Linda Fairstein
Divulgação
A ex-promotora Linda Fairstein durante evento em Nova York, em 2015; ela se demitiu de duas instituições
REDAÇÃO
Publicado em 5/6/2019 - 16h21
Telespectadores americanos escolheram um alvo para canalizar a revolta após assistirem a minissérie Olhos Que Condenam, disponível na Netflix. Linda Fairstein, ex-promotora que liderou as acusações injustas contra cinco adolescentes no infame caso da Corredora do Central Park, está sofrendo um linchamento virtual por sua postura nas investigações. A pressão a fez renunciar a cargos em duas instituições.
Na última terça-feira (4), ela pediu demissão do conselho administrativo da universidade Vassar, na qual se formou em 1969, e do conselho diretor da organização não-governamental Safe Horizon, que por ironia do destino presta assistência a vítimas de abusos de crimes violentos em toda a cidade de Nova York.
A presidente da Vassar College, Elizabeth Bradley, disse em comunicado que recebeu inúmeras ligações e emails de pessoas questionando a permanência de Linda no conselho da entidade. Elizabeth registrou que "os eventos dos últimos dias ressaltam como a história de tensões étnicas e raciais neste país [Estados Unidos] nos afetam hoje". Olhos Que Condenam foi lançada na última sexta-feira (31).
Enquanto isso, a Safe Horizon elogiou o trabalho de Linda ao anunciar a saída dela do conselho. A organização fez questão de pontuar que: "Nós acreditamos que cada vítima merece acesso a segurança e apoio. Vamos continuar trabalhando para tornar isso realidade".
Linda trabalhou na divisão de crimes sexuais no escritório da procuradoria-geral nova-iorquina, em Manhattan, entre 1976 e 2002. Ao largar o cargo, ela se tornou uma escritora bem-sucedida de romances policiais e tramas de suspense.
Por isso, internautas americanos pedem que livrarias e sites deixem de vender livros da autora. Nas redes sociais, foi criada a hashtag #CancelLindaFairstein. E um abaixo-assinado, com mais de 88 mil assinaturas, está no site change.org pedindo que os livros delas sejam retirados de circulação.
Fora os xingamentos, as pessoas se revoltaram com Linda ao verem como ela armou as acusações contra cinco adolescentes (quatro negros e um latino), tratados como suspeitos de violentar e estuprar uma jovem de 28 anos. A promotora, interpretada por Felicity Huffman, ignorou evidências que inocentavam os menores de idade e fez uma verdadeira caça às bruxas, fabricando uma narrativa falsa.
O caso só foi solucionado em 2002, porque o verdadeiro estuprador confessou o crime. Em 2014, os cinco rapazes receberam uma indenização de US$ 41 milhões (R$ 159 milhões, na conversão atual), maior valor já pago pela cidade de Nova York em um caso policial.
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