Apresentadores do Top Chef superam atrito do passado para trabalharem juntos

"Embuste" e "ultrapassado". Foram esses o termos usados por Ailin Aleixo para avaliar o trabalho de Felipe Bronze em uma crítica gastronômica, publicada em janeiro de 2011. Na época, a mágoa foi inevitável. Agora, os dois tiveram que superar o ranço do passado para trabalharem juntos no Top Chef, reality de culinária que estreia nesta quarta (3), na Record. Ele, como apresentador. Ela, a jurada sincerona e carrasca da competição.

"A minha mulher [Cecilia Aldaz] trabalha comigo, é sommelier do Oro [no Rio de Janeiro], e ela veio me mostrar meio brava: 'Ela [Ailin] escreveu mal [do restaurante]'. A Cecilia defende a mim mais do que eu mesmo", disse o chef, aos risos.

Na época, Felipe Bronze era um dos chefs mais badalados do Rio de Janeiro. Caiu nas graças do público mais abastado por implementar um cardápio inteiramente molecular, algo completamente inédito na cidade, mas já bastante convencional no roteiro gastronômico europeu. A fama lhe rendeu, em 2012, um quadro no Fantástico, intitulado O Mago da Cozinha.

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No texto publicado em seu blog, o Gastrolândia, Ailin Aleixo se mostrou incomodada com as invencionices de Bronze. Disse que o cardápio lhe dava preguiça e ainda sugeriu que o chef não tinha muita personalidade na cozinha.

"Gostei do Oro, mas acho que vou gostar mais quando Felipe Bronze deixar as modas de lado e achar um caminho seu. Encontrar a sua maneira de cozinhar. Provavelmente sem tanta esferificação e com um tiquinho mais de forno e frigideira", detonou a jurada do Top Chef.

"Quando eu li a crítica, eu falei: 'Ela tem razão, faz sentido'. Autocrítica é fundamental não só na nossa profissão, como na vida. Se você achar que está certo em tudo, você se torna uma pessoa insuportável", explicou o apresentador do Top Chef.

As diferenças entre os dois, pelo visto, já foram superadas. Após conviverem intensamente por um mês, gravando diariamente a primeira temporada do novo reality show da Record, os dois se tornaram amigos.

"Estar com a Ailin foi uma delícia. Ela é uma mulher inteligentíssima, que tem um histórico de trabalho de muitos anos na direção de revistas masculinas. Um senso de humor maravilhoso, assertiva, fala muito bem, foi um privilégio [trabalhar com ela]", afirmou o chef e apresentador.

"A química entre nós deu supercerto. Eu tenho o gênio forte, o Felipe também. O Emmanuel Bassoleil é mais apaziguador, o que é ótimo, porque se fosse igual a nós talvez tivéssemos saído no tapa. Nós nos demos muito bem, tanto que ficávamos amontoados no camarim, juntos o tempo todo", completou Ailin Aleixo.

O medo e o respeito, no entanto, ainda permanecem. O diretor do Top Chef, Rodrigo Carelli, entregou que Bronze promoveu uma grande mudança no Pipo, seu restautante recém-inaugurado em São Paulo, por conta de uma reclamação da crítica gastronômica.

"A primeira reunião entre os jurados foi no Pipo, que nem tinha sido inaugurado. A Ailin chegou e perguntou: 'Essa é a cadeira que você vai usar no restaurante?'. E ele [Felipe Bronze] trocou as cadeiras", entregou Carelli.

"É que as cadeiras não foram pensadas para as mulheres. Quem fosse de saia iria sair com as pernas marcadas", justificou a jurada do Top Chef.