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NO A&E

Série escancara intolerância e sexismo nos bastidores do concurso Miss América

DIVULGAÇÃO/A&E

Mallory Hagan em entrevista para o Segredos do Miss América

Mallory Hagan venceu o Miss América em 2013; ela foi vítima de assédio da organização

JOSÉ VIEIRA

jose@noticiasdatv.com

Publicado em 21/10/2023 - 10h00

O Miss América é um dos mais tradicionais concursos de beleza dos Estados Unidos. Criada em 1921, a competição tem passado por reformulações para se adaptar à modernidade e extinguir os ideais sexistas de sua formulação. A série documental Segredos do Miss América, do canal A&E, expõe a intolerância presente nos bastidores da instituição.

O documentário de quatro episódios, que estreia neste domingo (22) no Brasil, foi produzido por Suzanne Lavery. Em um evento para a imprensa que contou com a participação do Notícias da TV, ela explica que a produção cria uma panorama sobre o que é ser uma mulher estadunidense nos últimos cem anos, a partir dos testemunhos de campeãs do concurso.

"Analisar a história do Miss América e coletar a história das próprias campeãs é uma forma muito interessante de mostrar não só o que significa estar no topo da beleza, mas também todos os problemas e desafios que enfrentam, tópicos com os quais as mulheres podem se identificar. É uma forma incrivelmente glamorosa de explorar o que significa ser mulher", relata.

Desde os anos 1940, as vencedoras do concurso são premiadas com bolsas de estudos. Apesar do propósito inicial de empoderar mulheres, o machismo presente no histórico do Miss América afastava a organização de um caminho que preza pela liberdade feminina.

Em 2017, e-mails enviados por membros do Conselho de Administração do concurso vazaram na mídia internacional. Nas mensagens, candidatas eram referenciadas de forma sexista. Mallory Hagan, campeã do Miss América em 2013, era a principal vítima nas mensagens divulgadas. O drama psicológico vivenciado por ela é abordado no documentário.

"Para nós, era importante contar como uma organização que supostamente deveria empoderar e ajudar mulheres a conquistarem suas melhores versões, que concedia bolsas para que pudessem ter uma boa educação e carreira, tinham produtores que as assediavam", detalha Suzanne. "Mallory foi muito valente ao compartilhar suas histórias."

Após a polêmica, a organização passou por uma reestruturação. O Miss América 2.0, como é chamado atualmente, foi iniciado em 2018. A extinção do desfile de biquínis, no ano seguinte, cravou a renovação do concurso --influenciada pelo Me Too, movimento contra o assédio e agressão sexual.

Gretchen Carlson, presidente do conselho dos curadores e ex-Miss América, afirmou na ocasião: "Não somos mais um concurso de beleza. Miss América representará uma nova geração de líderes femininas focadas no estudo, impacto social, talento e empoderamento. Estamos vivendo uma revolução cultural em nosso país".

O que falta para a modernização?

Caressa Cameron Jackson venceu a competição em 2010. A participante afro-americana sofreu com a falta de preparo da produção para lidar com a diversidade racial. O Miss América só passou a aceitar candidatas negras em 1970. "A organização não estava preparada para ter cabeleireiros que poderiam cuidar do cabelo de pessoas negras", lamenta.

Apesar de reconhecer os esforços para a modernização do Miss América, Caressa pontua que ainda há um longo caminho pela frente. "Acredito que a diversidade tem que começar de cima para baixo. Era uma organização de mulheres durante muito tempo, mas mulheres brancas. 90% dos diretores locais e da organização Miss América são brancos e têm mais de 55 anos".

Até que comece haver diversidade na liderança, será muito difícil chegar às comunidades das quais não fazem parte. Precisamos de membros do conselho que representem a sociedade em termos de idade, etnia, orientação sexual. Tem de ser uma prioridade para os diretores locais e estaduais considerarem uma perspectiva demográfica mais ampla das mulheres do que aquela que estão a considerar.

O concurso Miss Universo 2023 conta com duas candidatas transexuais: Marina Machete, de Portugal, e Rikkie Kollé, da Holanda. Caressa opina que a organização norte-americana está longe de atingir o feito, devido ao seu contexto histórico.

"Temos tanto para fazer com coisas mais regulares que acredito que não estão prontos para abrir o jogo e incluir mulheres trans. Os fãs do concurso são um pouco arcaicos e, como consequência, seria um pouco difícil realizar essa transição", completa. Ela espera que o documentário possa abrir possibilidades de uma maior representatividade de gênero na instituição.

Os dois primeiros episódios de Segredos do Miss América serão exibidos neste domingo, a partir das 21h45, no A&E. Assista ao trailer:


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