DEVS
IMAGENS: DIVULGAÇÃO/FX
O ator Nick Offerman (Parks and Recreation) em cena da minissérie Devs, atração do canal Fox Premium
JOÃO DA PAZ
Publicado em 27/8/2020 - 6h55
Com quatro indicações ao Emmy deste ano, a minissérie Devs apresenta uma proposta inquietante: o livre-arbítrio existe ou a vida é um mero resultado de eventos determinados? Pura brisa, a atração traz essas e outras questões cabeludas, sem deixar qualquer uma delas em aberto. Tudo se resolve, com uma ambientação bela na cidade de São Francisco.
Produção do canal norte-americano FX, Devs estreia no Brasil nesta quinta-feira (27) no canal Fox Premium 1, com episódio duplo a partir das 22h15. A minissérie fica disponível completa na plataforma Fox Play ao assinante que quer maratonar os oito episódios de uma só vez. Na TV paga, dois capítulos entram no ar a cada semana.
Devs é delirante, mas compreensível. Criada, dirigida e roteirizada pelo cineasta Alex Garland (Ex_Machina: Instinto Artificial), a trama não é dessas que precisam de um manual ou um curso para entender. O elenco enxuto ajuda a história a se manter nos trilhos, com foco em oito personagens que realmente importam.
O ponto de partida é a empresa Amaya, especializada em tecnologia e localizada em São Francisco. Ela é chefiada pelo misterioso Forest (Nick Offerman, em uma excelente atuação). Lá trabalham a engenheira de software Lily Chan (Sonoya Mizuno, que também dá show) e o seu namorado, o programador Sergei (Karl Glusman). Ele está empolgado porque vai mostrar para o patrão uma ideia que pode colocá-lo dentro de um projeto secreto de desenvolvimento chamado de Devs.
Com a ajuda de colegas, Sergei vende algoritmos que são capazes de prever os movimentos de um organismo celular cinco segundos à frente do tempo. Mesmo com o método precisando de ajustes, Forest contrata o jovem para o Devs, que ninguém sabe o que realmente é ou do que se trata.
No mesmo dia em que inicia seu trabalho no tal Devs, Sergei desaparece. Daí a série foca em Lily, determinada a fazer de tudo para descobrir o que aconteceu com o companheiro e tentar desvendar os segredos desse setor sigiloso da corporação.
Sonoya Mizuno com a ponte Golden Gate ao fundo; cidade de São Francisco serve de cenário
Aos poucos, a minissérie descortina ao telespectador o que o Devs faz. Sem entregar o jogo logo de cara, os primeiros episódios mostram um grupo pequeno de pessoas batendo os dedos freneticamente em teclados de computadores, com dois objetivos: recriar momentos do passado em uma simulação e prever o futuro.
Por mais que seja um pouco violenta, a trama tem momentos mais relaxantes. Enquanto alguns funcionários do Devs tentam reviver a crucificação de Jesus, outros escolheram se dedicar àquela que poderia ser a maior sex tape de todas: a recriação de uma transa entre Marilyn Monroe (1926-1962) e Arthur Miller (1915-2005). Como diz a calma Katie (Alison Pill), designer do sistema Devs, o ser humano não perde a oportunidade de usar a tecnologia para ver um pornô.
Qual é a finalidade disso? O que tem a ver o trabalho de simular fielmente fatos históricos do passado com o futuro? Entra em cena o cerne da minissérie em que Lily, juntamente com o público, vai pirar o cabeção.
Por exemplo: o clique neste texto foi resultado de sua escolha? Ou nada passou de um determinismo, ação que simplesmente não levou em consideração sua decisão e vontade? Essas ideias interessantes levam Lily e o telespectador a questionarem até a própria existência, no sentido de por que certas coisas acontecem e qual é o propósito de um comportamento específico.
Com lindas imagens aéreas de São Francisco, cidade da Califórnia, Devs é diferentona no melhor sentido. Autêntica, a produção é fácil de assistir e bonita de ver, com um elenco bem escalado. A minissérie se sobressai com a discussão que coloca à mesa e pelos aspectos técnicos que lhe renderam indicações ao Emmy de melhor fotografia, edição de som, mixagem e efeitos visuais.
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