Bastidores de Vale o Escrito: Mãe convenceu Bernardo Bello a falar na série

A Globo já deu o sinal verde para a equipe de Vale o Escrito - A Guerra do Jogo do Bicho preparar a segunda temporada da série documental. A continuidade do projeto, no entanto, ainda depende de negociações com os entrevistados, que deram alguma dor de cabeça para os profissionais. O bicheiro Bernardo Bello, por exemplo, só aceitou falar na série por causa de uma tietagem de sua mãe, que é apaixonada por Pedro Bial.

"Fomos até a Colômbia, onde o Bernardo Bello estava preso. Ele prometeu que daria a entrevista se voltasse para o Brasil e cumpriu. Mas só falou porque a mãe dele era fã do Bial. Ele disse que só daria entrevista pra gente por causa disso, porque a mãe tinha falado que no Bial ele podia confiar", contou Monica de Almeida, diretora de gênero e auditório da Globo, que esteve à frente do projeto supervisionado pelo jornalista.

A executiva falou sobre o assunto no painel Séries e Docs: Novas Narrativas, no Festival Acontece, realizado nos Estúdios Globo na última semana. Ela e sua equipe já estão atrás de novos personagens para a tão pedida segunda temporada da série. "Vamos fazer! Nós também queremos muito as melhores histórias para contar", disse ela.

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Monica revelou que não foi nada fácil convencer os personagens a falar e que Shanna Garcia, a ex-cunhada de Bernardo Bello, por exemplo, só aceitou dar entrevista quando a série já estava quase toda pronta --o que significou mexer em praticamente tudo para acrescentar as falas dela.

"Nós perseguimos a Shanna! Fomos atrás dela na hípica, em um café... Uma loucura. E ela não queria falar, não acreditávamos mais que ela falaria. E ela aceitou aos 45 do segundo tempo. Ainda bem que o Globoplay nos deu mais tempo", contou.

A diretora sempre acreditou que o material que tinha em mãos despertaria interesse no público: "O que mais ouvia da equipe era: 'Mas parece uma novela!'. Sim, as histórias pareciam de novela. Imagina uma mulher chamada Shanna com uma irmã gêmea, brigadas, casada com um cara chamado Zé Personal. Não parecia mesmo real".

Após a excelente repercussão do trabalho --a série ficou entre os conteúdos mais vistos da plataforma--, Monica Almeida recebeu feedback positivo de alguns entrevistados. "Sei que a Shanna gostou, quer até se lançar nas redes sociais. Piruinha [o bicheiro José Caruzzo Escafura] adorou também. Vive falando: 'Nossa, eu falo muito bem', 'Sou maravilhoso'. Mas acho que teve gente que não gostou. Não sei. Não falei com todo mundo", disse a executiva.

A Globo quer contar nos novos episódios partes ainda não abordadas de personagens citados com recorrência na série, como Marcos Falcon, ex-presidente da escola de samba Portela, e Luizinho Drumond, dirigente da Imperatriz Leopoldinense. Falcon teve um fim trágico em 2016, quando morreu a tiros em Madureira após sofrer outros atentados.

Morto em 2020 vítima um AVC (acidente vascular cerebral), Drumond foi condenado em 1993 pelo envolvimento no jogo do bicho e na orquestração de mortes de rivais. Ele era envolvido com outros personagens que já apareceram no documentário: Castor de Andrade, Capitão Guimarães e Anísio Abraão David.

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