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Na minissérie Assédio

Atrizes passam mal em série sobre médico estuprador: 'Todas nós choramos'

Ramón Vasconcellos/TV Globo

As atrizes que interpretam vítimas de estupro na minissérie Assédio sofreram e até tiveram pesadelos - Ramón Vasconcellos/TV Globo

As atrizes que interpretam vítimas de estupro na minissérie Assédio sofreram e até tiveram pesadelos

FERNANDA LOPES, no Rio de Janeiro

Publicado em 20/9/2018 - 6h06

As mulheres que trabalharam nas gravações da minissérie Assédio tiveram que se esforçar para aguentar as cenas mais pesadas (que são muitas). Com trama baseada nos abusos sexuais do médico Roger Abdelmassih, atrizes, autora e diretora da atração sentiram muita tristeza e mal-estar ao representar essa história, que estreia no GloboPlay nesta sexta (21). "Todas nós choramos", confessou a diretora Amora Mautner.

"Quando a gente assistiu aos estupros em cena, a gente passou mal, aquilo gerou na gente um tipo de mal-estar que só mulher pode sentir. A gente sabia que não podia fazer cenas de estupro sensacionalistas, porque de repente vira algo meio fetiche. Propomos algo em que escolhemos quando e onde vamos revelar violência", explicou Maria Camargo, autora de Assédio.

Na pré-estreia da minissérie, realizada para imprensa e equipe de atores e colaboradores na segunda (17), muitas convidadas choraram ao verem a primeira cena de estupro do antagonista (interpretado por Antonio Calloni) contra uma paciente, vivida por Adriana Esteves.

"Nessa cena não tem nudez, não tem nada, o sofrimento é no close da personagem, e o mais horroroso é o tempo que ela passa ali [sendo abusada]", disse Amora Mautner, diretora da série.

Monica Iozzi foi uma das mais emocionadas na sessão. Em seu primeiro papel dramático na Globo, a atriz interpreta Carmen, uma mulher violentada pelo médico que depõe contra ele no tribunal.

"É difícil falar, minha personagem é vítima. Acho que nosso trabalho tem uma coisa muito intuitiva, eu tento me colocar na situação da personagem, mas sempre busco me distanciar do que ela está vivendo [quando saio de cena]. Pela primeira vez, fazer isso foi muito difícil. Sabendo que é tudo baseado em uma história real, e com o desfecho que teve, é ainda pior", relatou Monica, com a voz embargada.

Produzida pela Globo e pela produtora O2, Assédio é inspirada na história do médico especialista em reprodução humana Roger Abdelmassih, acusado de abusar de pacientes sedadas de sua clínica e condenado a 181 de prisão pelo estupro de 37 delas. Após fugir do país e passar três anos foragido, ele foi preso e há um ano cumpre prisão domiciliar por ter problemas cardíacos.

A atração acompanha 13 anos da vida do médico, do auge de sua clínica de reprodução humana às denúncias e derrocada profissional e pessoal. Sem mostrar sexo explícito, a minissérie tem cenas intensas de estupro, com foco na vulnerabilidade, nas expressões e nos relatos de dor das personagens violentadas.

Ramón Vasconcellos/TV Globo

Jéssica Ellen teve pesadelo ao ler o roteiro de Assédio

A atriz Jéssica Ellen vive Daiane, uma assistente violentada pelo médico, e começou a sofrer antes mesmo de gravar suas cenas. "Quando li o roteiro tive pesadelos, chorava que nem louca, falava: 'Meu Deus, por que isso está vindo pra mim nesse momento?'."

"Quando Daiane sofre atentado sexual e foge, a única coisa que me veio na cabeça são as minhas ancestrais [negras, escravas] que foram estupradas. Foi muito difícil fazer essa personagem, estou tremendo. É muito desafiador mexer em dores antigas. Mas me sinto muito honrada", revelou a atriz de 26 anos.

Mas, além do choro, todas as atrizes que interpretam vítimas do estuprador têm em comum o orgulho de representarem as mulheres reais que o denunciaram. Ao longo de dez episódios, a atração desenvolve a história de união delas contra o criminoso.

"[A minissérie] Não é sobre sexo, erotismo, fetiche, é sobre dor. Essas mulheres morrem um pouco [ao serem estupradas]. A história é muito maior do que só ver corpo ou peito [na TV]", opinou Paolla Oliveira.

"Não existe erotização na minissérie. Estupro é um crime de ódio, tem a ver com poder, é colocar a mulher em posição de completa submissão e humilhação. Geralmente essas histórias mostram muito o lado do criminoso, mas a gente mostra como mulheres são fortes, resistiram, conseguiram denunciar isso e reagir. A minissérie celebra a força das mulheres", declarou Monica Iozzi.

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