Ator mirim em Salve Jorge, Fred Volkmann sonha com volta à TV: 'Caminho que quero'

Aos 20 anos, Fred Volkmann atrai alguns olhares curiosos por onde passa. Fora das novelas desde Novo Mundo (2017), o ator, que estreou na TV aos sete, sempre deixa o telespectador boquiaberto quando é reconhecido. Seu trabalho mais marcante foi na pele de Ekran, o filho de Zyah, papel de Domingos Montagner (1962-2016), em Salve Jorge (2012).

"Como a maioria das pessoas me via na TV quando criança, são normais hoje em dia as reações como 'caramba, você já é um homem', ou 'nossa, eu te via pequenininho'. É quase aquela tia distante que aparece só no Natal e sempre fala 'nossa, eu troquei sua fralda, te peguei no colo'. E esse carinho é lindo", diverte-se Fred. É assim a reação de parte do público que comparece ao Quarta de Quina, um espetáculo de humor idealizado por ele, em cartaz na Cidade das Artes, no Rio de Janeiro. 

Na peça, dirigida por João Polessa Dantas --filho de Zezé Polessa e Daniel Dantas--, Fred e mais quatro atores se revezam para falar de forma descontraída sobre assuntos importantes, como violência policial, machismo, gravidez na adolescência, drogas, terapia e muitos outros assuntos. Marcelo Adnet se juntará ao grupo para uma participação especial na apresentação desta quarta-feira (17).

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"Eu acredito muito no humor como uma ferramenta pra tornar leve aquilo que normalmente é incômodo, ou que é sério demais pra rirmos sobre. Os humoristas que participam do espetáculo têm recortes sociais extremamente diferentes e competência pra falar sobre suas realidades. E é essa competência que a gente usa pra poder fazer o público rir e ao mesmo tempo questionar o que não é falado, ou, se falado, normalmente difícil de ouvir", diz Fred ao Notícias da TV.

O ator sonha em voltar logo para a televisão. Com pouco menos de 30 mil seguidores em sua rede social, Fred sabe que, atualmente, esses números andam importando mais do que a experiência e o talento. Mas, otimista, ele não se abala e tenta se adequar aos novos tempos.

reprodução/tv globo

Fred e Montagner em cena de Salve Jorge

"Eu penso que é inútil para nós, atores, tentarmos andar na contramão do mercado. Se não inútil, pelo menos muito difícil. Claro que, como artista, eu valorizo mais a qualidade técnica de um profissional do que seus seguidores e alcance nas redes sociais. Mas entendo quando um projeto de streaming ou de televisão vê de outra forma", pondera.

"Muitas coisas vão influenciar nas decisões da direção de elenco ao escolher profissionais pros seus projetos, como por exemplo o público-alvo ou a densidade da história que você busca contar. Entendo que, um projeto que valoriza mais a qualidade técnica do seu elenco do que a influência dele nas redes sociais, vai buscar atingir um determinado público que valorize as mesmas coisas", avalia.

Ciente das dificuldades dos novos tempos, o ator bem que tentou ter um plano B longe da arte. Fred passou para Políticas Públicas na UFF (Universidade Federal Fluminense), mas mudou de ideia e foi fazer Artes Cênicas na Casa das Artes de Laranjeiras (CAL).

"Achei que poderia levar a arte comigo onde quer que eu fosse, em segundo plano, que precisava trabalhar com outra coisa e usá-la como uma ferramenta onde eu estivesse. E aquele era um momento em que eu tinha muitos anseios políticos, achava absurdo tudo que estava acontecendo no país. Aí achei uma boa ideia fazer uma faculdade que me faria trabalhar com política. E em algum momento eu pensei: 'Por que eu tô fazendo isso comigo?'. E entendi que se não for para ter a arte como norte da minha vida nada do que eu fizer vai fazer sentido", emociona-se.

REPRODUÇÃO/INSTAGRAM

Sergio Malheiros e o irmão, Fred

Enquanto sua volta à TV não acontece, o irmão de Sergio Malheiros e cunhado de Sophia Abrahão idealiza projetos independentes com o casal. "É um privilégio enorme ter na família artistas tão complexos e versáteis como eles. São, inclusive, influências muito fortes na minha personalidade como criador", exalta.

"Meu irmão foi a primeira pessoa que eu vi, dentro de casa, tendo ideias e as colocando em prática, tirando projetos do papel. Foi ele a minha primeira inspiração, meu primeiro ídolo. E ainda por cima se casou com outra força da arte que é a Sophia, que desde sempre esteve disposta a compartilhar comigo tudo o que sabia, todas as suas referências, e me abraçou como uma irmã. Então, sem dúvidas tem um pouco de influência deles em tudo que eu faço. Foram e continuam sendo uma grande fonte de inspiração e de incentivo para mim."

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