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ANÁLISE

Novidade na Netflix, Pedaço de Mim é série para quem gosta de novela

REPRODUÇÃO/NETFLIX

Juliana Paes interpreta Liana em Pedaço de Mim

Juliana Paes interpreta Liana em Pedaço de Mim, série com cara de novela da Netflix

ODARA GALLO

odara@noticiasdatv.com

Publicado em 10/7/2024 - 10h00

Considerada a primeira telenovela da Netflix, Pedaço de Mim foi parar entre as atrações mais vistas da plataforma no mundo todo. Ainda que a produção tenha sido classificada como série no mercado brasileiro, ela entrega em 17 episódios o melhor dos mundos para os apaixonados por novelas: uma história envolvente, drama na medida, viradas interessantes e um final previsível.

[alerta: este texto pode conter spoilers de Pedaço de Mim]

O caso extraordinário da mulher que engravida de gêmeos de pais diferentes parece abraçar instantaneamente uma parcela do público que ficou órfã nos últimos anos. Desde que a Globo passou a acompanhar uma tendência audiovisual de revisitar o passado em vez de criar novos enredos, o noveleiro tem se afastado da frente da TV --uma crise que se reflete tanto nos números de audiência quanto na falta de repercussão.

Juliana Paes e Vladimir Brichta formam o casal Liana e Tomás, que passa por uma crise conjugal antes da descoberta da gravidez raríssima. A terapeuta ocupacional sofre ao saber que está sendo traída pelo marido. Ele sai de casa, e ela resolve afogar as mágoas na balada. A noite termina da pior maneira quando ela é estuprada por um amigo da família.

Tudo isso é entregue logo no primeiro episódio, e fica impossível não continuar para saber o desenrolar da história. Como Liana vai descobrir? Ela vai contar para o marido? Ele vai aceitar? O que o casal vai decidir fazer? Como em uma boa novela, o espectador fica ali para conferir como os problemas serão resolvidos.

O produto que arrebata os brasileiros há décadas tem esse gostinho de fofoca (no melhor sentido), de uma história saborosamente contada, como se o público acompanhasse escondido a vida de uma família "comum". Pedaço de Mim entrega isso quando mostra as reações de cada personagem diante do caso improvável, a agonia da protagonista escondendo tal segredo e a vida de todos saindo do controle quando tudo vem à tona. Tudo isso em 17 episódios.

Ainda que a produção não seja uma obra aberta --uma das principais características do gênero--, o sucesso inicial coloca foco em uma questão que a própria Globo já reconheceu: a necessidade de lançar novelas mais curtas, de até 80 capítulos.

A emissora, no entanto, caminha a passos lentos para essa mudança: ela se arriscou no formato apenas na faixa das 23h ou no streaming, com Todas as Flores (2022) e Verdades Secretas 2 (2021). Na TV aberta, no entanto, Renascer vai sangrar por quase 200 capítulos até setembro, e jamais alcançou 30 pontos no Ibope.

Do que o noveleiro gosta

Pedaço de Mim carrega uma essência de novela já em sua produção. Foi criada e escrita por Angela Chaves (de Os Dias Eram Assim, de 2017) e dirigida por Mauricio Farias, que trabalhou durante 28 anos na Globo.

A escalação de Brichta e Juliana também foi cirúrgica e corrige um erro que tem custado caro para a líder de audiência nos últimos anos. O público de folhetim anseia por mais do que acompanhar uma boa história; quer ver como seus ídolos vão se sair defendendo determinado personagem. E esse foi um costume alimentado pela própria Globo, que passou décadas investindo em tratamento VIP para transformar seus talentos em celebridades.

A emissora, no entanto, tem optado por deixar medalhões de lado e lançar rostos novos em suas novelas --numa estratégia de corte de gastos envelopada de política de incentivo à diversidade. Com isso, aquelas figuras pelas quais o telespectador nutre certa adoração não estão mais nos papéis principais, o que tem se refletido na audiência.

Na produção da Netflix, o noveleiro encontra, além do conforto de ver rostos conhecidos --também estão lá Palomma Duarte e João Vitti, por exemplo--, um enquadramento de câmera tradicional, sem cortes ousados ou aquela penumbra típica de séries. Os núcleos paralelos não se desenrolam tanto quanto em uma novela comum, mas dão respiro suficiente para a dramática história central.

O drama rasgado é tão bem desenvolvido que não necessita de viradas mirabolantes. A história se mostra interessante sem que a autora precise magoar o público com mortes insólitas ou surpresas desagradáveis demais. Para coroar, há clássicos dos folhetins no capítulo final: o último ataque do vilão em um incêndio criminoso, a mocinha encontra um par e o desfecho feliz com os heróis reunidos em uma grande festa.


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