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Lucifer

O dia em que o Diabo (da ficção) em pessoa ridicularizou a Igreja Universal

Imagens: Reprodução/Fox

O ator Evan Arnold interpreta um pastor pentecostal caricato na primeira temporada de Lucifer - Imagens: Reprodução/Fox

O ator Evan Arnold interpreta um pastor pentecostal caricato na primeira temporada de Lucifer

JOÃO DA PAZ

Publicado em 17/7/2018 - 5h13

A série Lucifer proporcionou um encontro que muitos pagariam para ver. Em plena calçada da fama de Hollywood, um pastor evangélico caricato descia a lenha no Diabo quando se deparou com o próprio. O Satanás não deixou por menos. "O que odeio mais que tudo é um mentiroso. Um charlatão", disse. Suado, com o cabelo bagunçado e terno surrado, o pastor era da Igreja Universal do Reino Universal, de Edir Macedo, que controla a Record.

A cena foi ao ar no início de 2016, no segundo episódio do drama, ressuscitado no mês passado pela Netflix depois de ter sido cancelado pela Fox.

Lúcifer Morningstar (interpretado por Tom Ellis) passeava tranquilamente pelo Hollywood Boulevard quando foi atraído pelas palavras do pastor. Tinha acabado de deixar o Inferno. Inicialmente, pensou que o pastor era um dos tantos personagens que frequentam a região da calçada da fama, como alguém fantasiado de Chewbacca (do Star Wars) ou Homem-Aranha em busca de alguns trocados.

O ator Evan Arnold deu vida ao pastor evangélico. Ele pregava em frente à igreja, mais conhecida por lá como Pare de Sufrir (Pare de Sofrer em espanhol), nome de um programa de TV da Igreja Universal nos Estados Unidos. O símbolo, um coração vermelho com uma pomba branca no centro, é o mesmo da igreja no Brasil.

Após exibir covers de celebridades americanas, como Marilyn Monroe e Elvis Presley, com a voz do pastor Jacob Williams (Arnold) ao fundo, Lucifer mostrou com sutileza a fachada da Universal hollywoodiana antes de focar no religioso, que nem Bíblia tinha. Em suas posses, estavam apenas um microfone à la Silvio Santos no peito e uma caneca cheia de dólares em uma das mãos.

reprodução/google maps

Fachada da Igreja Universal em Hollywood mostrada em Lucifer; antes, local era um cinema

Debochado, Lúcifer começou a interagir com o pregador, que vociferava: "É o fim dos tempos. O Diabo está entre nós!". Com um humor bem peculiar, Satã concordou: "Pastor, você não sabe o quanto está certo".

As tiradas não pararam por aí. Cheio de pompa, o pastor encheu o peito, apontou para Lúcifer e disparou: "Você já viu o rosto do Diabo?". Sem perder a oportunidade, ele devolveu: "Toda manhã no espelho, camarada".

O humor do tinhoso mudou assim que o esforçado pregador responsabilizou o Diabo pelas mazelas do mundo, pelas fraquezas do ser humano. "O pecado, a luxúria... É tudo obra do Diabo", gritou Williams. "Não, não me dê crédito por tudo isso. Vocês humanos se saem muito bem sozinhos", esquivou-se Lúcifer.

O religioso decidiu ter um papo reto com o cara mala que estava atrapalhando seu negócio. "Por que você não sai daqui? Não vou dividir as gorjetas, se é o que quer."

Vivido por Tom Ellis, o Diabo dá as caras em Lucifer

Isso enfureceu o anjo das trevas. "Sabe, o que odeio mais que tudo é um mentiroso. Um charlatão, alguém que não acredita no que diz", soltou Lúcifer, mudando o tom. Ele disse que faria o pastor acreditar e, por um segundo, mostrou quem realmente era. Ao ver o rosto do Belzebu, o pastor deu no pé. "Afaste-se! Ele é o Diabo", gritou, antes de fugir e deixar voar todos os dólares que tinha arrecadado.

Caiu do Céu
Os fãs de Lucifer ganharam um presente divino no mês passado. A Netflix anunciou que resgatou a série do cancelamento e fará uma quarta temporada. A nova fase da atração, que deixou a TV aberta dos EUA (Fox) para entrar no streaming, continuará narrando as aventuras do capeta na cidade de Los Angeles.

O drama foi cancelado porque não dava uma audiência satisfatória para a Fox. A Netflix entrou na jogada após notar a enorme quantidade de entusiastas da série, que clamavam para alguma plataforma tirá-la das trevas.

Quem não curte a série são grupos conservadores e associações cristãs. Uma delas, chamada American Family Association's One Million Moms, chegou a fazer um abaixo-assinado, meses após a estreia, para a Fox cancelá-la. Para a organização, o drama apresenta Lúcifer como "um homem bom".

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