Sem história, Globo apela para nudez de Cauã Raymond em Ilha de Ferro

Assistir a Ilha de Ferro não é uma tarefa fácil. O roteiro raso e os personagens sem carisma desafiam o telespectador a não cochilar diante da TV. Talvez a Globo tenha percebido isso na hora de editar e fechar os episódios e decidiu explorar a nudez de seus protagonistas como nunca havia feito antes. Cauã Reymond, por exemplo, tem seu físico esmiuçado e aparece peladão inúmeras vezes em cenas tórridas.

A primeira temporada está inteiramente disponível na Globoplay, plataforma de streaming da Globo, e o episódio que abre a história mostra Cauã e Sophie Charlotte em uma cena chocante para os padrões Globo. Os atores, que formam o casal Dante e Leona, parecem experimentar o Kama Sutra, com gemidos intensos e uma câmera detalhista, que percorre os corpos nus, sobretudo o de Cauã. 

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Ilha de Ferro tem cenas tão ousadas que arriscou simular um nu frontal de Klebber Toledo no terceiro episódio. Seu personagem, Bruno, está em coma e sob os cuidados da pervertida Leona, sua cunhada.

O rapaz tem uma ereção involuntária enquanto é banhado pela mulher de seu irmão, e tem o pênis coberto pela espuma do sabonete, formando uma "torre" elevada.

Cauã Reymond exibe bumbum digno de astro pornô gay em cena com Sophie Charlotte

O quarto episódio tem cinco minutos sequenciais de pura pegação entre Dante e Júlia (Maria Casadevall). Após passarem três capítulos num conflito de egos e poder, eles se rendem à tensão sexual e se pegam em todos os cantos da plataforma de petróleo em que se passa a série.

Tem sexo no chuveiro, na cama, nas passarelas da plataforma, e nas mais variadas posições. E Cauã sempre tendo a câmera percorrendo seus músculos, para cima e para baixo.

A obsessão da direção com o traseiro do ator é tão grande que numa cena em que Dante e Júlia acordam após uma noitada intensa de sexo, a câmera focaliza o casal a partir da bunda de Cauã, "protegida" por uma cueca branca.

Por ser considerado um dos homens mais bonitos do Brasil, Cauã mexe com o imaginário da audiência. E a série, dotada de poucas qualidades para manter a completa atenção dos telespectadores, se vale da arte para explorar seu corpo.

Klebber Toledo tem o pênis coberto por espuma enquanto é banhado por Sophie Charlotte

As atrizes também não foram poupadas da nudez, sobretudo Sophie Charlotte. Sua personagem, uma mulher completamente desequilibrada, parece ser movida a sexo. Transa com o marido, com o cunhado e se oferece a quem for necessário para ter o que quer.

Em uma das cenas, Leona simula uma masturbação, que de tão chocante faz a enfermeira Gladys (Marília Coelho), reponsável por cuidar do acamado Bruno, abandonar sua patroa.

Ilha de Ferro tem a direção geral de Afonso Poyart, cineasta prestigiado que esteve à frente do premiado 2 Coelhos (2012) e de Solace (2015), protagonizado por Anthony Hopkins e Colin Farrell. O estilo vertiginoso das cenas de ação de suas produções na telona são repetidas na série, por enquanto exclusiva do streaming da Globo.

A trama acompanha o dia a dia de um grupo que trabalha em uma plataforma petrolífera recordista em acidentes. Dante coordena o local e sonha em ser gerente, mas é surpreendido com a chegada de Júlia, que assume a função e deixa o veterano irritado. O conflito de egos é intensificado com uma quantidade exagerada de tragédias, como explosões, acidentes, brigas, mortes e sexo. Muito sexo.

Tais observações sobre a exploração do sexo e da nudez podem facilmente soar como conservadorismo, mas não é disso que se trata. O texto desconexo, o dramalhão carregado e o excesso de pirotecnia cansam quem se propõe a assistir a série. Recorrer ao "soft porn" é uma saída preguiçosa para causar impacto e atrair audiência. Seria melhor ter cuidado mais da história em vez de apelar para o erotismo barato.