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MANUAL DE CONDUTA

Após 'calar' âncoras, Record proíbe jornalistas de comentarem política na web

REPRODUÇÃO/RECORD

Imagem de Mariana Godoy com blusa azul no cenário do Fala Brasil

Mariana Godoy no Fala Brasil desta quinta-feira (12); Record alterou manual após fala da âncora

PAOLA ZANON, GABRIEL VAQUER E ERICK MATHEUS NERY

paola@noticiasdatv.com

Publicado em 12/8/2021 - 17h52

Depois de orientar âncoras e comentaristas a não deixarem transparecer suas opiniões políticas, a Record decidiu estender as recomendações para comentários e reações nas redes sociais. Na atualização do Manual de Uso de Mídias Sociais para os Jornalistas do Grupo Record, a empresa pontua que os seus colaboradores devem ser isentos no universo digital, inclusive com o uso de emojis.

"Nenhum jornalista deve se posicionar em qualquer mídia social sobre assuntos que envolvam política, religião, acontecimentos controversos e sensíveis, independentemente do tema, seja em nome do Grupo Record ou em nome próprio, exceto se autorizado previamente", afirma o documento, enviado aos profissionais da emissora na quarta-feira (11) e obtido pelo Notícias da TV.

Nas orientações, que valem para todos os profissionais do Jornalismo da Record, Record News, R7 e Rádio Record, a empresa reforça a orientação sobre a imparcialidade, também válida em emojis e mensagens de áudio em aplicativos.

"O jornalista deve garantir que publicações, comentários e compartilhamentos em suas mídias sociais sejam imparciais. A imparcialidade inclui o uso de emojis e o envio de áudios por aplicativos de trocas de mensagens. É fundamental praticar a autoavaliação ao analisar se o conteúdo da postagem influenciará o público a considerá-lo um profissional tendencioso", destaca.

Em comunicado enviado à imprensa, Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record, avisa que as novas recomendações não foram feitas para "limitar as ações [dos profissionais], mas para apontar comportamentos esperados de um profissional qualificado e responsável".

De acordo com fontes da reportagem, a emissora já havia pedido informalmente que os profissionais não comentassem sobre política e demais temas. No entanto, com a atualização do manual, esse pedido informal passa a ser uma recomendação oficial a partir de agora.

A determinação chega após a crítica de Mariana Godoy sobre as falas do presidente Jair Bolsonaro contra o Poder Judiciário. Em 30 de julho, a âncora do Fala Brasil classificou a live do político sobre uma suposta fraude do sistema eleitoral brasileiro como "bizarra".

Procurada pela reportagem, a Record não se manifestou até a publicação deste texto.

Confira o comunicado da Record na íntegra:

O Grupo Record fez uma atualização do Código de Conduta no Ambiente de Trabalho, com diretrizes especificamente voltadas aos profissionais ligados à vice-presidência de Jornalismo. Diante das transformações contínuas que a internet e as redes sociais impuseram à sociedade, e como consequência, aos meios de comunicação, foi necessário criar um novo documento para orientar os profissionais sobre padrões de conduta nas mídias sociais, para que o Grupo mantenha o compromisso público de informar com credibilidade e responsabilidade.

O manual foi elaborado para estabelecer parâmetros para exposição, no ambiente digital, dos profissionais ligados direta ou indiretamente ao Jornalismo da empresa, no Brasil e no exterior, de forma a manter tanto a credibilidade da empresa quanto a de seus profissionais, qualquer que seja a plataforma utilizada.

"O jornalismo deve se pautar na busca pela divulgação de informações de forma correta, com isenção, agilidade e credibilidade. Todos os profissionais do jornalismo do Grupo, sem distinção, têm a responsabilidade de se portar de maneira ética e íntegra em todas as relações, além de reforçar e difundir essa cultura", destaca um trecho do manual.

"Este manual não foi criado para limitar as ações de quem atua direta ou indiretamente com o Jornalismo do Grupo Record, mas para apontar comportamentos esperados de um profissional qualificado e responsável, e alertar sobre alguns riscos aos quais todos estamos sujeitos", afirma Antonio Guerreiro, vice-presidente de Jornalismo da Record TV. "O jornalismo tem uma nova cara, e ferramentas inovadoras precisam ser incorporadas à rotina de trabalho, com responsabilidade e compromisso'", conclui.


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