Para elenco, Notícias Populares seria antídoto contra fake news de Bolsonaro

O Notícias Populares já não circula desde 2001, mas o elenco da série --com episódios novos todas às sextas no Canal Brasil-- acredita que Jair Bolsonaro (PL) hoje estaria na capa do jornal. Afinal, a atriz Luciana Paes aponta que algumas histórias em torno do ex-presidente são tão surreais quanto o bebê diabo ou a gangue dos palhaços.

"Eu gostaria de ver aquela foto do cara abrindo um espacate na frente do Bolsonaro [na capa do Notícias Populares], porque me irrita não saber se isso é verdade", dispara ela, que interpreta a editora-chefe Paloma na produção.

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"O pior de morar no Brasil é que a gente chegou a um ponto que não dá para saber mais o que é verdade e o que é absurdo. Acho que o Notícias Populares foi meio que a sementinha disso, e a gente colhe em frutos exponenciais atualmente", complementa.

Rejane Faria, que dá vida à fotógrafa Marina, acredita que o periódico não perderia a chance de fazer piada com a atual situação do político. Declarado inelegível pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ex-deputado também está no centro de diversas investigações. "Acaba de ser preso e reticências", acrescenta a atriz, ao arrancar risadas dos colegas de elenco, durante entrevista ao Notícias da TV.

Intérprete do Matias, Rui Ricardo Diaz resgata uma reportagem que realmente foi publicada pelo Notícias Populares, sobre um jacaré encontrado no rio Tietê --que vivia a sua pior fase de poluição nos anos 1980. Ele cruzou a história com a atual onda de calor que assola o Brasil. 

"Sem querer puxar sardinha para Cuiabá, mas eu daria: 'Jacaré-cocô morre queimado no calor de Cuiabá", dispara ele, que já viveu o presidente Luiz Inácio Lula da Silva no filme Lula, o Filho do Brasil (2009).

À frente do seu tempo

Um dos idealizadores da série, Marcelo Caetano ressalta que o Notícias Populares jamais se igualaria aos veículos de extrema direita responsáveis por disseminar fake news --a exemplo da "mamadeira de piroca" que pode ter custado a eleição de Fernando Haddad (PT) em 2018.

"Era um jornal que tinha prestação de serviços, que tinha uma coluna sobre candomblé, sobre LGBTQIA+. Por mais que tivesse uma linguagem popular, que chegava mesmo nas pessoas, não seria como esses meios de comunicação violentos e danosos [de atualmente]", diz.

"Se existisse hoje, esse lugar que o Notícias Populares ocupava no imaginário popular não teria sido ocupado por essa extrema direita", arremata ele.