
Scarpa processou novamente Netinho de Paula, argumentando que o pagodeiro o "difamou em rede nacional, sugerindo que fosse uma pessoa racista". A ação foi julgada improcedente, porque o juiz entendeu que os danos já haviam sido reparados na ação pela agressão propriamente dita.
Sylvio Guerra recorreu ao Tribunal de Justiça de SP, defendendo que houve um novo crime, pela acusação de racismo, e foi bem-sucedido. "Houve calúnia, pois o autor [Scarpa] foi acusado publicamente de um crime que não cometeu, atingindo sua honra objetiva", confirmou o desembargador J.B. Franco de Godoi, relator do caso.
Godoi fixou a indenização por danos morais em R$ 15 mil (R$ 18.155,21 atualizados). Cabe recurso da decisão do TJ-SP.
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