LOUCURA?
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Paloma (Luciana Paes) com edições do Notícias Populares; série mistura ficção com realidade
O jornal Notícias Populares já não circula há duas décadas, mas ainda segue no imaginário do povo. A série homônima do Canal Brasil, que estreia nesta sexta (29), captura não só a nostalgia de quem acompanhou reportagens como a do Bebê Diabo. Os episódios também ajudam a explicar um pouco da realidade, às vezes bastante surreal, do país.
A produção acompanha Paloma (Luciana Paes), que chega à Redação após anos como correspondente em Paris de um jornal que se leva muito a sério. O papel é fictício, mas a atriz se inspirou em profissionais da vida real para criar esse palimpsesto.
"A personagem é uma junção de várias pessoas, porque no processo de ensaio a gente queria entender quem seria o Ovni [Objeto Voador Não Identificado] dentro do Notícias Populares hoje?", explica o diretor Marcelo Caetano ao Notícias da TV.
Eles chegaram à figura de Renata Lo Prete, que apresenta o Jornal da Globo, para representar a profissional de grande credibilidade que se vê em meio à loucura não só do Notícias Populares, mas da própria realidade brasileira.
"A gente tirou muito dessa brincadeira de imaginar a Renata trabalhando dentro da Redação do NP para construir a Paloma", acrescenta ele, que também foi buscar na televisão as referências para Rata (Bruna Linzmeyer).
Rata é uma jornalista que disputa os furos mais espetaculares com Paloma, ainda que não use dos meios mais éticos para obtê-los. "Nós assistimos muita Sonia Abrão, vimos o Aqui Agora [1991-1997] e até a Andrea Caracortada [Victoria Abril, que vive uma apresentadora um tanto exagerada no filme espanhol Kika, de 1993]", complementa.
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Rata (Bruna Linzmeyer) em entrevista
Um dos criadores da série, André Barcinski explica que também quis resgatar uma experiência que acabou se perdendo com o digital. Ele lembra que, nos anos 1990, o consumo de notícias ainda era algo "coletivo" --e não tão individualizado e solitário como hoje.
"O Notícias Populares não tinha assinantes; pelo contrário, sobrevivia por meio das vendas. As pessoas liam o jornal na banca ou a caminho do trabalho. Elas estavam no meio da cidade, do barulho", ponderou ele, que se inspirou na própria juventude:
Eu me lembro de comprar o NP antes de ir para a escola, e toda a garotada ler junto no fundo do ônibus. É uma experiência cada vez mais rara. Quem não pôde ler o original vai fazer isso assistindo à série.
André Barcinski e Marcelo Caetano ainda argumentam que, por mais sensacionalista que fosse na abordagem, o Notícias Populares não fazia parte da indústria das fake news.
Por diversas vezes, reportagens ganhavam ainda mais asas nas imaginações dos leitores --e até de quem vivia fora de São Paulo. As reportagens sobre a gangue dos palhaços, que sequestravam crianças em uma Kombi branca, ultrapassaram o jornalismo para virar lenda urbana.
"Se o NP existisse até hoje, talvez não tivéssemos tantas notícias falsas. Porque ele chegava nas pessoas no sentido de emocionar, deixando aquela dúvida: é verdade ou não?", aponta Barcinski.
A série Notícias Populares estreia nesta sexta-feira (29), às 22h30, no Canal Brasil, com um novo episódio toda semana. A produção também estarão disponível no pacote + Canais do Globoplay.
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